Descobri por acaso a Lancheria do Parque. Estava tão cheia da primeira vez que lá passei que pensei para mim: de certeza que este sítio tem qualidade!
No dia seguinte fui lá jantar e a experiência foi maravilhosa:
Sentei-me e nem tive tempo de pedir a carta pois fui logo atendido. Expliquei que era português e que estava em Porto Alegre pela primeira vez.
- Turismo ou congresso? - perguntou logo ele.
- Congresso e exposição - respondi eu.
Olhei para a carta e não fazia a mínima ideia do que pedir. Perguntei: qual é a especialidade?
- Ah... você tem que comer Baurú, tem de ser...
- Então pode ser isso mesmo - respondi eu.
- E para beber? Tem que provar o nosso suco...
- Pode ser um de manga. Obrigado.
Tirei o caderno, a caneta e as aguarelas. "Tenho de desenhar aqui". De repente, veio o garçon com um jarro cheio de suco de manga e deitou um bocado no copo. Provei e disse: "que gostoso" (sim, o meu português já estava a ficar meio abrasileirado), pode encher o copo. Ele encheu e eu pensei que se tratava de uma espécie de prova de vinhos... mas... qual não foi o meu espanto quando ele deixou o jarro cheio para eu beber. "Tudo isso?? Meu Deus, estou mesmo num continente diferente..."
Bebi mais um pouco e comecei a desenhar desenfreadamente. Nada me escapava: o copo, as palhinhas, o jarro, o talão com a conta escrita à mão...
Estava em completo piloto automático quando chegou o famoso Baurú. Salivei de tal modo que guardei o caderno e esqueci-me do desenho, do que era desenhar, de tudo...
... naquele momento, apenas as minhas papilas gustativas estavam activas. Todo o meu ser estava focado em saborear o jantar... nada de mais interessante se sobrepunha...
Por isso esta minha página ficou assim. O Baurú fica apenas na minha memória de palato...
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