Estamos próximos da grande celebração do Natal e a azáfama está prestes a tornar-se uma correria danada...
Tenho a sensação que Maria e José antecederam as palavras de Jesus quando saíram da sua terra, foram a Nazaré e, ali mesmo, longe de tudo e todos, deixaram que o inevitável acontecesse, ainda que rodeados de quase nada, e o menino nasceu.
Anos mais tarde, já bem crescido, Jesus retirava-se para a outra margem quando se dava conta que as multidões o rodeavam. Creio que precisava da outra margem para encontrar o quase nada e, aí, alicerçar-se verdadeiramente...
A outra margem de Turim foi uma oportunidade para me dar conta que a visão de largo horizonte é aquela que nos coloca no lugar, dá-nos uma lição de humildade.
A outra margem mostra-nos que a visão antiga é parcial.
A outra margem implica ser capaz de abraçar a dúvida e a certeza, projeta-nos lá para a frente sem medo de perder as raízes do passado, da segurança.
Este tempo que antecede o Natal é isto para mim: atravessar para a outra margem para ir ao encontro da novidade que está para nascer!
[fragmento do desenho original feito em Turim, 2015]