sexta-feira, abril 22, 2016

Cela de La Tourette


O dimensionamento de todo o espaço arquitectónico, para o Le Corbusier, é baseado no modulor, o que faz com que o pé direito das celas seja de apenas 2,26 mt. 
Num primeiro momento há, de facto, uma sensação de compressão, diria mesmo claustrofobia. Contudo, ao segundo dia, é impressionante o sentimento acolhedor que se tem na cela, sobretudo quando utilizamos os outros espaços comuns como o refeitório, capela, biblioteca, sala de visitas, etc.

A Sara Amado (uma colega minha professora nas Doroteias), lançou então um exercício de desenho dentro da cela. Fiz três desenhos na mesma dupla página, mas já não tive tempo de desenhar a secretária e a pequena varanda. Espero que fique para uma próxima! :)

quinta-feira, abril 21, 2016

Deserto de Marrocos


A minha paixão por África é mais especial pela África Negra, aquela que fica abaixo do Deserto Saara, mais pobre, chamada de Subsaariana. Talvez por isso nunca tenha ido ao Norte daquele continente majestoso. Mas é quando menos esperamos que damos por nós a ir aos locais mais inesperados. Fruto do meu trabalho de investigação dos últimos anos O espiritual no desenho, fui convidado a organizar um retiro de diários gráficos no deserto de Marrocos com o P. Nuno Branco sj.
O programa está fechado e tenho a sensação de que será uma experiência única de deserto...

Mais informações, inscrições e programa podem ser pedidos aqui.

La Tourette - land art


Um dos exercícios propostos aos nossos alunos baseava-se na Land Art e de como podemos e devemos habitar o nosso território.
Com um terreno próximo dos 60 hectares, cada um deveria descobrir o seu habitáculo e fazer ali uma intervenção artística que não danificasse a natureza. A isto seguiu-se um percurso de visitas aos habitáculos e respectiva explicação:
- A Anabela espetou ramos no chão, simbolizando as rotinas diárias e as quebras dessas rotinas.
- A Ana S. juntou ramos caídos num tapete metafórico à entrada de uma escadaria, como que a convidar-nos a entrar.
- O Francisco colocou ramos no caminho guiando-nos até à gruta, de onde se avistava o convento.
- A Eva foi para fora dos muros do convento e queria reconstruir as partes caídas com ramos caídos.
- A Rita A. encontrou uma bifurcação e colocou ramos no chão a simbolizar as escolhas que fazemos.
- O Vasco encontrou a base de uma árvore cortada, coberta de musgo, e alinhou vários ramos centralizados com a base do tronco.
- A Sofia colocou paus e pedras a proteger uma flor que estava a despontar.
- O Manuel Tiago juntou musgo num abrigo e colocou uns ramos encostados como assinatura.
- O João L. alinhou ramos por cima do musgo como respeito pelo espaço.
- A Matilde encontrou um código gravado numa pedra e reproduziu-o em grande através de ramos caídos.
- O Rafael pegou em ramos caídos e deu-lhes uma segunda vida, centralizados e alinhados ao alto.
- A Carolina M. bloqueou o caminho para nos obrigar a parar e observar o que nos rodeia.
- A Rita B. transportou ramos e troncos e fez a sua cama com uma vista paradisíaca para o prado verde em frente a um muro caído.
- Eu: pedi que todos gravassem nos seus smartphones o som do percurso que estavam a fazer até chegarmos ao meu local e, chegando lá, que colocassem "play" para termos as feridas sonoras do nosso impacto na paisagem. Fiz um vídeo com o som coletivo que fica guardado para a história...

quarta-feira, abril 20, 2016

Duas novidades



Este domingo estarei na FNAC do CascaisShopping, pelas 16h, para apresentar o livro de Lisboa escrito pelo Fernando Pessoa. Levarei também as serigrafias da panorâmica de Lisboa vista do aqueduto de águas livres (que vão estar à venda na Fnac). Ainda não sei bem a que preço vão estar, mas colocarei aguarela a quem pedir.




A Escola Superior de Comunicação Social tem uma revista online e abriu uma nova secção chamada "Artista do Mês". Convidaram-me para ser o primeiro e lá fui eu ter com a Andreia, numa pastelaria da Baixa para a entrevista. Falei do desenho e de como ele é importante na minha vida. Podem ler a entrevista completa aqui.

terça-feira, abril 19, 2016

La Tourette - a cripta


Ao terceiro dia, pedimos ao Fr. Jean François que nos falasse da Ordem Dominicana. É que ir ali e não compreender quem lá vive, a sua história e o que fazem agora, parecia-nos uma falha imperdoável...

Impressionante a simplicidade com que se regem. Não fazia ideia que era tão simples...
Também muito impressionante foi perceber que todos estes monges têm como especialidade a comunicação. São professores universitários, um deles de arte contemporânea, com conhecimento sem fim à vista...

Depois fomos à cripta. Projectada antes do Concílio Vaticano II, servia para a missa diária pessoal de cada sacerdote. Dizia-nos o Fr. Jean François que, na altura, aquilo parecia uma fábrica de missas! :)
Com as mudanças, cada sacerdote passou a poder co-celebrar a missa diária, pelo que esta zona do convento deixou de ser utilizada.


Como era suposto ser uma zona privada, o Corbusier projectou-a dentro da capela grande, mas numa área escondida. Contava-nos o Fr. Marc (o que é professor de arte contemporânea) que o Corbusier escolheu as cores por instinto. Foi lá um dia tentar escolher, mas disse que estava muito cansado para decidir. Dormiu e, no dia seguinte, escolheu-as por puro instinto. Se fosse noutro dia, os tons seriam, provavelmente, outros.


Cada um destes altares em betão tem uma pedra com 5 cruzes gravadas que representam as chagas de Cristo. Numa pequena parte está guardada uma relíquia de um santo. É o que todos os altares devem ter: pedra e relíquia.

Depois de 4 desenhos rápidos da cripta, olhei para as cruzes em baixo relevo e apeteceu-me mesmo fazer estes decalques. Não tinha lápis, mas uma aluna emprestou-me um 3B que serviu lindamente!

segunda-feira, abril 18, 2016

La Tourette - dia 2




No segundo dia levantei-me cedo: 7h00.
Noite tranquila porque os alunos rapazes dormiram sem barulho ou confusões. Pedimos-lhes que nos dessem os telemóveis para não ficarem ligados ao resto do mundo durante a noite e só um é que não acedeu. A proposta era difícil, mas valiosa: quantas vezes é que podemos viver a 100% esta experiência?

Nessa manhã fui às laudes.
É difícil descrever os sentimentos de estar numa capela sobreelevada na paisagem, com uma parede envidraçada do chão ao tecto e uma vista deslumbrante.
Entretanto, aos poucos, vão chegando os monges dominicanos. Às 8h00 começam as laudes todas cantadas...

É inspiradora esta forma de começar o dia, agradecendo tudo o que nos rodeia, toda a vida que temos e que não pedimos, apenas nos foi dada gratuitamente para podermos fazer dela maravilhas.

sábado, abril 16, 2016

La Tourette, by Corbusier


Tudo começa com a vontade de dar aos alunos de Artes Visuais das Doroteias a experiência artística mais completa possível.
Desde há muitos anos que saímos todos juntos para desenhar e cultivar o espírito artístico durante 4 dias numa qualquer cidade longe de Lisboa. Este ano foi em La Tourette, com "escala" em Lyon.


Aterrado o avião, esperava-nos um percurso de 35 minutos de autocarro por estrada boa.
A experiência da chegada ao convento é única. Vivem lá os irmãos dominicanos em regime de simplicidade. Fomos recebidos pelo Fr. Jean François que nos explicou as regras dentro do convento.
Feita a acomodação, reunimos numa sala para fazermos o exercício de apresentação preparado pela turma do 12.º ano. Fiquei com a Madalena...


A Ana Souza, arquitecta e estagiária nas Doroteias, guiou-nos pelo edifício chamando a atenção para várias particularidades. Eu desenhava o mais que podia, tirava apontamentos, queria "agarrar" aquele edifício o melhor que conseguisse.


Este primeiro dia não terminou sem uma ida à capela, local majestoso com uma escala gigante. 
Depois, antes de dormir, pegámos na leitura do cego que queria ver e desenhámos de acordo com a descrição de um colega. Olhávamos para o papel, mas era como se estivéssemos cegos, tal era a informação relatada que nos faltava.

Foi este o meu primeiro dia em La Tourette: cheio, intenso, talvez um pouco caótico até.

sábado, março 19, 2016

East-Timor meetings


A ideia mais antiga que tenho dos missionários é a do filme Missão que vi no meu 11.º ano numa aula de Português da António Arroio.

Ao fim de tantos anos, dei por mim em Timor Leste a fazer o registo desenhado das reuniões de dois missionários da Consolata (meus grandes amigos) com vários missionários em Timor, averiguando a possibilidade de irem para lá trabalhar.

Foi um privilégio acompanhá-los. Senti que estava a fazer história com estes desenhos. 
Tanto tempo depois, aqui estão eles a vir à tona...

O P. João Felgueiras é jesuíta e trabalha há mais de 40 anos em Timor. Chegou lá antes da invasão da Indonésia, manteve-se durante toda a instabilidade e ocupação sanguinária, sobreviveu quase por milagre ao massacre depois do referendo e por lá continua agora, já com 90 anos, ainda a construir escolas para que mais crianças possam estudar. Impressionante!

quarta-feira, fevereiro 24, 2016

Bye, bye New York City



Enquanto não vêm os desenhos de Nova Iorque, aqui fica o vídeo feito do avião, ao descolar da Big Apple.