segunda-feira, julho 19, 2010
sábado, julho 10, 2010
Fotografia: Coreia do Sul
quarta-feira, junho 16, 2010
Fotografia: Coreia do Sul
Estava um frio de rachar na Coreia e o gelo no chão, ao derreter, acabava por transformar o pó da terra em lama.
Este processo fascina-me:
- Se nós formos como o gelo, ao derretermos, acabamos sempre por transformar o que nos rodeia...
- Se nós formos como o pó da terra, se não tivermos quem nos proteja ou transforme, corremos o risco de sermos levados pelo vento para outras andanças...
- Se formos o gelo, podemos estar a proteger alguém que precisa, mas para isso corremos o risco de sermos pisados... ao ponto de nos entregarmos totalmente... (não é só assim que entramos mesmo na vida das pessoas?)
- Se formos o pó transformado em lama, as pisadelas vão deixar marcas mais profundas. Mas não lhes resistimos melhor? Até lhes fazemos deslizar as solas...
Estar na lama é sempre uma oportunidade de nos reconstruirmos, de nos reencontrarmos, de perceber quem nos transformou...
Estar na lama é mostrar as cicatrizes. É ser forte porque assumimos que estamos fracos! E é só a partir das nossas fraquezas que conseguimos superar-nos, transcender-nos.
Eu preciso dessa transcendência esta semana. Preciso da força do Hércules e da sabedoria de Platão...
... preciso da lama...
domingo, maio 30, 2010
Diário Gráfico: Coreia do Sul
Seoul tem 10 milhões de habitantes. A rede de metro é fabulosa, cobre quase toda a cidade, mas é quase impossível encontrar lugar sentado...
Para os idosos há sempre lugares reservados... mas há uma grande diferença em relação a nós: lá, mesmo que não esteja nenhum idoso no metro, ninguém ocupa os lugares! O metro pode estar à pinha que ninguém se vai sentar ali...
Se há algo que permanece forte na cultura coreana é o respeito pelos mais velhos!
Para os idosos há sempre lugares reservados... mas há uma grande diferença em relação a nós: lá, mesmo que não esteja nenhum idoso no metro, ninguém ocupa os lugares! O metro pode estar à pinha que ninguém se vai sentar ali...
Se há algo que permanece forte na cultura coreana é o respeito pelos mais velhos!
domingo, maio 09, 2010
Diário Gráfico: Coreia do Sul
A 30 de Março fomos a um dos templos mais importantes da Coreia: Sudok-Sa (templo de Sudok).
Havia um ritual que queríamos ver e que começava às 18h00. Chegámos às 16h00 e deu tempo para me dedicar ao desenho. Recebi como prémio um rebuçado com um sabor fortíssimo de um idoso que esteve a ver-me desenhar durante alguns minutos. Falou em coreano (claro que não percebi nada) e depois deu-mo para a mão. Ficou a olhar para mim com um sorriso e aqueles olhos em bico. "É melhor comê-lo já" - pensei. Assim fiz. Ele disse mais qualquer coisa e foi-se embora.
Assim percebi aquilo que já há alguns dias me iam dizendo. Os coreanos são simpáticos e gostam de meter conversa com os estrangeiros, ainda que não falem inglês!
Havia um ritual que queríamos ver e que começava às 18h00. Chegámos às 16h00 e deu tempo para me dedicar ao desenho. Recebi como prémio um rebuçado com um sabor fortíssimo de um idoso que esteve a ver-me desenhar durante alguns minutos. Falou em coreano (claro que não percebi nada) e depois deu-mo para a mão. Ficou a olhar para mim com um sorriso e aqueles olhos em bico. "É melhor comê-lo já" - pensei. Assim fiz. Ele disse mais qualquer coisa e foi-se embora.
Assim percebi aquilo que já há alguns dias me iam dizendo. Os coreanos são simpáticos e gostam de meter conversa com os estrangeiros, ainda que não falem inglês!
quarta-feira, maio 05, 2010
terça-feira, abril 27, 2010
Fotografia: Coreia do Sul + Diário Gráfico: Coreia do Sul
Das refeições fiz dois desenhos. Um está publicado nos uskp e o outro tenho de digitalizar para colocar junto desta fotografia.
Esta era uma das melhores comidas. Grelhávamos a carne na brasa, era mergulhada num molho picante e, depois de colocar um dente de alho em cima, enrolávamos tudo numa folha de alface e metíamos na boca...
A carne a ferver, a frescura da alface, o picante e o sabor forte do dente de alho eram os ingredientes certos para agradar o gosto extremo dos coreanos! Eu também gostei!
terça-feira, abril 20, 2010
Fotografia: Coreia do Sul
A Coreia tem vários aspectos muito curiosos. Um deles, talvez o mais conhecido, foi o seu rápido desenvolvimento: em poucas décadas deixou de ser um país subdesenvolvido para passar a ser uma potência tecnológica mundial.
Imaginem o que é um cultura ainda muito tradicionalista a viver com tecnologia de ponta! Muito interessante mesmo...
E vestem-se tão bem que até mete impressão! É só glamour... só vi igual em Milão...
Numa aldeia típica deparámo-nos com estes totens. Típicos na tradição coreana. Estavam sempre presentes à entrada das aldeias. Lembrei-me, como não podia deixar de ser, das culturas mais primitivas e os meus pensamentos fugiram para as minhas aulas de História da Arte. Senti-me pequenino então... percebi como nunca que na Europa centramo-nos muito em nós próprios...
Não nos esquecemos que o resto do mundo existe (como os americanos têm tendência para fazer), mas temos uma auto-estima tão elevada...
Só tive pena de não ter tido tempo de desenhar os totens...
sábado, março 27, 2010
Fotografia: Coreia do Sul
Destino: Coreia do Sul durante 15 dias
Brevemente estaremos de volta a terras lusitanas...
... algumas novidades aqui.
segunda-feira, fevereiro 22, 2010
Fotografia: Timor-Leste
Falta cerca de um mês para o meu casamento!
Estou a olhar para os dias que faltam como olho para estes talhões de terra bem divididos à espera de serem cultivados...
... por um lado eles estão preparados para serem cultivados, por outro, ainda há tanto por fazer...
O que vale é que podemos olhar para o horizonte e perceber que, embora com algumas nuvens, o azul é belo e promete grandes alegrias. O mais cansativo mesmo é preparar tudo até ao dia... será que a nuvem mais escura em primeiro plano está ali para me mostrar que é assim mesmo?
No fundo, no fundo, a casamento é um pouco como estes talhões de terra. O terreno está preparado e devidamente dividido. Temos de o semear, regar e colher os frutos. Mas sobretudo nunca deixar que o terreno deixe de ser fértil...
segunda-feira, fevereiro 08, 2010
Diário Gráfico: Timor-Leste | Graphic Diary: East-Timor
Fomos duas vezes a Maubisse, terra do tio Tonito.
Do quarto tinha acesso a esta vista que ficava mais abaixo. A casa de banho estava equipada com um aquecedor de água eléctrico (não sei o nome correcto), mas não havia maneira daquilo funcionar. Parece que a potência em watts exigida era demasiada para o que o quadro eléctrico fornecia. Ainda nos fartámos de rir quando ele nos disse que experimentou ligar o aparelho ao gerador (que transforma gasóleo em electricidade), e ouvia-se um barulho cada vez mais lento até que parava num soluçar...
A única solução era mesmo tomar banho de água fria... e de caneca...
Isto tudo numa das cidades mais frias de Timor!
quinta-feira, fevereiro 04, 2010
sexta-feira, janeiro 22, 2010
Fotografia: Timor-Leste | Photography: East-Timor
Neste preciso momento sinto-me como aquela senhora da fotografia... sozinho num campo quase estéril...
Quando temos de realizar alguma tarefa que não nos entusiasma ela torna-se tão pesada que parece nunca mais acabar...
Preciso terminar de escrever um trabalho mas não me apetece... não estou entusiasmado e, por isso, as ideias não me estão a fluir como de costume...
Só me apetece avançar uns meses no calendário... ficava tudo bem mais tranquilo...
Talvez valha a pena não desistir... a senhora da fotografia também está lá! Sozinha, mas persistente...
Não sei se já semeou ou se ainda vai semear, mas está lá... está a acompanhar... está próxima...
Custa-me muito ter de fazer coisas que não me embasbacam, que não me tiram surpreendentemente as palavras, coisas que não me fazem crescer em pensamento, coisas demasiado descritivas, demasiado limitativas. É assim o trabalho que tenho de acabar ainda hoje para entregar amanhã. É assim também que se dá valor ao que gostamos mesmo de fazer.
É assim que deixamos de nos queixar...
Quando temos de realizar alguma tarefa que não nos entusiasma ela torna-se tão pesada que parece nunca mais acabar...
Preciso terminar de escrever um trabalho mas não me apetece... não estou entusiasmado e, por isso, as ideias não me estão a fluir como de costume...
Só me apetece avançar uns meses no calendário... ficava tudo bem mais tranquilo...
Talvez valha a pena não desistir... a senhora da fotografia também está lá! Sozinha, mas persistente...
Não sei se já semeou ou se ainda vai semear, mas está lá... está a acompanhar... está próxima...
Custa-me muito ter de fazer coisas que não me embasbacam, que não me tiram surpreendentemente as palavras, coisas que não me fazem crescer em pensamento, coisas demasiado descritivas, demasiado limitativas. É assim o trabalho que tenho de acabar ainda hoje para entregar amanhã. É assim também que se dá valor ao que gostamos mesmo de fazer.
É assim que deixamos de nos queixar...
terça-feira, janeiro 12, 2010
Diário Gráfico: Timor-Leste | Graphic Diary: East-Timor
terça-feira, janeiro 05, 2010
Fotografia: Timor-Leste | Photography: East-Timor
O meu primeiro texto de 2010 vai ser sobre comida, relacionada, claro está, com esta fotografia.
Assim que cheguei a Timor deparei-me com algo estranho a que não consegui ficar indiferente: uma tia-avó da Ketta tinha os dentes vermelhos! Aquilo intrigou-me, mas, por educação, evitei olhar com demasiada evidência...
Com o passar do tempo fui percebendo que não era só a tia-avó da Ketta que tinha dos dentes vermelhos, mas todas as timorenses com idade avançada. Se por um lado poderia pensar em dentes enfraquecidos por uma alimentação mais débil, rapidamente percebi que os dentes vermelhos estavam lá todos! Não havia nenhuma cárie nem nada do género...
Portanto, mais intrigado fiquei...
Quando fomos a Laisorolai (onde a fotografia foi tirada) é que percebi bem o porquê dos dentes vermelhos: as senhoras mascam uma casca seca misturada com cal. O sabor é muito ácido e corta bastante a língua (sim, eu também masquei para experimentar!). Não se pode engolir (é claro que eu engoli da primeira vez - só depois é que me avisaram!). Masca-se durante algum tempo e depois cospe-se.
O resultado é muito simples:
1- Os dentes e as gengivas ficam vermelhos;
2- A mistura protege os dentes, fazendo-os durar muito tempo;
3- A mistura engana a fome.
No dia em que tirei esta fotografia comi um prato de arroz com um pedacito de carne. Não foi neste dia que masquei pelo que me deitei com alguma fome...
Assim que cheguei a Timor deparei-me com algo estranho a que não consegui ficar indiferente: uma tia-avó da Ketta tinha os dentes vermelhos! Aquilo intrigou-me, mas, por educação, evitei olhar com demasiada evidência...
Com o passar do tempo fui percebendo que não era só a tia-avó da Ketta que tinha dos dentes vermelhos, mas todas as timorenses com idade avançada. Se por um lado poderia pensar em dentes enfraquecidos por uma alimentação mais débil, rapidamente percebi que os dentes vermelhos estavam lá todos! Não havia nenhuma cárie nem nada do género...
Portanto, mais intrigado fiquei...
Quando fomos a Laisorolai (onde a fotografia foi tirada) é que percebi bem o porquê dos dentes vermelhos: as senhoras mascam uma casca seca misturada com cal. O sabor é muito ácido e corta bastante a língua (sim, eu também masquei para experimentar!). Não se pode engolir (é claro que eu engoli da primeira vez - só depois é que me avisaram!). Masca-se durante algum tempo e depois cospe-se.
O resultado é muito simples:
1- Os dentes e as gengivas ficam vermelhos;
2- A mistura protege os dentes, fazendo-os durar muito tempo;
3- A mistura engana a fome.
No dia em que tirei esta fotografia comi um prato de arroz com um pedacito de carne. Não foi neste dia que masquei pelo que me deitei com alguma fome...
quarta-feira, dezembro 30, 2009
Diário Gráfico: Timor-Leste | Graphic Diary: East-Timor
Que saudades de estar ali sentado com um calor intenso, chinelo no pé, com o nada e o vazio a preencher o tempo...
Quase a acabar 2009 percebo que foi um ano cheio de coisas. Cheio de decisões, de opções, de angústias e alegrias.
A nossa sociedade exerce mesmo uma enorme pressão sobre nós... aqui não há tempo para o vazio, para o nada acontecer...
... é por isso que gosto tanto de andar de transportes públicos! Durante aquele espaço de tempo tudo pode acontecer. Uma viagem cheia de nada pode acontecer, mesmo no meio de tanta gente...
Cada vez mais me convenço disto:
Só tem tempo para fazer tudo quem arranja tempo para não fazer nada.
Quando olho para este desenho a minha memória vai para o espaço vazio daquela sala, de como se lia bem ali, de como se estava bem ali...
Quase a acabar 2009 percebo que foi um ano cheio de coisas. Cheio de decisões, de opções, de angústias e alegrias.
A nossa sociedade exerce mesmo uma enorme pressão sobre nós... aqui não há tempo para o vazio, para o nada acontecer...
... é por isso que gosto tanto de andar de transportes públicos! Durante aquele espaço de tempo tudo pode acontecer. Uma viagem cheia de nada pode acontecer, mesmo no meio de tanta gente...
Cada vez mais me convenço disto:
Só tem tempo para fazer tudo quem arranja tempo para não fazer nada.
Quando olho para este desenho a minha memória vai para o espaço vazio daquela sala, de como se lia bem ali, de como se estava bem ali...
segunda-feira, dezembro 21, 2009
Fotografia: Timor-Leste | Photography: East-Timor
Na viagem de Dili para Baucau parámos para almoçar num "restaurante". A catupa estava óptima (arroz em água de coco envolto em folhas de palmeira), mas o que me deixou algo preocupado foi a água que se utilizou na refeição... tirada deste mini poço... era escura e de limpa tinha muito pouco...
... restou-me a confiança no lume que ardia e a ferveu!
... restou-me a confiança no lume que ardia e a ferveu!
domingo, dezembro 13, 2009
Diário Gráfico: Timor-Leste | Graphic Diary: East-Timor
terça-feira, dezembro 08, 2009
domingo, dezembro 06, 2009
Fotografia: Timor-Leste | Photography: East-Timor
Quando tinha 17 anos comprei, na feira da ladra, umas botas artesanais. A sola era feita a partir de pneus de carro e o senhor que mas vendeu convenceu-me que durariam uma vida inteira...
A verdade é que ainda as tenho e estou convencido que vão durar mais que eu...
No telejornal da rtp1 de hoje passou uma reportagem sobre consumo responsável. Da importância de termos consciência do que realmente consumimos...
... tudo a propósito da cimeira de Copenhaga, claro!
Quanto mais viajo pelo hemisfério sul mais percebo que se há alguém a aprender sobre este tema somos nós. Vivemos na abundância de tudo e o novo é o que nos move...
O antigo, o reutilizável, o ready-made são coisas do passado, acabadas... parecem não serem capazes de empurrar para a frente a humanidade...
Será que a nossa linda esfera aguenta tanta ânsia de novidade?
A verdade é que ainda as tenho e estou convencido que vão durar mais que eu...
No telejornal da rtp1 de hoje passou uma reportagem sobre consumo responsável. Da importância de termos consciência do que realmente consumimos...
... tudo a propósito da cimeira de Copenhaga, claro!
Quanto mais viajo pelo hemisfério sul mais percebo que se há alguém a aprender sobre este tema somos nós. Vivemos na abundância de tudo e o novo é o que nos move...
O antigo, o reutilizável, o ready-made são coisas do passado, acabadas... parecem não serem capazes de empurrar para a frente a humanidade...
Será que a nossa linda esfera aguenta tanta ânsia de novidade?
terça-feira, dezembro 01, 2009
Diário Gráfico: Timor-Leste | Graphic Diary: East-Timor
segunda-feira, novembro 30, 2009
Fotografia: Timor-Leste | Photography: East-Timor
Esta pele, dedos, rugas e cores fazem-me lembrar as minhas avós...
A avó Branca, tia avó da Ketta, leva-me o pensamento para aqui:
Perguntaram ao Dalai Lama:
- O que mais te surpreende na Humanidade?
E ele respondeu:
- Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.
Espero olhar para as minhas rugas no futuro e poder encantar-me por elas, rir-me com elas, mostrá-las sem rodeios, viver o presente sem querer que ele seja o passado ou o futuro... sem artificialismos, sem plásticas, sem nada que não seja autêntico...
A avó Branca, tia avó da Ketta, leva-me o pensamento para aqui:
Perguntaram ao Dalai Lama:
- O que mais te surpreende na Humanidade?
E ele respondeu:
- Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.
Espero olhar para as minhas rugas no futuro e poder encantar-me por elas, rir-me com elas, mostrá-las sem rodeios, viver o presente sem querer que ele seja o passado ou o futuro... sem artificialismos, sem plásticas, sem nada que não seja autêntico...
domingo, novembro 29, 2009
Educação | Education
Para variar um pouco aqui fica um vídeo que gosto bastante de uma conferência TED:
terça-feira, novembro 24, 2009
Fotografia: Timor-Leste | Photography: East-Timor
Estamos a entrar no Natal, época de consumismo por excelência...
Será que alguém pensa verdadeiramente sobre o assunto?
O ano passado escrevi por aqui qualquer coisa. Este ano não sei bem sobre o que escrever...
Como qualquer festa importante, o Natal também exige um tempo para a sua preparação e acho que é por aí que o meu pensamento vai desta vez...
Muito influenciado pelo lindíssimo texto do Tolentino Mendonça - O elogio da Inutilidade - sou levado a acreditar que é preciso dar espaço ao inútil da nossa vida, aos vazios, ao sem objectivo, para que nos possamos surpreender pela própria vida. Como ele escreve: A vida tornou-se uma espécie de grande maratona da utilidade... e nós corremos, corremos.
Será que sabemos mesmo para onde vamos? Para o que nos andamos nós a preparar? Qual é a grande festa da vida que exige de nós tanta correria, tanta utilidade, tanta preparação?
...
Será que alguém pensa verdadeiramente sobre o assunto?
O ano passado escrevi por aqui qualquer coisa. Este ano não sei bem sobre o que escrever...
Como qualquer festa importante, o Natal também exige um tempo para a sua preparação e acho que é por aí que o meu pensamento vai desta vez...
Muito influenciado pelo lindíssimo texto do Tolentino Mendonça - O elogio da Inutilidade - sou levado a acreditar que é preciso dar espaço ao inútil da nossa vida, aos vazios, ao sem objectivo, para que nos possamos surpreender pela própria vida. Como ele escreve: A vida tornou-se uma espécie de grande maratona da utilidade... e nós corremos, corremos.
Será que sabemos mesmo para onde vamos? Para o que nos andamos nós a preparar? Qual é a grande festa da vida que exige de nós tanta correria, tanta utilidade, tanta preparação?
...
sexta-feira, novembro 20, 2009
Fotografia: Timor-Leste | Photography: East-Timor
Esta fotografia inquieta-me...
Por entre uma nesga de espaço tentava registar o que me parecia um momento daqueles que fazem os nossos dias conseguidos: dois miúdos a brincar de forma tão simples, com tão pouco e de forma tão feliz...
Desde os 16 anos que a ideia do "dia conseguido" entrou na minha vida pela mão da minha professora de Filosofia. Nunca mais deixei de pensar nisso... quais os pormenores do dia-a-dia que tornam o meu dia conseguido? Uma vez, depois da escola, fiz toda a viagem de regresso a casa a pensar nisso. Depois de descer do comboio e começar a andar até casa o meu olhar estava vazio para não desconcentrar os meus pensamentos...
Quando dei por mim estava a reparar numa criança a brincar naqueles cavalos à entrada dos cafés onde metemos uma moeda para que ganhe "vida". A moeda não tinha sido colocada, mas a criança transbordava alegria por todos os poros... era um daqueles momentos eternos...
Foi nesse dia que percebi verdadeiramente o "dia conseguido". Percebi que só o vemos quando nos deixamos encantar pela aparente inutilidade do que nos rodeia...
Esta fotografia inquieta-me porque quando apontei a objectiva aquela criança deixou de brincar. Inquieta-me porque percebi que o momento que marca o dia conseguido vive-se, não se regista...
Passa-se por ele quase sem nos fazermos notar... fazendo-nos inúteis...
Por entre uma nesga de espaço tentava registar o que me parecia um momento daqueles que fazem os nossos dias conseguidos: dois miúdos a brincar de forma tão simples, com tão pouco e de forma tão feliz...
Desde os 16 anos que a ideia do "dia conseguido" entrou na minha vida pela mão da minha professora de Filosofia. Nunca mais deixei de pensar nisso... quais os pormenores do dia-a-dia que tornam o meu dia conseguido? Uma vez, depois da escola, fiz toda a viagem de regresso a casa a pensar nisso. Depois de descer do comboio e começar a andar até casa o meu olhar estava vazio para não desconcentrar os meus pensamentos...
Quando dei por mim estava a reparar numa criança a brincar naqueles cavalos à entrada dos cafés onde metemos uma moeda para que ganhe "vida". A moeda não tinha sido colocada, mas a criança transbordava alegria por todos os poros... era um daqueles momentos eternos...
Foi nesse dia que percebi verdadeiramente o "dia conseguido". Percebi que só o vemos quando nos deixamos encantar pela aparente inutilidade do que nos rodeia...
Esta fotografia inquieta-me porque quando apontei a objectiva aquela criança deixou de brincar. Inquieta-me porque percebi que o momento que marca o dia conseguido vive-se, não se regista...
Passa-se por ele quase sem nos fazermos notar... fazendo-nos inúteis...
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