domingo, setembro 08, 2013

Costa do Marfim




Ir a África apenas para desenhar é como um sonho tornado realidade. 
Foi preciso apanhar dois aviões, seis horas de voo, quatro de espera, mais dez horas de viagem em jipe por estradas meio alcatroadas e de terra batida com buracos gigantes...
Mas valeu a pena. Vale sempre!
Queria muito partilhar os desenhos, mas até serem selecionados os que vão entrar no livro (sim, vai sair um livro com os nossos desenhos na Costa do Marfim!), só posso publicar fotografias.

Depois destas viagens regresso sempre com um sentimento de pequenez. O mundo é tão grande e variado. Há tantas pessoas fantásticas a viverem com tão menos que nós que venho sempre pequenino e reduzido à minha insignificância. Espero que os desenhos façam justiça ao que eu e a Ketta vimos, vivemos e sentimos...

workshop - São Roque


Acabadinho de chegar a Portugal depois de um mês a desenhar na Costa do Marfim, eis o regresso à minha querida Lisboa. 
Para os que quiserem, no dia 28 de setembro, vou repetir o workshop na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, no museu e igreja de S. Roque, com visita guiada, vários exercícios de desenho e a espectacular vista dos torreões.

Inscrevam-se para o meu mail: linhares.mr@gmail.com

sábado, agosto 10, 2013

Viagem


É hoje que uma nova viagem vai acontecer na minha vida.Vou um pouco às cegas, sem saber o que vou encontrar nem o que desenhar. Costa do Marfim é o destino e só sei que quero desenhar pessoas...
África tem um encanto inexplicável. É entusiasmante saber que daqui a algumas horas estarei a pisar um continente diferente, com milhares de anos de história...

Com tanto tempo, quatro semanas, há a oportunidade nos deixarmos levar pela noção de tempo africana. Nós temos o relógio, os africanos têm o tempo. Não há pressa. Marcam-se dias e não horas. O dia começa cedo e acaba cedo. Toda a rotina diária é diferente...

Levo comigo três cadernos. Acho que estou a ser generoso comigo próprio, não sei se os vou encher aos três, mas quando se parte para o desconhecido, habilitamo-nos a descobrir coisas novas em nós. É aí, penso eu, que a frase que está no desenho entra em prática: "e, então, também eu te louvarei" - disse Deus a Job, quando finalmente ele O conseguiu ouvir...

domingo, agosto 04, 2013

sábado, agosto 03, 2013

Férias

Nunca fui grande fã de parques aquáticos, mas o imaginário que eles me criam é de Verão completo. Apesar disso, se tiver de escolher, não vou a um parque aquático...

As férias criam-me sensações diferentes. É uma oportunidade para descansar, mas todo aquele tempo a passar interminavelmente soa-me sempre a desperdício...
Desde que desenho quotidianamente que as férias são uma oportunidade de fazer aquilo que mais gosto. Seja onde for e esteja com quem estiver. Aquela mesma realidade veranil passou a ser encarada de outra forma. Talvez seja como as curvas do parque aquático. Elas estão lá sempre, mas é quando escorregamos nelas que podemos ver diferentes perspectivas, ainda que de forma fugaz e muito rápida...

Não resisto a citar o Tolentino:
"É necessário compreender, com humildade, que o problema não é da realidade, mas do modo como lidamos com ela. A questão é a da aprendizagem que o nosso olhar faz ou não faz do real."

sexta-feira, agosto 02, 2013

Abel e Caim e o samba de uma nota só




Este foi o primeiro tema/exercício do retiro de diários gráficos de 2013. Sempre quis pegar no tema de Abel e Caim porque é muito rico para o desenho. Obriga-nos a escolher...

Obrigado Patrícia pelo vídeo tão delicado.

sexta-feira, julho 26, 2013

Exame Nacional de Desenho A





O Exame Nacional de Desenho A tem duas coisas completamente antagónicas:

1 - é completamente previsível
2 - é completamente imprevisível

Passo a explicar: sabe-se o que vai sair, peças em cartolina para montar e fazer um modelo no primeiro grupo. Obras literárias ou gráficas no segundo. Embora não se saiba que peças são e que obras vão ser escolhidas, a verdade é que não há grandes desculpas para ser-se apanhado de surpresa...
O que é verdadeiramente imprevisível é a correção do exame. Os critérios estão definidos, mas a margem de interpretação é enorme. Para uns, uma composição equilibrada é uma coisa e para outros é outra. O domínio da técnica só pode ser avaliado por um professor que a domine também, caso contrário é apenas o julgamento teórico de quem nunca experimentou desenhar com aparo e tinta da china. E se diluirmos a tinta da china com água para termos tonalidades, ela passa a parecer aguarela e pode ser também mal avaliada...
Enfim, as variantes são tantas que cada vez mais me convenço que o verdadeiramente importante é o trabalho feito ao longo do ano letivo. O modo como o pensamento criativo vai sendo consolidado, assim como a segurança do desenho. É tudo uma questão de tempo, mais tarde ou mais cedo tudo se revela e o exame é apenas um passo neste percurso enorme no mundo artístico.

quarta-feira, julho 03, 2013

Retiro de diários gráficos


Esta é uma situação mesmo muito excepcional. Tenho vindo a organizar um retiro de diários gráficos por ano e em 2013, já fiz um... 
Acontece que a Margarida Alvim, que agarrou com todas as forças no projecto da Casa Velha, em Ourém, me desafiou a fazer lá um retiro extra e não fui capaz de recusar.

Vou recuperar temas dos três primeiros retiros e orientá-los para um espaço que respira a raízes e origens portuguesas. A quinta é uma autêntica viagem aos nossos antepassados!

O retiro está pensado para começar ao final da tarde de sexta feira, com o jantar e terminar ao início da tarde, depois do almoço de domingo.

Tal como o nome indica, as condições são as de uma casa de família com casas de banho partilhadas. Há uma camarata feita muito recentemente com colchões para as quais será preciso levar saco-cama.

Dúvidas, inscrições e afins para o meu mail: linhares.mr@gmail.com



domingo, junho 30, 2013

Chef Avillez

- A testa ficou muito alta e os olhos muito juntos - disse-me ele ainda antes de terminar.
E tinha razão. Ando com uma tendência para alongar os rostos...

- Temos de repetir noutro dia - disse-me na despedida.
- Se dessa vez correr bem ofereço-te o desenho - disse-lhe eu...

sábado, junho 29, 2013

Taormina




"Este é o meu filho muito amado, escutai-o"

Assumir que a pessoa ao lado tem mesmo alguma coisa para nos ensinar não é o mais difícil. Todos acreditamos que os outros sabem algo. O que é verdadeiramente incrível de se fazer é deixarmo-nos aprender com essa pessoa. Temos sempre demasiadas resistências, ideias feitas sobre tudo...

Às vezes, quando estamos muito convictos de uma ideia, não há maneira de sabermos ouvir a opinião de outra pessoa. Parece que ninguém nos vai demover. Temos a certeza que estamos certos...
Saber escutar com honestidade a partir da motivação de que o outro também é uma pessoa importante, é um filho muito amado, é o grande acto de sabedoria...

Foi uma tarde muito bonita em Taormina, com a motivação para o desenho a vir daquela frase, mas também de um peregrino que pediu um diamante a um monge e ele deu-lho sem dizer nada. Mais tarde o peregrino voltou e devolveu o diamante ao monge e disse-lhe: "dá-me o que te fez dar-me o diamante"...

sexta-feira, junho 28, 2013

"O último andar é muito longe...

... custa-se muito a chegar
Mas é lá que eu quero morar"

Este poema da Cecília Meireles dá muito que pensar...
Aqui está apenas um excerto e ainda demorei a escolher a parte certa para incluir no desenho.

O último andar, a última tarefa, o último degrau, a parte final de qualquer trabalho é sempre a mais difícil. A mim é a que me custa mais. Quando a maior parte está feita, tenho alguma tendência para abrandar o ritmo. Faz-me lembrar aqueles velocistas que percorrem os 100 e 200 metros que, mesmo ao chegar à meta, parece que abrandam... nunca percebi porque fazem aquilo, mas acho que é exactamente o que eu faço noutros contextos...

Mas a Cecília Meireles tem razão: custa, mas é lá que faz sentido morar. É por isso que não podemos abrandar na recta final...

quarta-feira, junho 26, 2013

mariana martins

No sábado passado, a Mariana foi apresentar, em Castelo Branco, os diários gráficos dela desde os seus 12 anos. Tem agora quinze e muitos desenhos feitos.
A apresentação foi muito elogiada e tenho pena que não lhe tenham dito a ela muitas das coisas que me disseram a mim sobre ela...

Há muito tempo que a queria desenhar com calma, porque ainda não tinha feito nenhum desenho dela que me tivesse deixado satisfeito. No domingo, durante o almoço, com pratos de lado e talheres e copos desviados, desenhámo-nos um ao outro. 
Com risos pelo meio, claro, pois desenhar a olhar de frente uma pessoa que admiramos não é fácil...

Os pais disseram que parece mais velha. Talvez, mas eu fiquei satisfeito com o resultado final.

sexta-feira, junho 21, 2013

exames


A época de exames nacionais deixa-me sempre várias sensações...

A primeira é a mais egoísta: "que perda de tempo eu ter de estar numa sala durante duas horas e meia com tantas outras coisas que tenho para fazer". Estas são mesmo as horas gastas mais parvas dos meus dias...
Depois deixo-me levar pelos rostos dos alunos que estão a fazer o exame. Penso nas horas que eles estudaram antes de chegar ali. Toda aquela concentração em função de um objectivo que pretendem atingir. Todo aquele nervosismo de quem sabe que não pode falhar...

... saber que não se pode falhar é mesmo o grande ensinamento da escola dos últimos séculos. Ninguém  se preocupou em educar-nos para o erro, como lidar com ele, como apreciá-lo e construir a partir dele...

Mas viva o desenho! Valoriza tanto o processo que o erro pode tornar-se o elemento mais importante...

quarta-feira, junho 19, 2013

Nas ruas de São Bento

Inaugura amanhã, na Fundação Mário Soares, às 18h00, a exposição coletiva dos urban sketchers portugal. Eu tenho lá dois desenhos. 
É pouco, mas foi o possível!

sábado, junho 15, 2013

Passeio de turma

O dia começou de bicicleta. Bem cedo. De casa ao comboio são 5 min. Apanhei o comboio das 7h08 que levou 32 min. a chegar a Entre Campos. Mais 10 minutos a pedalar e estava no ponto de encontro.

Chegados a Constância, passámos a manhã inteira a fazer canoagem no Zêzere. Ainda pensei levar o caderno para a canoa, mas era demasiado perigoso. Demasiado mesmo, porque a canoa acabou por virar-se e levar-me à água...


Ao almoço, pedi para desenhar um dos meus alunos. Durante todo o processo, acabámos por apanhar um escaldão nas pernas. O desenho é uma actividade lenta, demorada e focada. No meio de tudo até nos esquecemos do resto...
O Artur é um rapaz cheio de talento. Pensa como um engenheiro, gosta de desafios e enigmas para resolver. A informática é a sua área de eleição, especificamente programação.


A seguir ao almoço passeámos pela vila e só houve tempo para desenhar uma parte da praça Alexandre Herculano (que está no desenho acima), pelo que só consegui voltar a desenhar alunos dentro do autocarro. Claro que, com toda a tremideira, tive de optar por fazer desenhos cegos. Foi o possível...

Dos cinco feitos, houve um em que não fui capaz de colocar o nome. Queria que tivesse corrido bem, mas foi mesmo um desastre. Ok, é desenho cego, mas há desenhos que queremos mesmo que corram bem e normalmente são esses que correm mesmo mal...
Hoje, na festa final de ano do colégio, vou tentar redimir-me e desenhar a Mariana em condições!

segunda-feira, junho 10, 2013

workshop: museu de S. Roque


Criaram-se as condições para que acontecesse um workshop em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. São tantas as possibilidades que decidiu-se começar pelo museu e igreja de S. Roque. Se tudo correr bem, este será o primeiro de vários em diferentes locais...

No dia 30, das 10h às 18h, vamos ter a possibilidade de ter uma visita guiada ao museu, desenhar e relacionar algumas das peças mais emblemáticas e entrar em zonas com acesso restrito como o terraço da igreja e os dois torreões que têm uma vista fenomenal sobre Lisboa.

Será um dia em cheio. Parece-me que é a não perder!

Inscrições e esclarecimentos para o meu mail: linhares.mr@gmail.com

segunda-feira, junho 03, 2013

Lisboa: Rua da Conceição


Lisboa é mesmo uma cidade incrível para desenhar. Tem tudo: luz, colinas, cabos eléctricos, quarteirões ortogonais, ruas a subir e a descer e em curva, o castelo, o Tejo, pessoas em movimento, em esplanadas, turistas a olhar para o ar, etc, etc...

Esta Rua da Conceição faz-me sempre viajar para o tempo em que estudava nas Belas-Artes. E que viagem bonita!

domingo, junho 02, 2013

Coleccionar sons

Sons que inspiram uma história...
Os desenhos são do que vemos.
A história é sobre o que ouvimos...

sábado, junho 01, 2013

A máquina certa


Há terrenos que decidimos percorrer que não podem ser pisados de qualquer maneira.
Muitos nos dizem: "não vás por aí que não tens hipóteses" ou "por aí não vai dar nada"...
Ficamos a olhar para os terrenos sem saber o que fazer. Queremos ir por ali, mas parece que não nos deixam. Queremos seguir em frente, mas parece que nos querem convencer que não temos as características certas para o fazer, que é mais seguro ir pela estrada ao lado.

Ontem tive de deitar cá para fora o que me ia na alma. Mostrar que há terrenos que só podem ser feitos de tractor, contra tudo e todos. 
Qual é o problema de estarmos habilitados a conduzir um Ferrari e, ainda assim, escolhermos um tractor? 
Há terrenos que só podem ser lavrados por algumas pessoas, as mais talentosas. Vão ter de lavrar muito, claro, porque a terra é dura no início. Vai dar muito trabalho, mas os frutos não crescem no alcatrão nem nos carreiros de atalhos, nascem na terra boa, aquela que nós cuidamos diariamente e, por isso, a conhecemos. Vamos descobrindo onde semear cada semente, cada coisa no seu lugar, até conseguir tirar da terra as melhores colheitas, aquelas que nenhum outro conseguiria tirar...

Andava com um peso na alma há demasiado tempo...
Ontem fiquei aliviado...
É tão difícil ajudar sem condicionar...
Acho que é mais difícil do que convencer alguém que um tractor é melhor que um Ferrari!

quinta-feira, maio 30, 2013

segunda-feira, maio 27, 2013

Castro Laboreiro

Fica a 500 quilómetros de Lisboa, mas vale a pena!
No planalto de Castro Laboreiro encontramos estes monumentos megalíticos.


O que impressiona verdadeiramente é saber que estão ali há milhares de anos. A maioria das mamoas ainda estão tapadas, intactas desde sempre...
Ao estar ali no planalto, sem barulho nenhum, com cavalos ao fundo, numa paisagem de perder a vista, lembrei-me do meu professor de História da Arte da faculdade de Belas-Artes. Dizia ele que o primeiro homem religioso foi o que enterrou pela primeira vez um humano...
... acho que ele tem razão. Quando nos questionamos sobre a vida, não conseguimos ficar-lhe indiferentes...
Foi impressionante estar ali a desenhar!


Na procura por mais dólmens (o túmulo em pedra) descobertos, fui andando pelo planalto até chegar à parte espanhola. 
A vedação que nos separa é tão frágil...
Somos mais parecidos do que imaginamos...


Talvez não se perceba bem aqui, mas o planalto é mesmo assim: revestido de uma calma transbordante...

domingo, maio 26, 2013

Etna




Este ano, no retiro de diários gráficos, a Patrícia Pedrosa gravou livremente, com o olhar tão típico dela, cada momento que lhe chamou a atenção.

Foram seis temas, pelo que haverá seis vídeos. Este é o primeiro dessa série. O tema central era: "aspirai às coisas do alto". A subida ao vulcão Etna convidava a que este tema fosse o certo...

Nem por acaso, hoje estive a falar do retiro a uma pessoa. No final pediu-me para lhe reservar um lugar no próximo...
... preocupa-me que, antes de saber onde o próximo vai ser, já tenha o retiro esgotado...

... que grande responsabilidade!

quarta-feira, maio 15, 2013

workshop de diários gráficos - Estoril


No próximo dia 2 de junho irei orientar um workshop de diários gráficos no Estoril, a 5 min. da praia, com temas bem propícios ao calor e à cor.

O workshop é dirigido a pessoas que querem iniciar um diário gráfico, mas também às que já o usam e querem explorar novas hipóteses de registo.

Será um dia intensivo, das 10h30 às 18h00.

Inscrições e esclarecimentos para o meu mail: linhares.mr@gmail.com

sábado, maio 11, 2013

brompton


O bom tempo veio finalmente, assim como o final das greves da CP. Com isso, voltei a usar minha Brompton diariamente. Que bom que tem sido...

Este desenho foi interrompido duas vezes. A primeira foi logo a seguir a ter feito a primeira linha do celim...
À segunda interrupção já não voltei a ele. Deixei-o assim... inacabado...

Tal como no desenho, há coisas que mais vale a pena deixar inacabadas...


quarta-feira, maio 08, 2013

pedra no charco

Estou triste hoje...
... levei com umas pedradas no charco...

... depois de 3 anos com uma turma, nem um aluno vai escolher artes visuais no secundário...
... não os condeno. Já são crescidos e sabem tomar decisões. Eu é que fico a pensar nas minhas aulas... nos exercícios que lhes proponho...

... acho que não sei ser melhor professor...

Hoje estou triste...
... espero estar melhor amanhã...