No Japão (quase) não se fala inglês e o melhor a fazer é adquirir internet móvel no aeroporto. Só isso nos dará a segurança de não nos perdermos completamente...
Sair do aeroporto e apanhar o comboio não foi difícil. Já sair da estação ferroviária e entender o caminho a tomar é que se revelou tarefa árdua. Tinha um mapa impresso e confiei no meu instinto e sentido de orientação, que não costuma atraiçoar-me, mas tomei o caminho inverso convencido que estava certo. Andei, andei, e andei. Sempre a estranhar, mas confiante que alguma referência ia aparecer. Passada meia hora a andar, perguntei a um jovem japonês se me podia ajudar. Foi a minha primeira experiência cultural:
- Can you help me?
- Hum...
- I need to find Chiba University. Do you know if I am in the right direction?
- Chiba University?
- Yes!
- Hum...
A cada hum... ficávamos uns bons segundos em silêncio e, por momentos, pensei que ele também não sabia, mas estava enganado. Ele sabia exatamente que eu estava completamente perdido, mas não mo disse. Isso seria uma afronta. Não o podia fazer. Em vez disso, tirou o iPhone, procurou no mapa como se estivesse também perdido e depois disse que me ia acompanhar até lá. Guardou o telemóvel e nunca mais o tirou. Caminhou comigo durante 45 minutos. Só me deixou quando cheguei. Agradeci o máximo que pude tamanha cortesia.
Foi a primeira lição no Japão: nunca dar a entender que percebemos que os outros estão enganados para não os humilhar.