E se largarmos todos os materiais que temos, tal como S. Francisco, e experimentarmos a radicalidade dessa opção?
Havia uma barra de grafite que me tinha sido oferecida há uns anos e estava intocável.
Parti-a às lascas e partilhei-a entre todos.
Sujava as mãos quando se lhe pegava.
Não se conseguia agarrar em condições, sequer.
Dali partimos em grupo para desenhar o tempo romano de Minerva, hoje igreja de Santa Maria sobre Minerva.
A exploração continuava.
Quando nos sujeitamos ao que o outro nos dá, os resultados são sempre um mistério. Raramente o que esperamos. Abrem-se novas possibilidades e o milagre de novos resultados aparecerem no caderno presta-se a acontecer...
Aos poucos, vamos integrando a surpresa da novidade.
Espaço para o chão e para o céu. A matéria fica no meio.
Depois de o controlar, havia que dar o passo seguinte:
Serei capaz de o integrar com o que eu já sei fazer?
A inspiração vinha do milagre da multiplicação dos pães e dos peixes.
Dificilmente as pessoas não tinham mesmo nada que comer.
Dificilmente não ficaram sensibilizadas pela partilha inicial de Jesus e dos discípulos.
De certeza que tiraram também o farnel que tinha levado e integraram-no com as pequenas porções recebidas pelos discípulos.
Má integração a minha. Deixei o que me ofereceram para o fim...
Usei a caneta e a aguarela e depois queria colocar o grafite da lasca.
Engraçado como é muito esta a postura com a diferença na vida. Queremos os territórios seguros. Primeiro eu e depois logo se vê se há espaço para o outro...
Nova tentativa.
Forcei-me a integrar.
Arcadas grosseiras com lascas de grafite.
Claro-escuro.
Sentido de liberdade.
Aguarela.
Confusão e caos.
Como é difícil integrar a novidade na nossa vida, sobretudo quando a novidade é como uma lasca de alguma coisa. Parte mal partida, sem lado bonito, sem modo de lhe pegar.
Tanto caminho pela frente...
Tanto para crescer...