10 de fevereiro de 2016 foi uma quarta feira e viam-se muitas pessoas nas ruas de Nova Iorque com uma cruz negra na testa. Muitas mesmo...
Tinha combinado com o Mark Leibowitz desenharmos juntos nesse dia. Tendo em conta o frio que estava, marcámos encontro na St. Patrick's Cathedral, a catedral católica de Nova Iorque.
Entrei e fiquei deslumbrado pela arquitectura que me lembrava as catedrais góticas europeias. Pensei:
Isto só pode ser Gótico!!
Hum... mas catedrais da Idade Média nos Estados Unidos não fazem sentido...
Só pode ser então Neo-Gótica...
E, rapidamente, a minha mente começou a viajar pelos tempos das minhas aulas de História da Arte do secundário em que eu e os meus colegas da António Arroio, depois da matéria dada em aula, tentávamos adivinhar os estilos arquitectónicos das igrejas de Lisboa. Senti-me novamente um estudante a tentar juntar as peças e estabelecer relações...
Sentei-me.
Fiquei uns bons 10 a 15 minutos só a olhar.
Haviam filas de pessoas que passavam nos corredores entre bancos em direção a um sacerdote que lhes impunha uma cruz de cinzas.
Hoje é quarta feira de cinzas, claro! - pensei - Começa a Quaresma...
Entretanto chegou o Mark:
- Mário! You arrived earlier. - disse ele.
- Yes, too much cold outside. I had to enter! How are you?
- Good! Happy to be here sketching with you.
- Great. Thanks for coming and stay all day with me! - estava mesmo agradecido, pois ele iria mostrar-me Nova Iorque como eu nunca teria conseguido ver.
- Do you want to sketch here inside?
- Yes, I love this architecture...
E assim estivemos ali uns bons 50 a 60 minutos. Ele fez um desenho bem mais pequeno, mas esperou por mim pacientemente e foi colocando aguarela sobre aguarela, acrescentando pormenores, só para eu estar à vontade.
Mais tarde, num café do último piso de um arranha céus, a nossa conversa ganhou densidade e profundidade. Falámos de tanta coisa... muito sobre os Urban Sketchers, mas também sobre a vida em Lisboa e em Nova Iorque, valores, o que nos leva a tomar decisões importantes, até que ele, do nada me perguntou:
- Mário, are you a catholic person?
- Yes, - e antes que conseguisse continuar...
- But, no aches today... - e apontou para a minha testa em branco.
Sorri. E a partir dali a nossa conversa foi mesmo muito mais interessante! ;)
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