domingo, outubro 19, 2014

Palmela


Em junho fui a Palmela para começar a preparar o workshop que vai acontecer hoje com o teatro O Bando. No regresso a casa, ainda sem saber o que fazer nem o que propor como exercícios, fui ao centro, subi a um ponto alto, comprei um gelado, passeei até o gelado acabar, observei as esplanadas dos cafés a serem preparadas com ecrãs gigantes por causa do jogo de Portugal no mundial de futebol e quando me virei: "cá está!", tirei o caderno, as aguarelas e a caneta e fiz este desenho à pressa.

Mais tarde, quando lá voltei para desenhar, percebi que as propostas teriam de ser com o tema da sobreposição de técnicas, porque o conceito da peça assim o pedia.

Li há anos uma entrevista do arquitecto paisagista João Nunes onde dizia que cada terreno pede um projecto diferente e que, por isso mesmo, precisava de lá ir observar com tempo a forma como as pessoas o usavam e o que o terreno estava a "pedir" como projecto. O projectista não era, portanto, alguém que impunha as suas ideias ao terreno, mas aquele que desvendava e ajudava a concretizar o que o terreno pedia que se fizesse ali...

Eu sinto o mesmo em relação ao desenho e às propostas que me desafiam a fazer. Cada sítio pede uma abordagem única e a monstruosa tarefa é perceber como é que o local pede que seja desenhado...

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