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sexta-feira, maio 20, 2016

A caminho de Veneza

É com desenhos de Veneza feitos em 2014 que me preparo para viajar novamente para a Sereníssima!


A 20 de abril de 2014, guiado pelo mote "se achas um tesouro, deixa-te encontrar", fui dar a um dos locais que mais queria desenhar: o campo (praça) onde se encontra a escultura de Bartolomeo Colleoni, feita por Andrea Verrocchio
Tinha estudado nas Belas-Artes a influência que esta escultura teve no nosso grande Machado de Castro quando preparou a de tributo ao D. José I, que está no Terreiro do Paço.
Não sabia onde ficava (normalmente não me preparo como um turista para visitar locais obrigatórios), mas andava atento à procura...
Assim que entrei na praça, percebi logo que algo mágico tinha acontecido: encontrei-a!




O que me leva a Veneza é, talvez, um dos desafios maiores que tive até hoje: desenhar as vidas que habitam a arquitectura social do Siza Vieira em Veneza. Não só isso, como todo o ambiente do Campo di Marte. 
O convite veio do diretor geral das Artes. Levei o meu caderno de 2014 com estes três desenhos que mostram a casa dos Baccichetti e eis que se fez um "clique"!!
Com a possibilidade de convidar mais um português e dois italianos, telefonei ao José Louro (para mim, um dos tops a desenhar em Portugal) e ele alinhou na aventura. De seguida enviei mails para a Simonetta e para a Benedetta. Tutto a posto!

Apanhamos hoje o avião para Veneza.
Domingo vamos dar um workshop gratuito de diários gráficos para os habitantes do bairro em cadernos da Emílio Braga e lápis de cor da Viarco
Nós os quatro desenharemos em cadernos Laloran de formato quadrado em dimensão especial.

Facebook do evento aqui.
Vai começar uma grande aventura!

quarta-feira, março 25, 2015

Veneza

Sereníssima, 12 de abril de 2014

Estar a ultimar detalhes sobre o retiro de diários gráficos em Turim, levou-me a um saudosismo atroz do retiro de Veneza...


A César o que é de César era o tema deste exercício. Pelo resultado parece um pouco óbvio, mas tentar distinguir o que é de quem ou o que pertence a quem não é um exercício fácil...


Olhar para esta dupla página é recordar a Ketta, a Estela Cameirão e o Miguel Franco. Enquanto tudo corria de uma lado para o outro, havia que permanecer, fixar-se, distanciar-se, para nos darmos conta do que nos envolvia e passava por nós fugazmente.
Há que saber parar...


A paixão do desenho levou-nos a um dos exercícios mais dolorosos do retiro. Estar dentro da basílica de s. marcos a desenhar e a experimentar a dor foi mesmo inesquecível, sobretudo para quem nos via dois a dois e pensava que estava a acontecer uma performance.
No segundo grupo, fomos proibidos de desenhar lá dentro...


Sentados mesmo junto às gôndolas, a recuperar da dor de dentro da basílica, havia aqui tempo para descansar e desenhar esta entrada maravilhosa para a piazza di s. marco.
Ficou pequeno o desenho, mas era esse o objetivo. Só não ficou um pouco mais à esquerda como deveria ter ficado, mas é assim mesmo que acontece sempre. Não há obras perfeitas, temos sempre algo a melhorar. O importante é fazer, para errar e aprender com os erros.

Amanhã, em Turim, mais erros serão provocados. Vamos ver se conseguimos aprender com eles...

quinta-feira, julho 17, 2014

O Espiritual no Desenho | Veneto



Sem tempo para digitalizar e publicar os desenhos que tenho feito nos últimos tempos, partilho aqui o vídeo da Patrícia Pedrosa, gravado na zona de Veneto, a norte de Veneza, por ocasião do último retiro de diários gráficos.

É mesmo único este olhar da Patrícia...

sábado, junho 07, 2014

Venezia: Piazza S. Marco

Mário Linhares, Veneza, abril de 2014

A Praça de São Marcos, em Veneza, deve ser uma das mais desenhadas e fotografadas do mundo...

Também eu não pude deixar de a tentar trazer no meu caderno com todo o seu espaço incrível.
Parece maior por termos de passar por tantas ruas estreitas e com pouca luz até chegar a este espaço aberto e único na cidade.
Enquanto a desenhava, também divagava: quantas pessoas não pisaram já este chão? Quantas histórias não terá ela para contar? Quando eu morrer ela vai continuar aqui para que outros a apreciem...
... não é fácil lidar com esta noção de finitude perante o que permanece depois de nós...

Ainda neste dia, absorvido pela minha pequenez perante a cidade, procurei livrarias para ler as reflexões de outros autores desenhadores sobre a Sereníssima. Encontrei por acaso este livro do John Ruskin:

Hewison, Robert, Ruskin a Venicia, Venice: La stamperia di venezia editrice, dicembre 1983

Sabia, antes de ler o livro, que o Ruskin tinha sido um intelectual inglês que escreveu e desenhou sobre vários assuntos, mas não sabia que a personalidade dele tinha sido tão inquietante. É muito intensa a experiência de ler e perceber a preocupação dele pelo registo de uma cidade que, para ele, estava em contínua decadência. Havia que desenhar antes que a ruína acontecesse por completo.

Um dos seus mestres era o William Turner, que tinha feito uma gravura da Praça de São Marcos duplamente polémica. Primeiro pelo título: Julieta e a sua enfermeira (criticado por ter escolhido Veneza em vez de Verona como cidade de fundo ao tema), segundo, pelo ponto de vista, que parecia demasiado alto para ter sido um desenho de observação.

Joseph Mallord William Turner, St. Mark's Place, Venice: Juliet and her Nurse

Curioso como se percebe a crítica do ponto de vista demasiado elevado mas, ainda assim, Ruskin, na primeira viagem que fez a Veneza (em 1835, com os pais e apenas 14 anos), das primeiras coisas que faz, é defender o seu mestre:

it is no such thing; it is a view taken from the roofs of the houses at the S.W. angle of St. Mark's place, having the lagoon on the right, and the column and church of St. Mark's in front. The view is accurate in every particular, even to the number of divisions in the Gothic of the Doge's palace.

Anos mais tarde, em 1843, quando aprofundou os seus estudos sobre o trabalho do Turner, acabou por mudar de opinião.

É sempre este o segredo: aprofundar os nossos conhecimentos sobre os assuntos que nos interessam para conseguirmos verdadeiramente tornar a informação em conhecimento e, depois, o conhecimento em sabedoria...

quarta-feira, maio 14, 2014

Os vendilhões do templo



Ele ensinava todos os dias no templo, mas houve um em que não aguentou mais e expulsou-os a todos. Aos vendilhões, claro! Eles estavam a transformar a casa de Deus num covil de ladrões...

Revejo-me nisto. Desenho todos os dias e cada vez sinto mais que tenho de limpar e depurar o meu desenho. Há elementos a mais, linhas a mais, confusão a mais, lixo a mais e o meu desenho torna-se, às tantas, também ele, um covil de ladrões...
É como escreveu o Tolentino: "o que nos enfraquece não é, de facto, a escassez, mas a sobreabundância (...)"

Dos dois retiros de diários gráficos deste ano, o desenho de cima foi o primeiro que fiz a partir de dois textos, um bíblico e outro publicado no Expresso.
No primeiro fui obrigado a procurar a escassez rapidamente porque o local onde estava ia fechar. Não tive tempo de fazer todo o processo de depuração como queria.

No segundo retiro já fiz o que queria. Os desenhos e o texto, esses, podem ser lidos na Pastoral da Cultura aqui.