sexta-feira, dezembro 11, 2015

a outra margem



Estamos próximos da grande celebração do Natal e a azáfama está prestes a tornar-se uma correria danada...

Tenho a sensação que Maria e José antecederam as palavras de Jesus quando saíram da sua terra, foram a Nazaré e, ali mesmo, longe de tudo e todos, deixaram que o inevitável acontecesse, ainda que rodeados de quase nada, e o menino nasceu. 

Anos mais tarde, já bem crescido, Jesus retirava-se para a outra margem quando se dava conta que as multidões o rodeavam. Creio que precisava da outra margem para encontrar o quase nada e, aí, alicerçar-se verdadeiramente...

A outra margem de Turim foi uma oportunidade para me dar conta que a visão de largo horizonte é aquela que nos coloca no lugar, dá-nos uma lição de humildade. 
A outra margem mostra-nos que a visão antiga é parcial. 
A outra margem implica ser capaz de abraçar a dúvida e a certeza, projeta-nos lá para a frente sem medo de perder as raízes do passado, da segurança.

Este tempo que antecede o Natal é isto para mim: atravessar para a outra margem para ir ao encontro da novidade que está para nascer!

[fragmento do desenho original feito em Turim, 2015]

5 comentários:

Henrique Vogado disse...

Já tinha visto o vídeo. Aprendo sempre algo com estes vídeos. E gosto muito da calma, do prazer dos desenho nesse café.

Nesta altura procuro saír da multidão e ver do outro lado. Observamos melhor, pensamos melhor e procuro a calma. Especialmente nesta época. Abraço.

L.Frasco disse...

Um verdadeiro momento de partilha, Mário.
Gostei imenso da tua leitura desta época e ainda mais contextualizada com a experiência de Turim. Então com o vídeo da Patrícia...

Obrigado.
Seria óptimo que neste frenesim, levantássemos a cabeça, víssemos a outra margem e tivéssemos a coragem de ir até lá.

Celeste Vaz Ferreira disse...

Belíssimo texto para reflectir.
Obrigada Mário.

Mário Linhares disse...

Obrigado a todos!
Celeste: tenho a sua serigrafia quase, quase pronta. Ligo-lhe assim que estiver pronta.

Marcelo de Deus disse...

Belo exercício. obrigado.