domingo, outubro 19, 2014

Palmela


Em junho fui a Palmela para começar a preparar o workshop que vai acontecer hoje com o teatro O Bando. No regresso a casa, ainda sem saber o que fazer nem o que propor como exercícios, fui ao centro, subi a um ponto alto, comprei um gelado, passeei até o gelado acabar, observei as esplanadas dos cafés a serem preparadas com ecrãs gigantes por causa do jogo de Portugal no mundial de futebol e quando me virei: "cá está!", tirei o caderno, as aguarelas e a caneta e fiz este desenho à pressa.

Mais tarde, quando lá voltei para desenhar, percebi que as propostas teriam de ser com o tema da sobreposição de técnicas, porque o conceito da peça assim o pedia.

Li há anos uma entrevista do arquitecto paisagista João Nunes onde dizia que cada terreno pede um projecto diferente e que, por isso mesmo, precisava de lá ir observar com tempo a forma como as pessoas o usavam e o que o terreno estava a "pedir" como projecto. O projectista não era, portanto, alguém que impunha as suas ideias ao terreno, mas aquele que desvendava e ajudava a concretizar o que o terreno pedia que se fizesse ali...

Eu sinto o mesmo em relação ao desenho e às propostas que me desafiam a fazer. Cada sítio pede uma abordagem única e a monstruosa tarefa é perceber como é que o local pede que seja desenhado...

quarta-feira, outubro 15, 2014

Selection for the International Sketchbook Prize

Sim, é mesmo verdade. Recebi ontem um mail a avisar que o livro Diário de Viagem | Costa do Marfim foi seleccionado o International Sketchbook Prize pelo júri de Clermont-Ferrand para o Rendez vous - carnet de voyage, que acontece agora em novembro próximo. 

Enviei hoje de manhã 5 exemplares para cada um dos júris e claro que eu e a Ketta estamos felizes, mas também com a noção de que é um prémio dificílimo de ganhar, pois na corrida estão nomes como o Faravelli, o Prost ou o Emde, só para referir aqueles que mais aprecio.

Nas últimas semanas tenho andado em várias escolas de Lisboa a apresentar a viagem, o gosto por desenhar e o fascínio de o fazer num diário gráfico. Voltei à minha querida António Arroio (que bela está a escola!) e hoje estive com a Ketta e o Matias no ISCTE na primeira apresentação a três!


Os próximos tempos também não se avizinham com menos actividade. Os convites são muitos e o tempo continua a escassear. É preciso a sabedoria de saber escolher e calendarizar, para continuar a fazer o melhor que sei e posso...

É nestas alturas que gosto de olhar para as páginas menos bonitas dos meus diários gráficos pois são elas que me lembram de continuar a trabalhar humildemente:


Esta é a última página do meu diário de viagem à Costa do Marfim. Quem me conhece e costuma ver os meus cadernos sabe que guardo sempre as últimas páginas para os meus apontamentos mais pessoais. Aqueles que, à partida, não são para mostrar a ninguém...
Neste caso, justifica-se a quebra da regra...

segunda-feira, outubro 13, 2014

Exposição em Porto Alegre - Rio Grande do Sul


No passado dia 23 de setembro enviei os nossos quatro diários de viagem feitos na Costa do Marfim (sim, os originais!) para a exposição Horizontes (In)Prováveis da Paisagem, em Porto Alegre. O convite foi uma honra enorme sendo ainda mais especial a oportunidade que nos deram de apresentarmos a viagem e o livro na Universidade Federal do Rio Grande do Sul no próximo dia 6 de novembro.

Há viagens que fazemos que se prolongam no tempo. Pensamos que terminam quando regressamos a casa, mas isso é uma falácia completa. Nunca voltamos os mesmos e a nossa visão do mundo é, inevitavelmente, mais rica...

Contudo, uma preocupação assalta-me e inquieta-me: hoje é dia 13 de outubro e os cadernos ainda não chegaram ao destino. A exposição inaugura amanhã e só sei que os cadernos estavam em Curitiba na passada sexta feira. 

Pode uma exposição inaugurar sem algumas das peças? Pois, parece que sim... amanhã deverão estar quatro espaços vazios numa vitrina com uma legenda que deverá dizer qualquer coisa como: "caderno de viagem em viagem..."

sábado, outubro 04, 2014

workshop de diários gráficos no teatro O Bando


A minha ligação ao teatro O Bando é quase nula, mas a que existe desperta em mim um passado de memórias muito bonitas. Faz-me viajar até ao meu tempo de estudante na António Arroio por me lembrar a Rute de Castro, irmã da atriz e uma das diretoras d'O Bando: Sara de Castro.

Este convite para orientar um workshop de diários gráficos relacionado com os seus 40 anos levou-me a conhecer as instalações, a equipa que pensa O Bando e desenhar segundo a peça de celebração dos quarenta anos: Quarentena. Será uma viagem incrível pela sua existência e eu tentarei estar à altura do workshop que precede a sessão de dia 19 de outubro.

Posso adiantar-vos que vamos utilizar três técnicas diferentes, tentando desenhar sempre épocas diferentes. Sim, porque os cenários antigos estão espalhados pelo grande terreno que é a sede d'O Bando.

O que é que o workshop inclui? 
- formação de 4 horas;
- jantar;
- bilhete para a peça;
- uma experiência inesquecível.

Inscrevam-se para o meu mail: linhares.mr@gmail.com

sexta-feira, outubro 03, 2014

De novo de fora


No Centro de Saúde de Marandallah, perguntei à Maria João (a médica que foi connosco) o que ela achava que valia a pena desenhar por ser diferente. Sem hesitar falou-me nestes instrumentos da maternidade como objectos quase museológicos.
Ficaram fora do livro quando houve a necessidade de reduzir páginas, mas qualquer um deste objectos daria para desenvolver uma conversa sobre as condições em que as mães dão à luz...

Nova apresentação


É com um orgulho enorme que faremos uma nova apresentação dos nossos diários de viagem à Costa do Marfim. Será novamente em Lisboa, no auditório J.J. Laginha do ISCTE, integrando a programação do Centro de Estudos Internacionais.

Se tudo correr bem, a grande diferença desta apresentação será o Matias! Na da FBAUL estava dentro da barriga da Ketta e agora já estará cá fora!

Quem perdeu a outra não pode perder esta!
Para quem quer ouvir histórias novas: marquem o dia na agenda!

Mais páginas de fora...


Mais uma dupla página que ficou fora do livro da Costa do Marfim. É tão bom trazê-las à "luz do dia" aqui no blogue!

A Bock era a cerveja que se bebia lá. Eu quase não provei porque a maioria das pessoas não tinham acesso a ela e eu dava preferência à comida e bebida que todos tinham. 
Na página da direita está uma parte da grande rocha do Centro de Saúde. Aquela árvore cresceu assim, "colada" à rocha, e dava toda a vontade de desenhar. Quando acabei, olhei para a página e fez-me lembrar os livros da Anita. O contexto é muito diferente, mas as minhas memórias voaram para lá...

Agora um extra: no início de setembro fui à RDP África dar uma entrevista sobre esta viagem e o livro. Já está em podcast e podem ouvir aqui. As músicas que intercalam as minhas palavras são maravilhosas!