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quinta-feira, janeiro 08, 2015

Jean Cabut e Michel Renaud


Ainda em estado de choque, aqui fica a fotografia dos premiados em Clermont-Ferrand, onde aparece o Jean Cabut, do lado esquerdo, com polo azul escuro e camisa azul claro, o único que parece não dar importância ao prémio que acabou de receber, enquanto conversa com o Michel Renaud, diretor do festival que também foi assassinado em Paris.
Nem tenho coragem de ir procurar mais informação sobre o assunto para não me assustar. A associação IFAV, que organiza o festival de diários de viagem mais importante do mundo, está de luto.

Je suis aussi Charlie, évidemment.

Je suis Charlie


Em novembro passado conheci o Jean Cabut (aka Cabu), no festival de Clermont-Ferrand. Ganhou um prémio especial do júri por uma edição que juntava desenhos de várias viagens. Em conversa com o Lapin, ele dizia-me que era mais do que justo este prémio ao Cabu por toda a carreira como cartoonista. Em cima está a dupla página de destaque no catálogo da feira.

Hoje, cansado depois de horas intermináveis de trabalho, no final do dia, ao ligar a rádio, percebi que algo se tinha passado em Paris. Ouvia o jornalista Paulo Dentinho dizer em directo que conhecia um dos que tinha perdido a vida e que, por isso, a dor era maior. Quando cheguei a casa procurei as notícias e percebi que o Cabu tinha sido um dos 12 assassinados do jornal Charlie Hebdo...


É por isso que nos próximos tempos vou usar este pin.

quinta-feira, novembro 27, 2014

Até Clermont Ferrand...


10 de novembro
Tudo começou com uma viagem de carro de Lisboa a Madrid. Muitos quilómetros para fazer com uma apresentação desmarcada por ser feriado na capital de nuestros hermanos...


11 de novembro
Mais uma viagem de carro de Madrid a Saragoça. Saímos cedo com o nosso grande amigo P. Matias que está agora a viver em Madrid. Acompanhou-nos na viagem e assistiu ao final da tarde à nossa apresentação na livraria Lasala - excelente sugestão da Clara Marta para a nossa apresentação do livro.


12 de novembro
De volta à estrada. Saída de Saragoça bem cedo para fazer mais de 800 kms. Esta zona era a dos Pirinéus, cheia de túneis. A passagem por Bordéus foi impressionante pelas filas imensas de camiões...


13 de novembro
Chegámos já noite escura, mas no dia seguinte era esta a vista da janela do nosso quarto. Não havia tempo para desenhar pois era imperativo ir para o Polydome montar o nosso stand...


Enquanto estive no Brasil, a Ketta preparou todo o material para o stand. Fartou-se de trabalhar. O nosso stand ficava no mesmo cruzamento com o do Stefano Faravelli e ele estava a montar uma cabana como se estivesse no meio da selva. Impressionante...


No final do dia era este o aspecto do nosso espaço. Queríamos alguma sobriedade, mas também as cores africanas...


Fomos cheios de cadernos originais, mas só couberam sete na vitrina. Até foi bom, porque assim os outros ficaram na mesa e as pessoas preferiam ver os cadernos originais a postais, livros ou reproduções.


14 de novembro
Primeiro dia do festival: o dia das escolas, o mais barulhento e cheio de pedidos de desenhos. Gostava de os desenhar a eles e a estas duas raparigas ainda consegui pedir-lhes uma fotografia com o desenho antes de o oferecer...


Enquanto o Stefano Faravelli desenhava nos livros lhe que compravam, no meu caso, o burburinho era de que no meu stand alguém fazia retratos e a fila de espera aumentava...


Embora estivesse selecionado para o prémio de melhor livro de viagem internacional, a concorrência era tão elevada que já estávamos felizes só pela nomeação. Ao final da tarde quando nos atribuíram o prémio Coup de Cœur nem percebemos bem do que se tratava. O "livro do coração" ou o "livro mais apaixonante", explicaram-nos mais tarde. 
Incrível...


15 de novembro
Embora o festival continuasse cheio de visitantes, o barulho das crianças já não existia. As perguntas eram as de adultos que tinham uma relação com a Costa do Marfim e queriam saber tudo sobre a nossa viagem. O meu francês desenferrujou em definitivo. Em pouco tempo até me surpreendia a mim próprio com o vocabulário que começava a utilizar...


Recebemos visitas de tantos urban sketchers que deu para perceber como esta comunidade criada pelo Gabi Campanario tem vida própria e cheia de personalidade. Nunca mais terminará e daqui a alguns anos será referida e estudada em aulas de História da Arte. Que lhe seja feita justiça, pois a identificação é tão grande que quando se dizia que nós também pertencíamos aos USk de Portugal, era como se encontrássemos um familiar afastado. Há uma relação familiar entre nós...


16 de novembro
No último dia já nos sentíamos em casa. O francês começava a fluir e a relação entre todos os expositores era cada vez melhor. Nesta fotografia tirada pelo Emdé, o rapaz à minha frente ficou a falar comigo tanto tempo que deu para perceber que estava fascinado com toda a nossa história, a viagem e o livro. O público francês é outra coisa...
Neste momento estávamos a ser entrevistados pela organização por termos ganho um prémio. Ficou bem a entrevista e pode ser lida aqui.


Como não podia contar esta viagem apenas com fotografias, aqui ficam os dois únicos desenhos que fiz no meu diário gráfico nessa semana: o da esquerda em Saragoça e o da direita em Clermont-Ferrand.

Foi muito cansativo, mas foi muito especial...

O livro pode continuar a ser visto e adquirido através deste link. Por enquanto ainda não esgotou...