Ao visitar o museu de História Natural de Nova Iorque cheguei a uma conclusão que é um chavão: é mesmo impossível ver tudo num dia! Queria ler tudo, fotografar tudo, desenhar tudo, perder tempo em tudo. É uma viagem impossível... restou-me a resignação de ter tempo para fazer mais alguns desenhos lá dentro.
Com tanta escolha possível, estas morsas estavam como que a apelar que as desenhasse. Pensei várias vezes em desistir deste projecto de desenhar apenas com a tinta da china e o pau de madeira (parecia que havia sítios e temas que pediam outras técnicas), mas mantive-me sempre fiel ao conceito da minha viagem. Sentei-me perto do vidro, não no local mais confortável, mas aquele que me parecia ter o melhor ângulo e lá foi disto.
Todos sabemos como o desenho é como um íman que atrai atenções. Enquanto estive ali sentado, o que mais gostei, foi de ouvir tantas línguas diferentes a fazer comentários nas minhas costas, mostrando, inevitavelmente, as suas culturas. Uma mãe e filha portuguesas comentavam nas minhas costas:
- É isto que se vê aqui e que em Portugal não há: pessoas a desenhar nos museus!
- Hã! Hã... - respondia a filha adolescente com um ar desinteressado na conversa.
- Cidades como esta abrem-nos o horizonte, mostram-nos pessoas cultas que não encontramos lá. Pessoas a desenhar em museus! - insistia enquanto se afastava e o som da voz se ia ouvindo cada vez mais longe...
Os franceses e asiáticos são os que mais apreciam e elogiam o nosso trabalho. Metem conversa e fazem questão de dizer que gostam. Os da América Latina comentam, mas não metem conversa. Os americanos nem uma coisa nem outra...
3 comentários:
Ficaram lindas: gordas e preguiçosas!
Que belos posts! a prova de que não é preciso pôr côr em todos os desenhos!
Pois lá na minha tour do Verão tinha constantemente público à volta dos desenhos... é um pouco desconfortável mas é o preço de fazer algo de diferente do habitual para quem passa
Tens razão. Os mais curiosos e genuinos são as crianças e os asiáticos que até tiram fotos. O resto para e quando nos viramos fogem. Tão boa a inocência das crianças que ali ficam a ver. Como é que mudamos assim tanto?
Em Sarajevo estava nos degraus de um café quando o dono veio ter comigo com uma foto da filha e me pediu que fizesse um retrato dela no caderno e depois pagava. Tive de ser sincero e dizer que ia sair algo muito mau, Tive de insistir :)
Ou em Veneza na Praça de São Marcos que tive uma excursão de japoneses à volta e até bateram palmas quando acabei o desenho :D
Se não desenhássemos as viagens seriam mais pobres :)
Grande abraço!
Se não desenhássemos, as viagens era mesmo outra coisa...
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