quinta-feira, março 30, 2017

Roma: night walks


Há desenhos que vão ficando assim: amontoados. 

O primeiro foi aquele apontamento rápido em cima do lado esquerdo feito numa esquina do Portico d'Ottavio. Pensei que conseguia fazer alguma coisa enquanto o pessoal se despedia e discutia um local para almoçar, mas tudo se deu em um ou dois minutos...

O segundo foi feito enquanto esperava um risotto de espargos, numa esplanada da Piazza dele Cinque Scole com a caneta sépia. Demorou a vir e o desenho foi crescendo para espaços que não tinha previsto. Ficou lá em cima na página. O branco vazio do fundo tinha de ser ocupado depois, pensei eu...

O terceiro foi na Piazza di Pietra, do lado das imponentes colunas. Íamos a caminho da Fontana di Trevi e a Amber disse:
- Stop! This is part of the Adriano Temple. We must sketch this. Five minutes. Go!

O quarto e último foi na Fontana di Trevi. Estava frio. O romance estava no ar de alguns lá em baixo junto à água e o encanto no olhar de todos. Afastei-me e encostei-me a uma parede para desenhar. Entretanto passou uma carrinha de varrimento automático de rua e a vida banal romana cruzou-se ali com a vida floreada dos turistas. Ninguém deu pelo barulho a passar...

quinta-feira, março 23, 2017

Roma: Piazza del Campidoglio


Já fui a Roma 5 vezes.

A primeira foi em 2006 e praticamente não desenhei. Nem sei desses desenhos. Não os publiquei no blogue. Foi numa viagem de carrinha desde Lisboa que durou um mês...

A segunda foi em 2011 e, quando olho para esses desenhos, até fico envergonhado. Não tive muito tempo, mas, ainda assim, como é possível que, em 6 anos, o meu desenho melhorasse tanto? Espero daqui a 6 anos ter a mesma sensação...

A terceira foi em 2012 na única viagem que fiz. Foi nesse ano que levei os retiros de diários gráficos para Itália e me apaixonei ainda mais pela cidade. Publiquei também este post nos USkP sobre um dos exercícios do retiro.

A quarta foi em 2014. Fui lá com os meus alunos de Artes Visuais das Doroteias. Foi muito especial essa viagem. Ir a Roma como professor é uma tarefa quase impossível. Uma pessoa esfalfa-se toda, mas os desenhos ficarão sempre aquém do espírito da cidade...

A quinta foi este ano, 2017. Reunião de trabalho, tal como em 2011. Sinto que aproveitei melhor o pouco tempo que tive. Os desenhos, esses, vão sendo publicados com alguma reflexão e tempo, mas também fiz um resumo mais geral da viagem aqui.


Porquê este enquadramento todo?
Porque das cinco vezes, nunca tinha desenhado a Piazza del Campidoglio. Sempre fui lá. Sempre. Mas nunca a tinha desenhado...
Foi desta!

domingo, março 19, 2017

Roma: Largo di Torre Argentina


Cada vez me convenço mais que sou um apaixonado por História. 
Quando conheço algo novo, a primeira coisa que faço é ir investigar sobre o assunto, saber mais sobre ele, os pormenores, quando surgiu, factores de mudança, etc.

Acho que é por isso que Roma é a minha cidade preferida. Há uma certa decadência museológica ao ar livre que me põe o coração aos pulos para saber mais antes que tudo desapareça...

E desenhar estas ruínas in loco é como viajar no tempo. 
Entre investigações sobre o local, não há como falar com as pessoas de lá para descobrir que foi aqui mesmo, em 44 a.C. em frente ao Teatro de Pompeu (actualmente em ruínas), que o grande imperador Júlio César foi assassinado à facada...

Costumamos dizer: "ah, se estas paredes falassem..."
Imaginem se as ruínas de Roma pudessem falar...

domingo, março 12, 2017

São Roque

Estou a orientar, desde Outubro, um curso de desenho avançado em São Roque. Os alunos são desafiados a percorrer três módulos que são uma metáfora cronológica da vida do santo, desde o nascimento à sua morte, os tempos de culto e a zona expositiva da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.


O primeiro módulo focou-se apenas nos anos de vida de São Roque. A tinta da china diluída e desfocada servia de base para o aparo.


Não teve uma vida fácil o Santo. A determinado momento refugiou-se numa floresta para não pegar a peste a ninguém...


Pensei que ia desenhar mais com uma turma avançada e completamente autónoma no trabalho, mas a verdade é que é muito mais difícil partir a pedra conceptual do que a técnica. As ideias desenvolvem-se discutindo. Passei meses sem conseguir desenhar em São Roque até à semana passada onde o altar das relíquias e o trabalho do João Mega me serviram de inspiração. Sim, ele fez um desenho incrível a tinta da china assim parecido com este. E sim, é impossível não me sentir inspirado por um trabalho tão excelente como o que ele está a fazer lá em São Roque.


Como se não bastassem todas as segundas feiras à noite passadas em São Roque, na terça feira de Carnaval, lá estava eu de novo a desenhar.

Tem sido um curso incrível, com resultados muito inesperados. Amanhã faremos a última aula do segundo módulo e depois avançamos para a parte final do curso. Desafios ainda maiores esperam por nós...