Em abril de 2019 estava dentro da casa natal de Daniel Comboni, lugar onde nasceu e viveu, no Norte de Itália, nas montanhas, junto ao lago de Garda, numa terra chamada Limone.
Sentei-me na única cadeira disponível, comecei a desenhar e a imaginar a vida daquele lugar, crianças a correr de um lado para o outro, a subirem a escada para o sótão, o fogão de chão continuamente ligado para aquecer a casa, cheiros densos de madeira velha e de comida de inverno, ranger de tábuas no piso de cima, o vento a soprar lá fora e momentos de se estar apenas, assim sem fazer nada, apenas a olhar a vida...
Este olhar para dentro sempre foi ancestral. Andámos foi distraídos nos últimos anos.
Desenhar ajuda-me a olhar para dentro, ver com calma, abrandar ritmos, ver a vida, pois ela teima em arrumar-nos o interior, mesmo que queiramos olhar sempre para fora.
1 comentário:
Os cheiros das casas antigas são impressionantes. Gosto do desenho e do texto. Viajei até Limone.
Falta-nos fazer uma pausa quotidianamente para ouvir o silêncio. Acabei de ler o livro do Erling Kagge sobre o silêncio ("O silêncio na era do ruído") e ainda ando a refletir no assunto.
Abraço.
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