domingo, maio 24, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


Agora em Maio a chuva começa a cair na Guiné.
Este rapaz vinha todo contente à chuva e só mais tarde é que abriu o guarda-chuva. Acho que a tentação de ficar à chuva é tanta que ninguém consegue resistir...
Imagine-se: calor e humidade perante a possibilidade de um banho refrescante do tamanho de um caudal de um rio!!

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Nowadays, in May, the rain starts to fall down in Guinea.

This boy was happily walking under the rain and only later did he open his umbrella. I think the temptation of standing in the rain is so much that no one can resist it…

Just imagine: heat and humidity before the possibility of a refreshing bath of the size of a river’s flow!!

sábado, maio 23, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


Com esta fotografia termino o ciclo dedicado a Kudom.
A escola do fundo já não é suficiente para todos os alunos, pelo que a população da aldeia teve de começar a construir outra. Por falta de "tudo", a construção está assim há não sei quanto tempo...

Há uns tempos atrás perdi uma aula inteira porque o computador portátil não queria funcionar. Fiquei chateado com a situação, claro está!
Quando olho para esta fotografia penso em como será dar aulas ali... e uma coisa é certa: não haveria nenhuma hipótese de ficar chateado com um portátil avariado.

Como será ensinar Arte na Guiné-Bissau? Ou melhor, com que arte é que se ensina na Guiné-Bissau?
A procura desta resposta encanta-me e motiva-me!

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This picture ends the cycle dedicated to Kudom.

The school in the back isn’t big enough for all the students anymore, so the population from the village had to start building a new one. Because there is a lack of “everything”, the construction has been like this for quite a while now…

Some time ago I lost a whole class because the laptop wouldn’t work. Of course I was upset with the situation!

When I look at this picture I wonder how it would be to teach there… one thing is for sure: there would be no chance I would get upset over a faulty laptop.

How would it be to teach Art in Guinea-Bissau? More, with which art do you teach in Guinea-Bissau?

The search for this answer charms and motivates me!


terça-feira, maio 19, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


Nesta fotografia vemos a ir. Anistalda - que durante este ano lectivo falou com dezenas de estudantes portugueses pelo telemóvel - e a Patrícia, grande responsável pelas imagens captadas em vídeo para o documentário Cuma qui bu na mansi?.

Ao meio temos o tema central: o poço. Este é em tudo idêntico aos que existem em Empada.
Escusado será dizer que grande parte da vida dos habitantes de Kudom e Empada anda à volta do poço:
- Quando o dia começa vão ao poço;
- A meio da manhã vão ao poço;
- Perto da hora da refeição vão ao poço;
- À tarde vão ao poço;
- Ao fim da tarde vão ao poço buscar água para se lavarem;
- À noite não vão ao poço buscar água para cozinhar porque não há jantar...

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In this picture you can see sister Anistalda, who has spoken to dozens of Portuguese students using a mobile phone during this school year, and Patrícia, greatly responsible for the video images captured for the documentary Cuma qui bu na mansi?.

In the middle we have the main theme: the well. This is similar to the ones of Empada. There is no need to say that a great part of the Kudom’s and Empada’s inhabitants’ life revolves around the well:

- when the day begins, they go to the well;

- in the midmorning, they go to the well;

- near meal time, they go to the well;

- in the afternoon, they go to the well;

- in the late afternoon they go to the well to get water to wash themselves;

- in the evening they don’t go to the well to get water to cook because there is no dinner…



domingo, maio 17, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


Cá estão as duas meninas de que falei num dos primeiros post's sobre Kudom.
Diz a tradição que nenhum homem as pode ver durante a semana anterior ao casamento, daí estarem tapadas. Como eu era "branco", a tradição não se aplicou e acabei por vê-las. Ainda levantaram o véu e tudo... não sei porquê mas decidi fotografar esse momento...

Não tenho coragem de publicar essa imagem.
Se fosse hoje nem sequer a registava...

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Here are the two girls I mentioned on one of the first posts about Kudom.

It is tradition that no man can see them during the week prior to the marriage, hence their covering. Since I was “white”, tradition didn’t apply, so I got to see them. They even lifted their veil … I don’t know why, but I decided to photograph that moment…

I don’t have the courage to publish that image.

If it were today, I wouldn’t even take it…


quarta-feira, maio 13, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


Em Kudom, tal como na maioria das aldeias da Guiné, as crianças têm hérnias umbilicais, fruto de más curas no corte do cordão umbilical à nascença e nos primeiros meses de vida.

A barriga inchada é sinal de subnutrição...

Apesar de tudo isto, as crianças corriam atrás de mim, posavam para a fotografia, riam-se ao verem-se no pequeno ecrã da máquina. Tocavam-me na pele rosada e sentiam os pelos dos braços como algo muito estranho...

Darwin tinha razão. A sobrevivência faz-nos desenvolver técnicas mais apuradas. Até ao nível biológico uns ficaram mais aptos a resistir ao frio do que outros...
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In Kudom, like in most villages in Guinea, children have umbilical hernia, a result of bad healing of the cut of the umbilical cord at birth and during the first months of life.

The swollen belly is a sign of undernourishment…

Despite all of this, the children chased me running, posed for the pictures, laughed when they saw themselves in the small camera screen. They touched my pink skin and felt my arm hair as something very strange…

Darwin was right. Survival makes us develop more accurate techniques. Even in a biological level, some are more able to endure the cold than others…

segunda-feira, maio 11, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


Aquilo que vemos ali no meio é um curral para vacas.

Kudom é uma terra de tratadores de gado. Em tempos idos, as vacas eram guardadas num local exterior ao centro da aldeia, mas como começaram a acontecer alguns assaltos, a população decidiu colocar o gado mesmo no meio, entre as casas. O resultado é um pouco mal cheiroso e cheio de moscas, o que faz de Kudom uma terra que nos obriga a algum tempo de adaptação...

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What you see in the middle is a cow corral.

Kudom is a land of cattle handlers. In the past, the cows were kept in a place out of the village, but as some robberies started to occur, the inhabitants decided to keep the cattle right in the center, among the houses. The result is kind of smelly and full of flies, which makes Kudom a land that requires some adaptation time…

domingo, maio 10, 2009

Áudio: Guiné-Bissau | Audio: Guinea-Bissau


Não resisti em colocar aqui um pequeno clip com uma música que se cantava lá em Empada.

Para não ficar totalmente a negro, montei estas imagens que mostram como a farinha era peneirada para separar as formigas que conseguiam entrar dentro dos sacos de 50 quilos...

Interrompo assim o ciclo dedicado a Kudom, mas não há problema...
Espero que gostem!
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I couldn’t resist showing a little video clip with a music that people sang in Empada.
So it isn’t totally black, I assembled these images that show how the flour was sifted to separate the ants that managed to get into the 50kg bags…
I am interrupting the cycle dedicated to Kudom but it’s no problem…
I hope you like it!


sábado, maio 09, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


Nestes recipientes guardam-se cereais, sobretudo o arroz.

Há um blog com informações preciosas sobre a Guiné que tem bastante informação sobre este assunto.



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These containers keep cereals, especially rice.

There is a blog with precious information about Guinea that has a lot of information on this subject.

sexta-feira, maio 08, 2009

Lomografia: Guiné-Bissau | Lomography: Guinea-Bissau


Aqui fica a primeira fotografia do ciclo Kudom.

Para se chegar lá temos de fazer um caminho de terra batida, cheia de buracos e muito traiçoeiro. A parte final foi feita a pé porque estava uma árvore atravessada no meio da estrada. Para terem uma ideia, o tronco caído no chão era mais alto do que eu - devia ter mais de 2 metros de altura.

Se Empada está isolada do mundo, Kudom está perdida no mapa...

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This is the first picture of Kudom’s photographic cycle.

To get there, we have to take a dirt pathway, with lots of holes and very treacherous. The final part was made on foot because there was a tree lying in the middle of the road. So you can have an idea, the log that fell on the floor was taller than me – it should be about more than 2 meters high.

If Empada is cut off from the world, Kudom is lost in the map…

quinta-feira, maio 07, 2009

Vídeo: Guiné-Bissau | Video: Guinea-Bissau



Aqui está o vídeo com a pergunta que lhe fiz. Desculpem não haver legendas, mas este vídeo está em bruto, não teve trabalho de edição nem de pós-produção áudio e vídeo.

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Here is the video of the question I asked her. Excuse me for the lack of subtitles but this is a raw video, it hasn’t had edition work yet, nor audio and video post-production.



sábado, maio 02, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


Em 2003 participei na gravação de um cd de música em que os lucros revertiam integralmente para a construção de uma escola primária em Kudom - Guiné-Bissau, na região de Quinara.

A 10 de Agosto 2008, fui pela primeira na vida à aldeia que beneficiou deste projecto. Vi a escola concretizada e vi mais; vi uma nova escola a ser construída ao lado!

Mas o que mais me marcou nesse dia não foi a escola construída...
Estava a acontecer um casamento na aldeia. Duas meninas estavam dentro de casa tapadas por um véu e não podiam ser vistas por ninguém. O marido respectivo estava em Buba (a cidade mais próxima) a fazer uma formação complementar de professor. Até aqui nada de especial não é? Pois bem, este professor estava numa posição delicada, pois era filho do chefe da aldeia e tinha tomado uma decisão que ia contra a vontade do pai: só queria ter uma mulher.
Para o pai, um filho ter apenas uma mulher seria uma desgraça, pois não havia garantias que os filhos que essa mulher lhe dava pudessem sobreviver e assim a descendência da família ficaria comprometida.
Durante a formação do filho em Buba, o pai tratou do casamento do filho com mais duas mulheres (meninas, entenda-se), dessa forma, quando chegasse a Kudom, ele já não teria hipótese a não ser aceitar essas duas novas mulheres...

Não sei o que está bem e o que está mal. Apenas sei que a cultura tem um peso enorme sobre as nossas vidas. Não consigo criticar ninguém, pois também eu vivo embebido numa cultura que me limita e guia as acções... para o bem e para o mal...


Acho que vou dedicar um ciclo fotográfico a Kudom...

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In 2003 I participated in the recording of a cd whose profits would be used to construct a primary school in Kudom (Guinea-Bissau, in the region of Quinara).

On the 10 August 2008, I visited the village that beneficiated from this project for the first time. I saw the built school and more: I saw a new school being built next to the other one!

But what marked me the most on that day wasn’t the built school...

There was a wedding taking place in the village. Two girls were inside the house covered with a veil and could not be seen by anyone. The respective husband was in Buba (the nearest city) doing a complementary teacher formation. Up until this, not much of a big deal, right? Well, this teacher was in a delicate position, as he was the son of the chief of the village and had taken a decision that went against his father’s will: he wanted to have a single wife.

For the father, his son having only one wife would be a disgrace, for there were no guaranties that his children with that woman would survive and that way the family’s descendancy would be compromised.

During his son’s formation in Buba, the father took care of the wedding with another two women (girls, that is) so that, when he got to Kudom, his son would be forced to accept those two new wives…

I don’t know what’s right and what’s wrong. All I know is that the culture has a huge weight upon our lives. I cannot criticize anyone for I too, live in drenched in a culture that draws my limits and guides my actions… for better or for worse…


I think I am going to dedicate a photografic cycle to Kudom...

sábado, abril 25, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


Eu já nasci depois do 25 de Abril de 1974 - imagino que a maioria dos leitores deste blog esteja na mesma situação - mas não é isso que me faz ficar indiferente à data.

Neste dia lembro-me sempre de uma música do Sérgio Godinho chamada Liberdade:

A paz, o pão, habitação
A saúde, educação,
Só há liberdade a sério
Quando houver
Liberdade de mudar e decidir
Quando pertencer ao povo o que o povo produzir

É impressão minha ou o dedo grande do pé da fotografia não tem liberdade de mudar e decidir? Está ali, preso a um trabalho que não escolheu...
Os outros dedos mais pequenos estão ali apenas a assistir, mas não têm trabalho...

Mas há algo que nunca muda: é sempre o pé descalço que dá o litro...

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I was born after the 25 April 1974 and I imagine that the majority of this blog’s readers are in the same situation, but that doesn’t make me feel indifferent to this date.

On this day, I always remember a song by Sérgio Godinho called Freedom:

The peace, the bread, habitation

The health, education,

There is only real freedom

When there is

Freedom to change and decide

When what the people produce shall belong to the people


Is it just me or the big toe in the picture doesn’t have the ‘freedom to change and decide’? it is there, stuck to a task it didn’t choose…

The other smaller toes are just watching, but they have no task…

But there is something that never changes: it is always the bare foot that works the hardest…




sábado, abril 18, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


Com esta fotografia termino o ciclo fotográfico dedicado à Safi.

A Safi é uma mulher corajosa: teve 7 filhos do primeiro marido - que morreu picado por uma cobra. Casou de novo e teve mais 7 filhos. O segundo marido abandonou-a. Três filhos morreram.
Quando ficou sozinha com 11 filhos, a família pressionou-a a casar de novo, pois não poderia ficar sozinha. Não aceitou essa situação por não saber que marido lhe iria calhar - se um que a ajudaria ou que a obrigasse a ter ainda mais filhos.

Por não aceitar casar de novo, a família recusou-a e teve de ir viver para Empada, renegada pela própria família...

A Safi que eu conheci era uma pessoa livre do peso e valores tradicionais. Pensava pela sua própria cabeça, fruto da coragem que teve em recusar mais um casamento.

É, no entanto, uma das pessoas mais pobres de Empada...

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With this picture, I finish the photographic cycle dedicated to Safi.

Safi is a brave woman: she had 7 children with her first husband, who died bitten by a snake. She got married again and she had another 7 children. Her second husband abandoned her. Three of her children died.

When she was left alone with 11 children, her family pressured her into marriage again, for she couldn’t stay alone. She didn’t accept the situation since she didn’t know what kind of husband she would get – one that would help her or one that would force make her have more children.

Because she didn’t want to remarry, her family refused her and she had to move to Empada, rejected by her own family…

The Safi I met was a woman free of the weight of traditional values. She thought with her own head, which was a result of the courage she had to decline yet another marriage.

She is, however, one of the poorest people in Empada…


quarta-feira, abril 15, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


Cá está o aspecto geral da casa da Safi.

Esta fotografia foi tirada ainda antes das 6 da manhã. Foi o dia em que fomos à horta. Era preciso chegar bem cedo para podermos filmar o início do dia. O fumo que se vê a sair do telhado de palha é da refeição que a Sumai (filha da Safi) já está a preparar.

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Here is the general look of Safi’s house.

This picture was taken before 6am. It was on the same day we went to the vegetable garden. We had to be there really early so we could film the beginning of the day. The smoke you see rising from the straw roof comes from the meal Sumai (Safi’s daughter) is preparing.



terça-feira, abril 14, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


Não consigo desviar o olhar da textura incrível da parede da Safi. Quando artistas não gostariam de criar aquelas marcas...

Os pés grandes da Safi também me impressionam, assim como a chaleira colorida, já para não falar da excelente peça de design que é a cadeira onde ela está sentada, mas as paredes da casa da Safi são uma coisa absolutamente fantástica!
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I cannot look away from the incredible texture on Safi’s wall. Many are the artists that would love to create those marks…

Safi’s big feet also impress me, such as the colourful chair, not to mention the excellent piece of design that the chair she is seating on is, but Safi’s walls are an absolutely amazing thing!



segunda-feira, abril 13, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


Quando no documentário a Safi diz que os filhos dormem no chão e que só ela é que tem uma cama, que mesmo assim tem as estruturas todas soltas, ela falava desta situação que vemos na fotografia. O chão é de terra e por cima está um colchão fininho assente directamente no chão.

Da esquerda para a direita:
Iama; Fámata; Cadijia; Franca; Safi e Aissatu.
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In the documentary, when Safi says that her children sleep on the floor and she’s the only one who owns a bed whose structures are loose, she was talking about this situation seen in the picture. The floor is dirt and directly on it lies a thin mattress.

From left to right:

Iama; Fámata; Cadijia; Franca; Safi and Aissatu.


domingo, abril 12, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


Hoje é domingo de Páscoa, mas publico esta fotografia da Safi. Já vou relacioná-la com o dia de hoje...

A Páscoa dos judeus celebra a passagem da escravidão no Egipto para a terra prometida em Canãa. Todos conhecem a história de Moisés que libertou o povo judeu atravessando o deserto durante 40 anos. Com os cristãos, a Páscoa passou a ser a maior festa cristã de que há memória. Há também uma passagem para uma nova vida, mas para os cristãos, esta nova vida deve ser cheia de confiança, com determinação, permitindo novas atitudes, deixando de lado receios, fraquezas, oscilações.

Muitas vezes não estamos dispostos a aprender com o que julgamos já conhecer. A nossa cultura está cheia de valores judaico-cristãos, mas parece que cada vez mais os queremos ignorar. É como olhar para um espelho e não querer ver o que lá se reflecte. Estranhamos o que vemos. É a estranha sensação de ouvir a nossa voz gravada - é nossa, mas temos dificuldade em reconhecê-la...

A Safi está a olhar para imagens em vídeo onde ela aparece. Provavelmente é a primeira vez que o faz. Provavelmente é a primeira vez que tem uns auscultadores nas orelhas para ouvir a sua própria voz...
... a sua expressão diz tudo: reconhece-se, mas acha tudo aquilo estranho, até com alguma piada...

Bom, para mim a Páscoa é uma oportunidade para aprendermos com os valores da nossa cultura. É colocarmos os auscultadores nos ouvidos, olharmos para nós próprios e perceber se nos reconhecemos no nosso projecto de vida ou se somos algo que não era suposto sermos...

... o dia a seguir à Páscoa é o primeiro de muitos que temos para consolidarmos ou alterarmos o que andamos a fazer!

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Today is Easter Sunday, but still I am publishing this photo of Safi. I will connect it to this day…

Jewish Easter celebrates the passage of Egypt’s slavery to the Promised Land in Canaan. We all know the story of Moses who freed the Jewish people by walking through the desert during 40 years. Christians made Easter the biggest Christian celebration that there is memory of. There is also a passage to a new life, but for Christians, this new life must be full of confidence, with determination, allowing new attitudes, leaving fears, weaknesses and oscillations aside.

Many times we are not willing to learn with what we think we already know. Our culture is full of Jewish-Christian values, but it seems as if we want to ignore them more and more. It is like looking at a mirror and not wanting to see what it reflects. We find what we see to be odd. It is the strange feeling of hearing a recording of our own voice: it is ours but we find it hard to recognize it…

Safi is looking to the video footage where she is featured. It is probably the first time she does it. It is probably the first time she has a set of headphones on her ears to listen to her own voice...

... her expression says it all: she recognizes herself but she finds all of that to be strange, even funny...

Well, for me, Easter is an opportunity for us to learn with the values of our culture. It is to place the headphones on our ears, to look at ourselves and realize if we recognize ourselves in our life project or if we are something we weren’t supposed to be…

… the day after Easter is the first of the many we have to consolidate or change what we are doing!



sábado, abril 11, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


A Aissatu come o que sobra da água de arroz...
A Safi come o seu único punhado de arroz diário...
A Sumai arruma os tachos onde cozinhou...
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Aissatu eats what’s left of the rice water...
Safi eats her daily share of rice…

Sumai keeps the pans where she cooked…

sexta-feira, abril 10, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


À janela da casa da Safi está a Norma, uma das suas filhas. No documentário "Cuma qui bu na mansi?, há uma cena em que aparece esta perspectiva com mais conteúdo. Podemos ver o interior, as paredes velhas, o tecto de palha, o chão de terra...

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By the window of Safi’s house is Norma, one of her daughters. In the “Cuma qui bu na mansi”, there is a scene where you can see this very perspective with more content. You can see the inside, the old walls, the straw roof, the dirt floor…

quinta-feira, abril 09, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


Mesmo ao lado da casa da Safi existe uma pequena horta onde ela cultiva algumas leguminosas. As duas cabritas que leva com ela são levadas para pastar no início do dia e recolhidas no final da tarde. Embora as tenha, a família come carne muito raramente. Só se justifica matar um animal num dia grande de festa!

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Right next to Safi’s house, there is a vegetable garden where she cultivates some vegetables. The two little goats she’s taking with her are brought to graze in the beginning of the day and taken back at the end of the afternoon. Although she owns them, her family rarely eats meat. To kill an animal is only justified on a festive day!

quarta-feira, abril 08, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


Este é o sistema de barrotes em madeira que sustenta o telhado de palha da Safi. Como chove dentro - o telhado só aguenta duas épocas de chuva - os recipientes para recolher água estão espalhados por todo o lado...

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This is the set of wood beams that supports the straw roof of Safi’s house. Because it rains inside the house, for the roof can only take two rain seasons, there are water recipients all over the place…

terça-feira, abril 07, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


A Safi a ser entrevistada.
Nem imaginam como custou fazer a selecção da entrevista sobre o o que iria ficar no documentário. Se pudesse publicava-a na íntegra...
... talvez aconteça numa edição especial futura do dvd...

Uma das perguntas que lhe fiz foi esta:
Se mandasses em Empada, o que mudavas?

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Safi being interviewed.

You can’t imagine how hard it was select the parts of the interview that would be featured in the documentary. If I could, I would publish the whole of it…

… maybe in a future special edition of the dvd…

One of the questions I asked her was this one:

If you were in charge of Empada, what would you change?



segunda-feira, abril 06, 2009

Fotografia: Guiné-Bissau | Photography: Guinea-Bissau


A Safi distribui a única refeição aos filhos: arroz branco.
Se conseguirem não comer tudo, sobrará algo mais para depois do trabalho, mais ao fim do dia...

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Safi hands out the only available meal to her children: white rice.

If they manage not to eat the whole thing, some of it will be saved for after the work and for the evening…