sexta-feira, dezembro 21, 2012

domingo, dezembro 02, 2012

Madalena


A Madalena é nova na escola e se calhar, por isso mesmo, não tirou os olhos do papel enquanto nos desenhávamos...
O exercício era sobre a verdade. Como é que colocamos no papel o que vemos como verdade? A ferramenta que temos treinado desde os 6 anos é insuficiente. A escrita pode descrever, mas sente-se sempre que falta algo. E será que o desenho pode ser um bom auxiliar? Com as suas linhas mais livres que não definem palavras mas imagens? E a cor? Se for bem construída também pode ajudar...

O que é certo é que o exercício de transpor o que vemos (e temos tanta noção de que isso corresponde à verdade), nos leva a perceber que vemos muito mal porque vemos muito rápido. 
É tudo uma grande impressão e quando queremos observar com atenção, descobrimos que andamos a desperdiçar tantos detalhes importantes...

Nesta constatação acontecem duas coisas: espanto e vergonha.
Quem se espanta alegra-se e fica com vontade de continuar a alimentar-se desta visão mais completa do que o rodeia. Depois de saborear os pormenores fica com fome e sede de mais...
Quem se envergonha baixa o olhar e pode ter medo de se confrontar com os limites da percepção visual. Sabe que o puzzle não está completo, mas não tem coragem de ir à procura das peças...

Só há uma solução: continuar sempre sem desistir!

domingo, novembro 18, 2012

Retiro de diários gráficos: Sicília


Itália, Sicília - 21 a 25 de março de 2013

Depois de alguma expectativa, eis que surge o anúncio do próximo retiro de diários gráficos. Será na Sicília, Sul de Itália, no sopé do monte Etna.

O tema central é o de sempre: O espiritual no desenho.
Os subtemas nasceram da fantástica oportunidade do retiro acontecer em Savoca, num antigo mosteiro dos Capuchinhos.

O preço inclui todas as despesas.

As vagas são limitadas, tal como nos anteriores retiros.

Lugares disponíveis: 0 (esgotado)

Esclarecimentos e inscrições para o meu email: linhares.mr@gmail.com

quarta-feira, novembro 14, 2012

estatueta mexicana

A Ketta está a fazer uma edição especial de cadernos para o Museu do Carmo com desenhos na capa. São cinco e cada um tem um desenho diferente.

Este ficou fora da colecção porque não ficou aguarelado a tempo. Nesta terça feira fui lá e terminei as cores. 
Segundo percebi são réplicas de estatuetas mexicanas, feitas para vender aos turistas. Mas agora estão no museu...
Ele há coisas...

terça-feira, novembro 13, 2012

alunas

A Maria Inês está por terminar. Não deu tempo para mais e ficaram só os olhos e parte dos óculos.
A Inês Falcão está com a seriedade de quem está a desenhar. Ficamos sempre com um ar diferente... aqui ela parece mais velha do que é na realidade...

Afonso Gil

O Afonso é um amigo que tem muita facilidade no processo criativo.
Criou a empresa ByAgil e faz padrões incríveis...
Em Fevereiro vai estar na feira de Frankfurt, na secção Talents, uma das mais conceituadas do mundo.

Parabéns Afonso. É um prazer ser teu amigo e poder desenhar-te!

domingo, novembro 11, 2012

múmia


O Museu do Carmo tem três múmias. Duas estão disponíveis para desenhar e outra não.
As que estão disponíveis são duas crianças, uma rapariga e um rapaz. O estado de conservação é incrível e é impossível não as desenhar...

Também é inevitável pensar na morte. Esta ideia de nos preservarmos perante o último suspiro tem sido o grande desafio da humanidade...
Enquanto desenhava, ganhava a certeza que não era mumificado que a minha vida deveria ser lembrada...

quinta-feira, novembro 01, 2012

Conferência | O espiritual no Desenho



No dia 7 de novembro irei fazer a primeira conferência sobre o tema da minha tese de mestrado: O espiritual no desenho, no Museu Arqueológico do Carmo, ali mesmo no coração de Lisboa.

É engraçado como as coisas são. Ainda não consegui terminar a tese embora já tenha tanto trabalho recolhido e textos elaborados. Os novos desafios estão sempre a surgir e parece que a tese vai ganhando corpo até à sua entrega final.

Esta conferência, esta apresentação pública de uma investigação teórica e prática que me diz muito, é mais uma etapa deste processo.

Estão todos convidados a aparecer e ouvir aquilo que têm sido as experiências fantásticas dos retiros de diários gráficos. 


quarta-feira, outubro 31, 2012

Arthur Paiva e Pona


Se repararem com atenção, em várias reportagens da rtp, na parte dos créditos, aparece o nome do Arthur.
Conheci-o através da Patrícia Pedrosa e trabalhei com ele na edição deste documentário.

No fim de semana de 20 e 21 de outubro, quinze anos depois, voltou a desenhar...
E com entusiasmo!

domingo, outubro 28, 2012

bicicleta


Não dão chuva para esta semana e estou indeciso sobre comprar o passe da CP ou não.
É que se fosse só a chuva, acho que não teria dúvidas. O problema é nunca saber quantos dias de greve vão haver. Será que compensa comprar o passe?

A minha brompton está dobrada há alguns dias e queria muito desdobrá-la de novo. 

Cars are so yesterday - ouvi eu no outro dia da boca de uma holandesa...


sábado, outubro 27, 2012

Entranhas


Desenhar as entranhas de alguma coisa é como aceitar ir numa viagem para destino incerto. Sabemos onde começamos, mas não sabemos onde vamos acabar.
Podemos simplesmente deixar-nos ir, sem preocupações de maior, ou, então, observar tudo com muita atenção e registar exaustivamente como se fosse uma garantia de reconhecer o caminho de regresso a casa...

Desenhar as entranhas é como beber um vinho antigo. Tem tanto para contar...
Ainda que não se consiga desenhar tudo...
Ainda que não se consiga beber a garrafa toda...

sexta-feira, outubro 26, 2012

Gulbenkian

Depois de um fim de semana inteiro a desenhar, a segunda feira começou alucinante com uma produtora a gravar a aula em que o Lapin foi falar aos meus alunos. Depois de almoço fomos para a Gulbenkian para gravar umas entrevistas. O programa 10x10 está a andar sobre rodas e sentia-me em piloto automático sem questionar sequer o que se ia fazer a seguir.
Quando dei por mim, estava à espera que o Ricardo Jacinto acabasse a entrevista dele e perguntei-me: por que raio não estou a desenhar? 

Acho que estes dias de chuva me estão a tirar um momento especial, as viagens de comboio. É nelas que costumo fazer essa questão a mim próprio: por que raio não estou a desenhar?

terça-feira, outubro 09, 2012

Bussaco


Quando se passam dois dias inteiros a desenhar acontece uma espécie de overdose de desenho...

Comigo, o normal é que os primeiros corram bem e os últimos sejam uma miséria. O cansaço dá cabo de mim e dos desenhos.
Admiro o Zé Louro que, quando já estamos todos de língua de fora, está ele a dizer: "agora é que já estou quente!"

Deixo aqui o Palace Hotel, mesmo no coração da Mata do Bussaco, feito depois de almoço, com a moleza digna de uma bela comezaina...

terça-feira, outubro 02, 2012

Vintage no diário gráfico

A ideia nasceu e, finalmente, ganhou forma!
Eu e o Lapin vamos orientar um workshop no fantástico museu do Caramulo, onde se encontram alguns dos carros mais antigos e belos de Portugal.
Tudo vai acontecer a 20 e 21 de outubro e há uma tarifa especial no hotel do Caramulo para quem se inscrever no workshop.

Só há 20 vagas, ou melhor, 10, porque já estão inscritas dez pessoas. Despachem-se a decidir...

O programa pode ser visto aqui.

Inscrições por email: diariosgraficos@gmail.com

quinta-feira, setembro 27, 2012

fim de tarde


Ando cheio de trabalho. Espero que o que vou escrever a seguir não seja lido por muita gente pois até pode parecer mal...

O trabalho abunda. Jorra por todo o lado. É impossível escapar-lhe. Vem ter comigo. Parece um íman. Não dá para perceber...

Tudo isto faz com que ande muito mais organizado do que antes. Tenho de aproveitar bem o tempo. Fazer com que renda. Chego a casa e tenho de dar resposta às solicitações que estão pendentes no mail. É incrível como parece que nascem mails como cogumelos na minha inbox...

Eram sete e quarenta e cinco e estava embrenhado a resolver a imagem do próximo workshop que estou a preparar com o Lapin (preparem-se que vai ser de arrombar!), quando me apercebo que havia algo a chamar por mim lá fora no terraço...
... fui chamar a Ketta a correr e ficámos ali a olhar para o palácio da Pena com a linha do horizonte retalhada pela serra de Sintra e o sol a ir-se embora...

Tirei uma fotografia, minimizei tudo o que estava a fazer e vim ao blogue guardar esta memória. Afinal, é para isso que ele serve, para guardar a minha memória...

sexta-feira, setembro 14, 2012

D. Henri Teissier


Fotografia: Ana Paula Xavier


Aconteceu ontem em Lisboa a conferência de D. Henri Teissier.
Homem sábio nas palavras.
Foi uma delícia ouvi-lo e desenhá-lo.

sábado, setembro 08, 2012

Christophe Lebreton

Na Argélia, um monge trapista fez um diário enquanto viveu entre a comunidade muçulmana. Escrevia todos os dias pequenas acasos, ligações entre pessoas e as meditações dele.
Christophe Lebreton era o responsável pela parte agrícola do mosteiro e, por isso mesmo, tinha vários amigos muçulmanos com quem trocava ideias sobre o cultivo e outras reflexões.
Raptado com grande parte da sua comunidade, acabou por ser morto por extremistas islâmicos.

O seu diário foi mote de inspiração para Henri Teissier, bispo de Argel, que fez uma selecção e destacou excertos comentado-os e enriquecendo-os.

A edição portuguesa está pronta e vale mesmo a pena. O prefácio é do P. Tolentino Mendonça e, no dia 13, há a oportunidade de ver o filme: "dos deuses e dos homens", seguido da conferência e apresentação do livro. Acontece tudo na sala do Montepio - Rua do Ouro, 219.

Dia 13 de Setembro
16h30 - projecção do filme
18h30 - conferência de Henri Tessier


Da minha parte, pediram-me para fazer a capa do livro. Depois de o ler, optei por desenhar parte da pequena oliveira que temos aqui em casa. A ligação à agricultura tinha de existir, não só através do desenho, mas também pela cor. O castanho avermelhado remete para a cor da terra e para o sangue do martírio.
O desenho tinha de estar inacabado, porque a vida do Christophe também ficou inacabada. O ramo da oliveira tem folhas novas e fruto, porque este livro torna a vida dele mais imortal, possibilita-nos entrar no seu mundo e reflexões.
Este primeiro desenho é o original que deu origem à capa do livro (em baixo).



Para quem não está em Lisboa, Henri Teissier irá estar nos seguintes locais:

15 de Setembro - Fátima - 9h15 (jornadas missionárias)
17 de Setembro - Ermesinde - 21h00 (fórum cultural de Ermesinde)
18 de Setembro - Porto - 21h30 (auditório da Universidade Católica do Porto)
19 de Setembro - Braga - 21h00 (auditório Vita)

segunda-feira, agosto 13, 2012

Manta de retalhos

Este é um dos exercícios que gosto mais de fazer, sobretudo quando tenho cadernos grandes para desenhar e acho que é nos períodos grandes da nossa vida que este tipo de acontecimentos tem mais propensão para acontecer. Os assuntos misturam-se, encadeiam-se e, quando nos damos conta, fazem parte de um todo, mesmo que sejam como ilhas.

É como me sinto neste momento. Num período de paragem, mas com demasiados de assuntos cruzados.
Eles entusiasmam-me, mas fazem-me dormir menos...
Eles dão-me energia e vontade, mas fazem-me deixar tanta coisa para trás...
Eles fazem-me pensar que vale a pena viver, mas só consigo fazer um de cada vez...

Tantos livros para ler e uma só vida - como disse o Almada...

E as férias são apenas um dos temas deste período...

domingo, agosto 05, 2012

Largo Camões

Acho que estou a meter a casa em ordem.
Este desenho ainda é do último workshop que o Claudio Patanè fez em Lisboa...

sábado, agosto 04, 2012

Citlali

Na semana passada encontrei-me com a Citlali (com pronúncia francesa lê-se: Citl'âlí). De origem mexicana e nome ancestral, vive em França, e trabalha no mundo artístico da música com uns amigos. Também desenha e viaja. Auto publica depois os seus desenhos em livros encadernados por ela.
De passagem por Lisboa, contactou-me e marcámos uma tarde para desenhar juntos. Fiz duas tentativas para a desenhar e embora ache que exista algo dela nos dois desenhos, a verdade é que nenhum deles me satisfaz...
... mas o desenho é isto mesmo: há sempre algo nele que nos fascina...

Deixo aqui também o blog dela.

quinta-feira, agosto 02, 2012

Zé Louro


No dia 22 de julho, em Sintra, houve oportunidade de fazer este desenho do Zé Louro
A página começou com um desenho da Manuela Rolão, mas depois ela foi-se embora e o Zé acabou por prevalecer.

Desafiados pelo Richard Câmara, hoje à noite vamos comer uns pregos na "melhor" cervejaria de Lisboa!

sexta-feira, julho 20, 2012

Diário Gráfico: Portugal

Desde dia 16 que tenho estado em residência artística na Gulbenkian com o projecto 10x10. Como acaba só amanhã não vou conseguir ir ao encontro de diários gráficos para desenhar os Tall Ships, mas apareço por lá a partir das 19h00.

No primeiro dia houve, como não podia deixar de ser, o clássico momento de apresentação. Propus-me desenhar as pessoas enquanto elas falavam. O Miguel, por exemplo, falou tão rápido que teve mesmo de ficar inacabado...

domingo, julho 15, 2012

Diário Gráfico: Portugal

Desde que vi os cadernos de viagem do Stefano Faravelli que fiquei com vontade de experimentar canetas de cores diferentes.
Ando com uma castanha e a minha querida Pilot 0.4 preta...

sábado, julho 07, 2012

Diário Gráfico: Portugal

No passado dia 1 de julho estive 4 horas e meia nos Jerónimos.
Cheguei ao CCB pelas duas e meia e já lá estava a Estela à nossa espera, minha e da Ketta. Entre ir tomar um café e ir logo para os Jerónimos, optámos por nos colocar a caminho, já que o grande momento ia começar às quatro e aquilo prometia encher. Lugares já não havia, pelo que deambulámos um pouco por ali e acabámos por nos sentar o mais à frente possível, no chão e encostados à parede do lado direito. Instalados, tirei o caderno e comecei à procura do que desenhar. Tenho tempo, há que escolher bem - pensei enquanto chegava cada vez mais gente e se amontoava tudo lá à frente...
Vou desenhar o teto. O mistério do que vai acontecer aqui merece uma aventura complexa da caneta pela página branca.

No dia 1 de julho, o Nuno Branco foi ordenado padre.
Assim que a aventura começou, fechei o caderno e segui atento as três horas de missa.
Não me atrevi a desenhar... é que há coisas que mais vale estarmos quietos. Não fazemos nada, não pensamos nada, não dizemos nada. Estamos só ali, sem fazer nada porque está tudo a acontecer...

No final, já com dores nas pernas fomos embora sem lhe dizer nada...
Mas não será nada.
Vamos ter muito que falar e desenhar juntos!