Hoje o Matias faz 3 anos.
Passou rápido, como diz o povo.
Mas cada rapidez passada teve o seu devido tempo.
Em Florença, é fácil encontrar ruas a emoldurar a cúpula do Brunelleschi, na Duomo. Ela está sempre ali à espreita, por entre o casario medieval. Nós encantamo-nos primeiro mas depois vamos dando as vistas como algo adquirido, sem novidade...
Será esta a principal a diferença entre celebrar a vida de uma pessoa e a de uma cidade. Nunca nada é adquirido!
Sentámo-nos os dois por entre o bosque, mesmo por baixo do fantástico miradouro da Piazzale Michelangelo. O Matias escolhia os lápis e eu desenhada o que se via. Conjugou-se o azul claro com o escuro, o verde escuro com o claro, e a mesma relação entre os castanhos.
Ao acompanhar o crescimento, nem sempre tudo é claro, seguimos muitas vezes o instinto, andamos às apalpadelas a descobrir o melhor caminho. Mas também não é tudo escuro, há evidências óbvias da personalidade, gostos, interesses.
Mas o que este desenho me faz lembrar é que as zonas cinzentas são uma chatice!
Na Via dei Servi, na segunda feira depois da Páscoa, já depois de almoçar, houve tempo para trazer de novo a cúpula para o caderno.
Do lado direito, este desenho ia sendo feito aos pouquinhos, enquanto esperava pelo autocarro. Por vezes tinha 2 minutos, noutras 20 segundos. Ficou assim, incompleto, à espera de lá voltar.
Penso que o sentimento que tenho quando estou à espera é semelhante ao acompanhamento do crescimento do Matias.
Se ficar só à espera, é uma seca.
Se me envolver e dedicar, a espera não chega sequer a existir.
Não há cinzentos. Só claros e escuros, dúvidas e certezas!