terça-feira, novembro 01, 2011

Diário Gráfico: Portugal

Almeida, a famosa vila com muralhas em forma de estrela.

Chovia imenso mas, por momentos, parou. Oportunidade para desenhar parte da muralha com o fantástico terreno verde a envolvê-la.
De repente voltou a chover e, enquanto as pingas não caíam na linha preta permeável, tardei em sair dali. Aguarelei no local e tudo. É que se tivesse fechado o caderno, já não voltava ao desenho em casa...

Este é o típico desenho estranho que só eu é que percebo bem o que lá está. Do lado esquerdo ficou parte do desenho inverso do lado direito. Bem perto de mim estava um carreiro que cortava o verde relvado que envolvia a muralha. À minha frente, parte da muralha, com degraus para podermos subir e ver mais além. Do lado direito, a vila, ou parte dela. Em cima, o céu, cinzento e carregado...

domingo, outubro 30, 2011

Diário Gráfico: Espanha

Miranda del Castañar, algures em Espanha.

Da imponente muralha desta terra, resta apenas a fachada principal, com duas grandes torres, mesmo de frente para a Plaza Mayor. Tudo o resto é uma espécie de descendência decadente. Quanto mais nos afastamos da dita fachada, mais ela vai diminuindo e aproximando-se do chão. As casas foram sendo construídas um pouco à toa, ficando num amontoado igualmente descendente...
Parei aqui para desenhar por causa desta parede enorme na vertical. Há coisas (e pessoas) que teimam em manterem-se firmes... venha quem vier e esteja como estiver o que nos rodeia...
... e ainda bem!

domingo, outubro 23, 2011

Diário Gráfico: Espanha


Começou a chover e amanhã não sei como vou de Brompton para Lisboa. Espero que a chuva pare durante a noite...

Quando chove temos tendência para nos abrigarmos em locais estranhos, onde nunca pararíamos não fossem as gotas líquidas caídas do céu. Também isso é uma oportunidade para reeducarmos o olhar e apreciarmos novas vistas. Foi o que me aconteceu em Mogarraz. A paragem do autocarro tinha o vidro lateral partido e a caixilharia em alumínio era a moldura perfeita para a paisagem à volta.

Não havia como não desenhar aquele momento...

domingo, outubro 09, 2011

Diário Gráfico: Espanha

Uma semana foi o que este Verão reservou para mim fora de casa. Aproveitei para desenhar muito na Sierra de Francia, aqui mesmo ao lado, no país vizinho. Os desenhos estão todos aqui no disco, prontos a serem publicados. Não necessariamente por ordem cronológica, mas por vontade irracional...
E então o primeiro é este. Uma rua de uma vila chamada Mogarraz. Um verdadeiro não-lugar tão tranquilo e especial que só podia ser desenhado. As ruas são estreitas e os telhados quase se tocam, mas como no desenho nós fazemos o que queremos, a leveza das férias e o bem-estar que se respirava ali, tinham de prevalecer no meu diário gráfico.
Fiquei com vontade de ir lá no Inverno. Desenhar no frio. Com os dedos a tremer. Gorro na cabeça e joelhos a bater...
... talvez nunca mais lá volte...

quarta-feira, outubro 05, 2011

Diário Gráfico: Portugal

Rua da Bica.
Uma das mais interessantes de desenhar em Lisboa. Sentei-me com o Pedro Loureiro ao lado e desenhámos os dois a mesma vista.

Há coisa melhor que não notarmos o tempo passar?

quarta-feira, setembro 28, 2011

Diário Gráfico: Portugal


Unir duas coisas muito diferentes nem sempre é fácil.
E é assim com quase tudo: materiais, ambientes, disciplinas, conteúdos, pessoas...

domingo, setembro 25, 2011

Diário Gráfico: Portugal

Há coisas que nos acontecem que mudam para sempre a nossa vida.
Ter ganho, no facebook, uma bicicleta da Brompton é uma delas.
Obrigado a todos os que votaram. Foram quase dois mil ao todo!

Prometo desenhá-la até à exaustão!!

segunda-feira, setembro 12, 2011

Vídeo: urbansketchers in Lisbon


Este vídeo da Patrícia Pedrosa é algo de absolutamente mágico. Sabia e sei que ela é incrível a filmar e a editar, mas acho que desta vez ela se transcendeu. Numa conversa uns meses antes do Simpósio falámos os dois sobre a ideia de se conseguir mostrar mais do que apenas pessoas a desenharem Lisboa. O importante mesmo era mostrar Lisboa a ser desenhada...

E não é que ela conseguiu? Estou ansioso por ver os outros dois que estão a ser editados...

segunda-feira, agosto 22, 2011

Workshop na Costa do Castelo


O meu amigo João Maria disponibilizou a sua maravilhosa casa na Costa do Castelo, com grandes janelas e uma vista impressionante para Lisboa, para se fazerem dois workshop's de Diários Gráficos. Estive a pensar neste desafio e já elaborei o programa que resultou em 5 exercícios diferentes para um sábado inteiro a desenhar. Além disso, os participantes terão direito ao almoço feito pelo João Maria (que é um excelente cozinheiro), a um lanche e a um caderno Laloran.

Há duas datas possíveis em cima da mesa - 10 de Setembro ou 15 de Outubro. Agora é só escolher.

Mais informações sobre as inscrições e o programa serão esclarecidas por mail.

domingo, agosto 21, 2011

Diário Gráfico: Portugal

LinkNunca percebi porque é que a Boca do Inferno se chama Boca do Inferno. Percebo que é uma zona perigosa e deslumbrante, mas daí a ter um nome diabólico...

Neste dia, além dos muitos turistas a tirarem fotografias, os desenhos fizeram furor por ali. Éramos 4 a desenhar e, sobre os nossos ombros, muitos foram os que espreitaram e, imagine-se, até fotografias tiraram! Incrível... com a paisagem mesmo ali à frente, parecia que os desenhos tinham mel e magia... todos os queriam ver e, de alguma forma, levar para casa...

sábado, agosto 13, 2011

Diário Gráfico: Portugal


No Porto, uma das imagens de marca é a Torre dos Clérigos.
Sentei-me com a Ketta numa esplanada mesmo em frente e começámos a desenhar.
Não gosto muito deste formato Moleskine tão panorâmico porque me obriga a desenhar as coisas demasiado pequenas.

Ali ficou a torre, imponente e destacada do resto da malha urbana...

quarta-feira, agosto 03, 2011

Diário Gráfico: Portugal

A Isabel Fiadeiro vive e trabalha na Mauritânia.
Tenho inveja, confesso, mas um dia vou visitá-la!

segunda-feira, agosto 01, 2011

Diário Gráfico: Portugal

Lisboa e uma das suas janelas.
Lisboa é mais que a janela, ultrapassa-a, transcende-a.
Se nos limitarmos a vê-la pela janela, ficamos assim mesmo, limitados...

Nos dias 21, 22 e 23 do passado mês de Julho, mais de 200 pessoas andaram a ver Lisboa com olhos de janelas transparentes. Tentaram ver além do óbvio e registar tudo em cadernos.

Estamos todos ansiosos pelo livro que vai sair até ao final do ano com os desenhos deste mágico encontro de urban sketchers nesta cidade tão internacional.

Até lá, desenhar, desenhar, desenhar... sempre sem parar, porque as férias estão aí e não há melhor pretexto do que esse para registar tudo o que vemos!

segunda-feira, junho 13, 2011

Diário Gráfico: Portugal

Leiria, 4 de Junho de 2011

Gosto mesmo de desenhar pessoas. De frente, de lado ou de trás, tanto faz. É mesmo o que me dá mais prazer.

sábado, junho 11, 2011

Diário Gráfico: Itália

São 13:07 e estou com fome.
Hoje o almoço será arroz com peixinhos da horta e com fome saberá ainda melhor.

Os nossos horários do dia-a-dia só estão relacionados com uma coisa: comida! Trabalhamos depois do pequeno-almoço, antes e depois do almoço e, às vezes (quase sempre), depois do jantar.
Há quem não goste disto e salte refeições. Por razões várias que agora não interessam nada...

Gosto desta ideia da importância que as refeições têm. Todo o processo é igual à nossa vida. Há que cultivar os alimentos, tratá-los, prepará-los, temperá-los. Por vezes espera-se por eles. Demasiado até. Há uns que só aparecem em determinada época e outros que temos o ano inteiro. Preparar uma refeição é um exemplo de vida. É uma transformação! Para transformar é preciso cortar, esmagar, lavar, ferver. Não é fácil, mas o resultado final merece!
Saborear uma refeição é um luxo se tivermos em conta o tempo que levou a preparação de tudo.

Saborear a vida é um luxo se tivermos em conta o tempo que temos de investir nas coisas que gostamos, que nos dão prazer e cortar nalgumas que precisam de ser esmagadas ou temperadas com vinagre...

Mas que não haja enganos! Tal como na comida, só devemos ficar com o que nos faz bem, tudo o resto torna a vida pesada e lenta...

sábado, maio 28, 2011

Diário Gráfico: Portugal

O meu amigo Zé Louro faz isto melhor que ninguém. Sou um amador ao pé dele.
Desenhar de lado, de pernas para o ar ou, imagine-se, de frente!

Aqui está a sala dos pais da Ketta.
A avó dela também.
Na estante estão muitos livros sobre Timor.
Um deles tem ilustrações da Mónica Cid.
O mundo é mesmo pequeno...

sábado, maio 21, 2011

Diário Gráfico: Portugal

Anda para aí muita gente cheia de máscaras a mexer no que não é dele. Levam o que nos pertence sem pedir autorização. Não há direito!

Desta vez calhou-me a mim. Levaram-me o carro. Sem barulho.
Por esta hora nem sei onde é que já estará...

Porra!

sábado, abril 30, 2011

Diário Gráfico: Portugal

Amanhã é dia 1 de Maio, dia da mãe e dia escolhido para a beatificação do papa João Paulo II.
A minha mãe merece aqui uma referência. Sempre atenta e empenhada para o meu bem e da minha irmã.
João Paulo II também merece aqui uma referência. Ele foi o meu papa. Não vivi o anterior e a imagem forte que tenho da igreja é a dele. Era um papa diferente, definitivamente.
Amanhã nem devo conseguir estar com a minha mãe, nem vou ver as celebrações de beatificação pela televisão. Vou estar em viagens. Umas curtas, outras longas, outras ainda, conceptuais.

É mais fácil desenhar quando viajamos fisicamente, mas tudo é uma viagem...
A relação com a minha mãe é uma viagem bonita...
A relação com o cristianismo é uma viagem lindíssima...
A relação com o mundo é uma viagem a desenhar quotidianamente!

terça-feira, abril 26, 2011

Diário Gráfico: Portugal

Encontrar o punctum no claustro do seminário de S. José em Vila Viçosa. Era esse o desafio.
Depois de procurar, encontrei e desenhei estas duas janelas cheias de flores. São os únicos elementos que restam do mosteiro original do séc. XII.
É incrível pensar no que estas janelas já assistiram naquele claustro. Conversas, cânticos, silêncios, discussões, chuvas, geadas, olhares...
Pensar nisto faz-me ter respeito pelo que observo. Dar a dignidade no desenho do que representa a realidade. É a história a falar através do meu olhar. Que peso...

...

O Zé Louro também as desenhou aqui.

sábado, abril 23, 2011

Vídeo: Portugal

Este claustro pedia tudo! A nossa presença, o nosso olhar, os nossos desenhos, a nossa tranquilidade, o nosso saber desfrutar, o nosso silêncio...
Mas também nos dava tudo! Enquadramentos, calor, luz, sombra, posições, azul, torres, sinos, silêncio...

quinta-feira, abril 21, 2011

Diário Gráfico: Portugal

Entrámos na Igreja dos Agostinhos com a missão de procurar o studium - enquadramento que nos cativasse, nos encantasse. Dali, deveríamos procurar o punctum - o que nos saltava à vista, que nos fere e prende o olhar, fazendo com que esse aspecto preserve na nossa memória todo aquele contexto.
O studium e o punctum são ideias do Roland Barthes que foram aproveitadas para o retiro de diários gráficos em Vila Viçosa, mas antes ainda tomámos por referência o discurso de S. Paulo em Atenas. Depois de tão belas, preparadas e eruditas palavras, não houve assim tanta gente que lhe desse atenção, pelo que decidiu por mãos à obra e dar valor aos actos em detrimento das palavras.
Foi isso que fizemos. Deixámos a teoria e fomos desenhar procurando coisas muito específicas.

O meu punctum deste desenho é o sacrário esférico lá ao fundo - elemento central desta igreja que, nem nesta perspectiva mais lateral, perde a sua importância.

Daqui podíamos partir para o studium e o punctum da nossa vida... mas isso terá de ficar para um nível II do retiro de diários gráficos!

quarta-feira, abril 13, 2011

Diário Gráfico: Portugal

É já esta sexta-feira, dia 15 de Abril que um grupo de 15 pessoas vai estar retirado em Vila Viçosa para desenhar até domingo, dia 17 sob o tema: O Espiritual no Desenho. Ainda haviam 5 vagas, mas as inscrições já fecharam.
Ficaremos no seminário de S. José, mesmo em frente ao Paço Ducal, onde está esta escultura equestre de D. João IV, tão apetecível como difícil de desenhar. Este desenho demorou-me 25 minutos a fazer. Podia ter continuado, é certo, mas estava calor e apetecia-me ir desenhar outra coisa. Desde que ouvi a resposta do Eduardo Salavisa à pergunta "como é que escolhe o que desenha?", que fiquei mais descontraído em abandonar os desenhos quando começo a ficar cansado. É que às vezes custa ficar em pé, ao sol, à chuva, ao frio, no chão. Desenhar implica perseverança e fidelidade e isso nem sempre é fácil. Por isso é que "desenho o que me apetece", enquanto me apetece...

Por isso é que estou tão entusiasmado em passar 3 dias a desenhar. As escolhas e decisões serão sempre à volta do desenho, sem mais nada para ocupar a mente.
Retirarmo-nos do nosso quotidiano e entrar num mundo à parte por 3 dias é sempre algo especial... é sempre um exercício espiritual...
E não é isso que acontece no nosso dia-a-dia? Saímos de nossa casa rumo ao mundo do trabalho, dos estudos, ou de outra qualquer realidade. De um mundo para o outro e não tenho a certeza de qual tem mais valor. Se o local de partida, se o de chegada, ou o percurso entre os dois. O acaso e as possibilidades acontecem em todo o lado. Basta estarmos atentos! E termos o diário gráfico para os registar...

quarta-feira, abril 06, 2011

Diário Gráfico: Portugal

Esta é a Igreja dos Agostinhos, em Vila Viçosa.
Está fechada ao público. Não tem bancos, nem sacrário ou outras coisas habituais que as igrejas têm. Resta apenas uma coisa, o silêncio. E esse é tão puro ou mais que nas outras.
Neste dia, estive ali dentro cerca de uma hora a desenhar com outras pessoas. Uma hora em silêncio activo, visual, de registo. As palavras não valiam nada ali. Só o olhar, o cérebro, a mão e a caneta.

É preciso uma autorização especial para entrar nesta igreja. Afinal de contas, está ali sepultada toda a linhagem dos duques de Bragança.
Espero, e acho que será possível, repetir esta experiência num dos próximos dias 15, 16 e 17 de Abril.

terça-feira, março 22, 2011

Diário Gráfico: Portugal

Hoje foi dia de ir ao tribunal com os alunos do 12º. ano. Tinham tudo bem preparado e foi uma tarde incrível para desenhar.
No final, com a juiz presidente, percebi uma coisa importante para nós desenhadores: quando desenhamos alguém, se ficar muito semelhante, há direitos de privacidade aos quais temos de nos sujeitar...
Enfim, já nem o desenho nos protege!
Mas também há que ver o lado positivo: se queremos fazer uma exposição ou publicar trabalho, mais vale os nossos desenhos não se assemelharem à realidade!

E viva o desenho rápido, fugaz e distante da mimésis!!

quarta-feira, março 16, 2011

Diário Gráfico: Itália


Sempre achei piada às técnicas do Richard Câmara. Este exercício deveria ter sido feito com ecolines, mas só tinha as aguarelas.
Também queria ter feito mais registos, mas chegou a minha vez de falar nesta reunião e já não foi possível acabar o desenho...