domingo, junho 02, 2013

Coleccionar sons

Sons que inspiram uma história...
Os desenhos são do que vemos.
A história é sobre o que ouvimos...

sábado, junho 01, 2013

A máquina certa


Há terrenos que decidimos percorrer que não podem ser pisados de qualquer maneira.
Muitos nos dizem: "não vás por aí que não tens hipóteses" ou "por aí não vai dar nada"...
Ficamos a olhar para os terrenos sem saber o que fazer. Queremos ir por ali, mas parece que não nos deixam. Queremos seguir em frente, mas parece que nos querem convencer que não temos as características certas para o fazer, que é mais seguro ir pela estrada ao lado.

Ontem tive de deitar cá para fora o que me ia na alma. Mostrar que há terrenos que só podem ser feitos de tractor, contra tudo e todos. 
Qual é o problema de estarmos habilitados a conduzir um Ferrari e, ainda assim, escolhermos um tractor? 
Há terrenos que só podem ser lavrados por algumas pessoas, as mais talentosas. Vão ter de lavrar muito, claro, porque a terra é dura no início. Vai dar muito trabalho, mas os frutos não crescem no alcatrão nem nos carreiros de atalhos, nascem na terra boa, aquela que nós cuidamos diariamente e, por isso, a conhecemos. Vamos descobrindo onde semear cada semente, cada coisa no seu lugar, até conseguir tirar da terra as melhores colheitas, aquelas que nenhum outro conseguiria tirar...

Andava com um peso na alma há demasiado tempo...
Ontem fiquei aliviado...
É tão difícil ajudar sem condicionar...
Acho que é mais difícil do que convencer alguém que um tractor é melhor que um Ferrari!

quinta-feira, maio 30, 2013

segunda-feira, maio 27, 2013

Castro Laboreiro

Fica a 500 quilómetros de Lisboa, mas vale a pena!
No planalto de Castro Laboreiro encontramos estes monumentos megalíticos.


O que impressiona verdadeiramente é saber que estão ali há milhares de anos. A maioria das mamoas ainda estão tapadas, intactas desde sempre...
Ao estar ali no planalto, sem barulho nenhum, com cavalos ao fundo, numa paisagem de perder a vista, lembrei-me do meu professor de História da Arte da faculdade de Belas-Artes. Dizia ele que o primeiro homem religioso foi o que enterrou pela primeira vez um humano...
... acho que ele tem razão. Quando nos questionamos sobre a vida, não conseguimos ficar-lhe indiferentes...
Foi impressionante estar ali a desenhar!


Na procura por mais dólmens (o túmulo em pedra) descobertos, fui andando pelo planalto até chegar à parte espanhola. 
A vedação que nos separa é tão frágil...
Somos mais parecidos do que imaginamos...


Talvez não se perceba bem aqui, mas o planalto é mesmo assim: revestido de uma calma transbordante...

domingo, maio 26, 2013

Etna




Este ano, no retiro de diários gráficos, a Patrícia Pedrosa gravou livremente, com o olhar tão típico dela, cada momento que lhe chamou a atenção.

Foram seis temas, pelo que haverá seis vídeos. Este é o primeiro dessa série. O tema central era: "aspirai às coisas do alto". A subida ao vulcão Etna convidava a que este tema fosse o certo...

Nem por acaso, hoje estive a falar do retiro a uma pessoa. No final pediu-me para lhe reservar um lugar no próximo...
... preocupa-me que, antes de saber onde o próximo vai ser, já tenha o retiro esgotado...

... que grande responsabilidade!

quarta-feira, maio 15, 2013

workshop de diários gráficos - Estoril


No próximo dia 2 de junho irei orientar um workshop de diários gráficos no Estoril, a 5 min. da praia, com temas bem propícios ao calor e à cor.

O workshop é dirigido a pessoas que querem iniciar um diário gráfico, mas também às que já o usam e querem explorar novas hipóteses de registo.

Será um dia intensivo, das 10h30 às 18h00.

Inscrições e esclarecimentos para o meu mail: linhares.mr@gmail.com

sábado, maio 11, 2013

brompton


O bom tempo veio finalmente, assim como o final das greves da CP. Com isso, voltei a usar minha Brompton diariamente. Que bom que tem sido...

Este desenho foi interrompido duas vezes. A primeira foi logo a seguir a ter feito a primeira linha do celim...
À segunda interrupção já não voltei a ele. Deixei-o assim... inacabado...

Tal como no desenho, há coisas que mais vale a pena deixar inacabadas...


quarta-feira, maio 08, 2013

pedra no charco

Estou triste hoje...
... levei com umas pedradas no charco...

... depois de 3 anos com uma turma, nem um aluno vai escolher artes visuais no secundário...
... não os condeno. Já são crescidos e sabem tomar decisões. Eu é que fico a pensar nas minhas aulas... nos exercícios que lhes proponho...

... acho que não sei ser melhor professor...

Hoje estou triste...
... espero estar melhor amanhã...

quinta-feira, abril 25, 2013

25 de abril












Estive à procura de desenhos antigos para publicar hoje, dia da liberdade em Portugal.
Encontrei este, feito em Birmingham, no último dia de 2010. Não sei porque é que nunca o tinha publicado, mas por alguma razão estava à espera do dia de hoje...

Eu já nasci depois de 74 e, portanto, nunca experimentei o sangue na guelra da revolução...
Mas Inglaterra sempre foi como que um sinal de grande independência e liberdade para mim. 
Talvez porque o meu imaginário sempre favoreceu essa ideia, não sei...
Talvez porque tenha sido dos primeiros países que visitei livremente, não sei...
Talvez porque a neblina do quotidiano londrino me atraia e me apeteça desenhar, não sei...
Talvez porque a ideia de viajar seja o verdadeiro sinal de liberdade que temos. Ver coisas novas. Sem medos nem pés atrás...
Talvez porque há um mundo inteiro à nossa disposição e não faça sentido nenhum não poder sonhar em conhecê-lo, vivê-lo, desenhá-lo. Até porque ele vai continuar cá depois de nós...

Para mim, o dia de hoje, é isto mesmo: um hino ao sonho de conhecer o desconhecido!

terça-feira, abril 16, 2013

Museu Nacional Soares dos Reis

Museu onde está este brutal auto retrato da Aurélia de Sousa. É hipnotizante aquele olhar e mágica a forma como o cabelo se funde com o fundo...
Do lado direito, duas abordagens fugazes a duas obras do Silva Porto. Primeiro aguarelei para desfocar a obra "a tijela partida". Depois fiz um desenho cego sobre "a condução do rebanho".

É incrível como algumas obras nos tomam de assalto. Mesmo quando não as queremos registar mimeticamente, elas não nos largam o pensamento...

domingo, março 10, 2013

Praça da Ribeira


Queria ter desenhado mais, mas uma hora e meia depois, com o corpo todo gelado, não aguentei mais...

segunda-feira, março 04, 2013

Gallery Hostel

Numa viagem ao Porto, fomos muito bem tratados no Gallery Hostel.
A comida é caseira e vale a pena jantar lá. Além disso, todo o interior é muito interessante para desenhar. Na fachada tem azulejos em relevo e não é possível resistir a trazê-los para o caderno.

Está bem localizado e vale a pena!

terça-feira, fevereiro 26, 2013

Brompton recorded on wood


Avizinha-se uma parceria fabulosa entre o desenho e esta máquina fantástica!
Mais novidades em breve...

quarta-feira, fevereiro 20, 2013

A Filipa e o Rodrigo

No outro dia faltaram quase todos os alunos à aula de desenho. Só com a Filipa e com o Rodrigo, optei por fazer uma aula de retrato. Estava fora do programa, mas não havia mal. Depois de uma parte teórica com exemplos e desenhos, metemos mãos à obra e desenhámo-nos de perfil e de frente.

O tempo que passamos a olhar uns para os outros e a tensão que se cria entre o desenhado e o desenhador é o que mais me interessa... um vai sendo objectificado enquanto o outro é contemplado...
O desenho, esse, acho que é apenas um meio de se estabelecer esta relação humana misteriosa...

terça-feira, fevereiro 12, 2013

culturgest


Começa já amanhã o workshop na Culturgest sobre as esculturas sonoras do Rui Toscano.
Para preparar a formação tive de lá ir durante a fase de montagem. Desenhei estes tijolos sonoros ao perto e ao longe e a minha memória viajou para os tempos da escola, quando se faziam festas nas salas de aula, com estes rádios a pilhas, aquando das aulas número cem, ou no final de cada período...

Alguns já estavam a trabalhar e a emitir som...

Este workshop vai ser uma viagem... definitivamente!

terça-feira, janeiro 29, 2013

O caderno como oficina de excelência


Para quem não conseguiu ir à Gulbenkian no dia 20 de janeiro, aqui fica a gravação que esteve a passar online no site da Gulbenkian. 

Não é a mesma coisa que ao vivo, mas é melhor que nada!

vídeo: Timor-Leste

Aqui fica o vídeo que mostrei no início da minha apresentação da viagem a Timor.

quinta-feira, janeiro 24, 2013

Aulas públicas



Eu diria que não há uma grande diferença entre uma aula com 5 alunos e outra com 300. Diria isto porque quando sabemos o que queremos fazer na aula, é um pouco indiferente a quantidade.  É claro que a estratégia conta (e muito), pois se abrirmos um debate com 300 pessoas não podemos pedir a profundidade de um com 5.

Bom, no passado dia 20, eu e o Ricardo Jacinto demos uma aula pública na Gulbenkian com o tema: "o caderno como oficina de excelência".
Terminou com um desafio criado pelas minhas 5 alunas do 12.º ano. 
O feedback foi muito positivo. Todos os que me abordaram no final disseram que ficaram com vontade de experimentar o que apresentámos.

Apesar de ser com 300 pessoas, era bom que todas as aulas fossem assim...

ps. obrigado ao João Moreno pelas fotografias.

terça-feira, janeiro 15, 2013

projeto piloto dezvezesdez



No próximo sábado e domingo acontecem as aulas públicas de um projeto pioneiro em Portugal: artistas e professores juntaram-se sob o aval da Gulbenkian para pensarem e construírem inovações artísticas e pedagógicas nas salas de aula.

É a não perder! Os bilhetes são oferta. Só é levantar a partir de dia 18 de janeiro, próxima quinta feira.

A minha aula pública é no domingo, dia 20, às 15h30. 
O tema é: O caderno como oficina de excelência.

Apareçam!

domingo, janeiro 06, 2013

Família fragata - work in progress


O Nash é meu amigo há anos!
Tem uma história de vida incrível. Até já fiz um filme com ele numa grua...
A Inês é a filha do meio e o Guilherme é o mais velho. Falta desenhar a Susana (mulher) e o Vasco, o filho mais novo.
A Inês é mesmo assim, linda de morrer!

sábado, janeiro 05, 2013

DEZ X DEZ


Neste mês de janeiro o tempo livre é só mesmo aquele que acontece entre as 1h00 e as 6h00 da manhã. O resto é à velocidade de cruzeiro!

Estão todos convidados a aparecerem nos dias 19 e 20 na Gulbenkian. A entrada é livre!

terça-feira, janeiro 01, 2013

2013

Que 2013 seja assim, a depurada seleção poética, a partir do que, na maior parte das vezes, não interessa...

segunda-feira, dezembro 24, 2012

O Natal é como o interior de um livro

Pois é...
Já não contava escrever nada sobre o Natal, mas estava aqui a organizar os desenhos da viagem a Timor em 2009 para preparar a comunicação de dia 26 e teve mesmo de ser...

Tenho recebido muitos mails a desejar boas festas. Eu próprio tenho assinado todos os que escrevo nestes dias com esses votos. Ainda bem que não tenho facebook...
Estou farto desses mails com assinatura de boas festas...

O Natal é como o interior de um livro. 
A capa é dura e protege muito bem o interior que é precioso. Tão precioso que durante anos trabalhámos no duro para a fazer bonita. Tão bonita que uma cor só não chegava, havia que mostrar na capa o mundo colorido e feliz que estava lá dentro. Tão feliz que não havia como esperar por ler e perceber essa mensagem.
O Natal é como o interior de um livro.
A capa este ano é simples e sem adornos. Nua e crua. Verdadeira, autêntica, gasta e sem brilho. Acho que nunca vivi o Natal assim, sem dar importância à capa. 

Este ano o Natal é o interior do livro. Já não há capas que me enganem...

sexta-feira, dezembro 21, 2012

domingo, dezembro 02, 2012

Madalena


A Madalena é nova na escola e se calhar, por isso mesmo, não tirou os olhos do papel enquanto nos desenhávamos...
O exercício era sobre a verdade. Como é que colocamos no papel o que vemos como verdade? A ferramenta que temos treinado desde os 6 anos é insuficiente. A escrita pode descrever, mas sente-se sempre que falta algo. E será que o desenho pode ser um bom auxiliar? Com as suas linhas mais livres que não definem palavras mas imagens? E a cor? Se for bem construída também pode ajudar...

O que é certo é que o exercício de transpor o que vemos (e temos tanta noção de que isso corresponde à verdade), nos leva a perceber que vemos muito mal porque vemos muito rápido. 
É tudo uma grande impressão e quando queremos observar com atenção, descobrimos que andamos a desperdiçar tantos detalhes importantes...

Nesta constatação acontecem duas coisas: espanto e vergonha.
Quem se espanta alegra-se e fica com vontade de continuar a alimentar-se desta visão mais completa do que o rodeia. Depois de saborear os pormenores fica com fome e sede de mais...
Quem se envergonha baixa o olhar e pode ter medo de se confrontar com os limites da percepção visual. Sabe que o puzzle não está completo, mas não tem coragem de ir à procura das peças...

Só há uma solução: continuar sempre sem desistir!