terça-feira, setembro 07, 2010

Diário Gráfico: Espanha

Com um abono turístico dava para andar em todos os transportes públicos de Madrid. Como é normal, nos transportes públicos vê-se de tudo, desde senhoras todas aperaltadas até aos mais desleixados seres...

Bom, mas o porreiro deste passe de 5 dias é que nos permitia andar de autocarro e ver Madrid a partir de um paralelepípedo com vidros e ar condicionado! No metro andava-se imenso só para trocar de linha e tudo tinha um ar bastante sujo...

segunda-feira, setembro 06, 2010

Diário Gráfico: Espanha

Centro de Arte Reina Sofia.
Excelente organização e o edifício novo é fabuloso!
Estava lá uma exposição fotográfica magnífica sobre Manhattan. Quase ninguém a estava a ver porque toda a gente queria ir para a sala onde estava a... Guernica!

Deliciados pelo momento e sentados na pequena praça de entrada do museu, optei por desenhar algumas varandas madrilenas que estavam ali mesmo em frente aos grandes elevadores de vidro.
Aquelas lonas que eles colocam à janela fascinam-me... dão-me vontade de entrar dentro de uma das casas e saborear daquela sombra...

Os elevadores, o museu, as exposições e a Guernica ficam concentrados ali no bilhete, que tem uma reprodução do Picabia.

domingo, setembro 05, 2010

Diário Gráfico: Espanha

25 de Agosto.
Só apetecia estar dentro dos autocarros com ar condicionado. De tal forma que até passámos a paragem da praça de touros.
Sentei-me num banco. Várias pessoas se sentaram ao meu lado. Queria ter demorado menos tempo, mas fiquei cerca de 40 minutos a desenhar.

Quando desenhamos, o nosso cérebro aprende!
Se quisermos tirar uma boa fotografia, o nosso cérebro também aprende. Está tudo relacionado com o tempo que disponibilizamos. Um bom fotógrafo demoraria até mais de 40 minutos para tirar uma fotografia. Estaria à espera da luz, dos contrastes, das pessoas certas a passar...

É tudo uma questão de tempo...

terça-feira, agosto 31, 2010

Fotografia: Espanha



Nesta última semana de Agosto estive em Madrid. Sabia que era uma cidade com uma escala arquitectónica impressionante e, por isso, queria experimentar percorrer e desenhar as suas ruas.

Aquela protecção (neste caso é um estore, mas costuma ser uma espécie de lona) que os madrilenos colocam à frente da janela para impedir o calor de entrar em casa torna as ruas tão especiais que é impossível lhes ficar indiferentes.

Embora comece esta partilha com uma fotografia, a verdade é que, desta vez, privilegiei os desenhos no diário gráfico.

Estava um calor abafante! Exactamente como eu gosto!

segunda-feira, julho 19, 2010



Estou a participar neste concurso:
Picture This: We Can End Poverty

As minhas fotografias são estas:






















Dêem uma olhadela e deixem um comentário. Pode ser?

sábado, julho 10, 2010

Fotografia: Coreia do Sul


O design de comunicação asiático é mesmo uma preciosidade.
A caminho de um templo, no meio da neve, lá estavam as informações necessárias com a inevitável ilustração!


quarta-feira, junho 16, 2010

Fotografia: Coreia do Sul



Estava um frio de rachar na Coreia e o gelo no chão, ao derreter, acabava por transformar o pó da terra em lama.

Este processo fascina-me:
- Se nós formos como o gelo, ao derretermos, acabamos sempre por transformar o que nos rodeia...
- Se nós formos como o pó da terra, se não tivermos quem nos proteja ou transforme, corremos o risco de sermos levados pelo vento para outras andanças...
- Se formos o gelo, podemos estar a proteger alguém que precisa, mas para isso corremos o risco de sermos pisados... ao ponto de nos entregarmos totalmente... (não é só assim que entramos mesmo na vida das pessoas?)
- Se formos o pó transformado em lama, as pisadelas vão deixar marcas mais profundas. Mas não lhes resistimos melhor? Até lhes fazemos deslizar as solas...

Estar na lama é sempre uma oportunidade de nos reconstruirmos, de nos reencontrarmos, de perceber quem nos transformou...

Estar na lama é mostrar as cicatrizes. É ser forte porque assumimos que estamos fracos! E é só a partir das nossas fraquezas que conseguimos superar-nos, transcender-nos.

Eu preciso dessa transcendência esta semana. Preciso da força do Hércules e da sabedoria de Platão...

... preciso da lama...

domingo, maio 30, 2010

Diário Gráfico: Coreia do Sul


Seoul tem 10 milhões de habitantes. A rede de metro é fabulosa, cobre quase toda a cidade, mas é quase impossível encontrar lugar sentado...

Para os idosos há sempre lugares reservados... mas há uma grande diferença em relação a nós: lá, mesmo que não esteja nenhum idoso no metro, ninguém ocupa os lugares! O metro pode estar à pinha que ninguém se vai sentar ali...

Se há algo que permanece forte na cultura coreana é o respeito pelos mais velhos!

domingo, maio 09, 2010

Diário Gráfico: Coreia do Sul


A 30 de Março fomos a um dos templos mais importantes da Coreia: Sudok-Sa (templo de Sudok).

Havia um ritual que queríamos ver e que começava às 18h00. Chegámos às 16h00 e deu tempo para me dedicar ao desenho. Recebi como prémio um rebuçado com um sabor fortíssimo de um idoso que esteve a ver-me desenhar durante alguns minutos. Falou em coreano (claro que não percebi nada) e depois deu-mo para a mão. Ficou a olhar para mim com um sorriso e aqueles olhos em bico. "É melhor comê-lo já" - pensei. Assim fiz. Ele disse mais qualquer coisa e foi-se embora.

Assim percebi aquilo que já há alguns dias me iam dizendo. Os coreanos são simpáticos e gostam de meter conversa com os estrangeiros, ainda que não falem inglês!

quarta-feira, maio 05, 2010

Diário Gráfico: Coreia do Sul

No metro de Seoul...
A curiosidade sobre o desenho é igual lá e cá. Em Timor e na Guiné também era a mesma... todos ficavam à nossa volta a ver o que ia dar...

Desenhar no metro é das experiências mais interessantes que há, mas quando está à pinha, torna-se algo indescritível!

... saudades...

terça-feira, abril 27, 2010

Fotografia: Coreia do Sul + Diário Gráfico: Coreia do Sul

... aqui está ele! (29.abril)


Das refeições fiz dois desenhos. Um está publicado nos uskp e o outro tenho de digitalizar para colocar junto desta fotografia.

Esta era uma das melhores comidas. Grelhávamos a carne na brasa, era mergulhada num molho picante e, depois de colocar um dente de alho em cima, enrolávamos tudo numa folha de alface e metíamos na boca...
A carne a ferver, a frescura da alface, o picante e o sabor forte do dente de alho eram os ingredientes certos para agradar o gosto extremo dos coreanos! Eu também gostei!


terça-feira, abril 20, 2010

Fotografia: Coreia do Sul


A Coreia tem vários aspectos muito curiosos. Um deles, talvez o mais conhecido, foi o seu rápido desenvolvimento: em poucas décadas deixou de ser um país subdesenvolvido para passar a ser uma potência tecnológica mundial.
Imaginem o que é um cultura ainda muito tradicionalista a viver com tecnologia de ponta! Muito interessante mesmo...
E vestem-se tão bem que até mete impressão! É só glamour... só vi igual em Milão...

Numa aldeia típica deparámo-nos com estes totens. Típicos na tradição coreana. Estavam sempre presentes à entrada das aldeias. Lembrei-me, como não podia deixar de ser, das culturas mais primitivas e os meus pensamentos fugiram para as minhas aulas de História da Arte. Senti-me pequenino então... percebi como nunca que na Europa centramo-nos muito em nós próprios...
Não nos esquecemos que o resto do mundo existe (como os americanos têm tendência para fazer), mas temos uma auto-estima tão elevada...

Só tive pena de não ter tido tempo de desenhar os totens...

sábado, março 27, 2010

Fotografia: Coreia do Sul

Destino: Coreia do Sul durante 15 dias
Brevemente estaremos de volta a terras lusitanas...
... algumas novidades aqui.

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Fotografia: Timor-Leste


Falta cerca de um mês para o meu casamento!

Estou a olhar para os dias que faltam como olho para estes talhões de terra bem divididos à espera de serem cultivados...
... por um lado eles estão preparados para serem cultivados, por outro, ainda há tanto por fazer...

O que vale é que podemos olhar para o horizonte e perceber que, embora com algumas nuvens, o azul é belo e promete grandes alegrias. O mais cansativo mesmo é preparar tudo até ao dia... será que a nuvem mais escura em primeiro plano está ali para me mostrar que é assim mesmo?

No fundo, no fundo, a casamento é um pouco como estes talhões de terra. O terreno está preparado e devidamente dividido. Temos de o semear, regar e colher os frutos. Mas sobretudo nunca deixar que o terreno deixe de ser fértil...

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Diário Gráfico: Timor-Leste | Graphic Diary: East-Timor



Fomos duas vezes a Maubisse, terra do tio Tonito.



Do quarto tinha acesso a esta vista que ficava mais abaixo. A casa de banho estava equipada com um aquecedor de água eléctrico (não sei o nome correcto), mas não havia maneira daquilo funcionar. Parece que a potência em watts exigida era demasiada para o que o quadro eléctrico fornecia. Ainda nos fartámos de rir quando ele nos disse que experimentou ligar o aparelho ao gerador (que transforma gasóleo em electricidade), e ouvia-se um barulho cada vez mais lento até que parava num soluçar...

A única solução era mesmo tomar banho de água fria... e de caneca...
Isto tudo numa das cidades mais frias de Timor!

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Fotografia: Timor-Leste | Photography: East-Timor


Neste preciso momento sinto-me como aquela senhora da fotografia... sozinho num campo quase estéril...

Quando temos de realizar alguma tarefa que não nos entusiasma ela torna-se tão pesada que parece nunca mais acabar...
Preciso terminar de escrever um trabalho mas não me apetece... não estou entusiasmado e, por isso, as ideias não me estão a fluir como de costume...
Só me apetece avançar uns meses no calendário... ficava tudo bem mais tranquilo...

Talvez valha a pena não desistir... a senhora da fotografia também está lá! Sozinha, mas persistente...
Não sei se já semeou ou se ainda vai semear, mas está lá... está a acompanhar... está próxima...

Custa-me muito ter de fazer coisas que não me embasbacam, que não me tiram surpreendentemente as palavras, coisas que não me fazem crescer em pensamento, coisas demasiado descritivas, demasiado limitativas. É assim o trabalho que tenho de acabar ainda hoje para entregar amanhã. É assim também que se dá valor ao que gostamos mesmo de fazer.

É assim que deixamos de nos queixar...

terça-feira, janeiro 12, 2010

Diário Gráfico: Timor-Leste | Graphic Diary: East-Timor


A mesa ficava assim pronta para nós:

- Em primeiro plano o arroz (nunca pode faltar numa mesa timorense);
- Depois os pratos empilhados;
- Os vegetais e alguma carne (protegidos por um "cesto" em plástico) das moscas;
- Ao fundo a bebida segura - água engarrafada.

terça-feira, janeiro 05, 2010

Fotografia: Timor-Leste | Photography: East-Timor


O meu primeiro texto de 2010 vai ser sobre comida, relacionada, claro está, com esta fotografia.

Assim que cheguei a Timor deparei-me com algo estranho a que não consegui ficar indiferente: uma tia-avó da Ketta tinha os dentes vermelhos! Aquilo intrigou-me, mas, por educação, evitei olhar com demasiada evidência...

Com o passar do tempo fui percebendo que não era só a tia-avó da Ketta que tinha dos dentes vermelhos, mas todas as timorenses com idade avançada. Se por um lado poderia pensar em dentes enfraquecidos por uma alimentação mais débil, rapidamente percebi que os dentes vermelhos estavam lá todos! Não havia nenhuma cárie nem nada do género...

Portanto, mais intrigado fiquei...

Quando fomos a Laisorolai (onde a fotografia foi tirada) é que percebi bem o porquê dos dentes vermelhos: as senhoras mascam uma casca seca misturada com cal. O sabor é muito ácido e corta bastante a língua (sim, eu também masquei para experimentar!). Não se pode engolir (é claro que eu engoli da primeira vez - só depois é que me avisaram!). Masca-se durante algum tempo e depois cospe-se.

O resultado é muito simples:
1- Os dentes e as gengivas ficam vermelhos;
2- A mistura protege os dentes, fazendo-os durar muito tempo;
3- A mistura engana a fome.



No dia em que tirei esta fotografia comi um prato de arroz com um pedacito de carne. Não foi neste dia que masquei pelo que me deitei com alguma fome...

quarta-feira, dezembro 30, 2009

Diário Gráfico: Timor-Leste | Graphic Diary: East-Timor


Que saudades de estar ali sentado com um calor intenso, chinelo no pé, com o nada e o vazio a preencher o tempo...

Quase a acabar 2009 percebo que foi um ano cheio de coisas. Cheio de decisões, de opções, de angústias e alegrias.

A nossa sociedade exerce mesmo uma enorme pressão sobre nós... aqui não há tempo para o vazio, para o nada acontecer...
... é por isso que gosto tanto de andar de transportes públicos! Durante aquele espaço de tempo tudo pode acontecer. Uma viagem cheia de nada pode acontecer, mesmo no meio de tanta gente...

Cada vez mais me convenço disto:
Só tem tempo para fazer tudo quem arranja tempo para não fazer nada.

Quando olho para este desenho a minha memória vai para o espaço vazio daquela sala, de como se lia bem ali, de como se estava bem ali...

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Fotografia: Timor-Leste | Photography: East-Timor


Na viagem de Dili para Baucau parámos para almoçar num "restaurante". A catupa estava óptima (arroz em água de coco envolto em folhas de palmeira), mas o que me deixou algo preocupado foi a água que se utilizou na refeição... tirada deste mini poço... era escura e de limpa tinha muito pouco...

... restou-me a confiança no lume que ardia e a ferveu!

domingo, dezembro 13, 2009

Diário Gráfico: Timor-Leste | Graphic Diary: East-Timor


Se há fruto que não falta em Timor é a banana.
Embora pareça verde, a verdade é que é bastante saborosa e o mais incrível é que até das bananeiras meias secas nascem bananas novas!

É mesmo um país fantástico!

domingo, dezembro 06, 2009

Fotografia: Timor-Leste | Photography: East-Timor


Quando tinha 17 anos comprei, na feira da ladra, umas botas artesanais. A sola era feita a partir de pneus de carro e o senhor que mas vendeu convenceu-me que durariam uma vida inteira...
A verdade é que ainda as tenho e estou convencido que vão durar mais que eu...

No telejornal da rtp1 de hoje passou uma reportagem sobre consumo responsável. Da importância de termos consciência do que realmente consumimos...
... tudo a propósito da cimeira de Copenhaga, claro!

Quanto mais viajo pelo hemisfério sul mais percebo que se há alguém a aprender sobre este tema somos nós. Vivemos na abundância de tudo e o novo é o que nos move...
O antigo, o reutilizável, o ready-made são coisas do passado, acabadas... parecem não serem capazes de empurrar para a frente a humanidade...

Será que a nossa linda esfera aguenta tanta ânsia de novidade?

terça-feira, dezembro 01, 2009

Diário Gráfico: Timor-Leste | Graphic Diary: East-Timor

A partir das duas últimas semanas toda a gente de Balide fazia flores de papel...
Essas flores haviam de viajar connosco para Portugal com um motivo muito especial...