(publicado nos urbansketchers.org)
4.º dia
Nunca pensei levar tantas cotoveladas e empurrões no mercado da Boqueria. Do meu lado esquerdo estava a Mercedes a desenhar a outra parte da banca que depois deveria encaixar (e bater certo) com o meu desenho. Começámos pela mancha procurando definir as zonas de cada fruta. A linha iria dar o pormenor que a mancha não tinha conseguido dar...
Neste dia almocei muito bem mesmo. O Lapin recomendou um mercado que tinha aberto há muito pouco tempo e as tapas que comi serviram para ficar rendido em definitivo à comida catalã!
Logo depois, o Museu Picasso esperava por nós. Estava uma multidão e não era possível entrar de imediato, pelo que me refugiei num recanto...
Lá dentro, como é óbvio, a minha atenção prendeu-se nos desenhos. Deambulei para escolher um. Os da fase mais jovem dele são muito apetecíveis, mas tinha dito a mim mesmo que quando encontrasse um que fizesse o clique, parava e começava a desenhar, mesmo que isso implicasse não ver o resto da exposição. E assim foi. Este desenho dele tem qualquer coisa de especial. A legenda era "o louco", a posição das mãos, genial, e a dedicatória, simplesmente enigmática...
Se estivesse a conversar com o Roland Barthes, diria-lhe que este desenho foi o meu punctus da exposição.