Desde pequeno que me lembro da minha avó paterna dizer que, no seu tempo, uma sardinha dava para duas ou três pessoas...
... essas palavras ficaram gravadas na minha memória... acho que nunca consegui digerir bem a minha incapacidade para perceber como se podia viver dessa forma...
Quando um dia fui visitar a família da Helena, eram já umas três ou quatro da tarde, encontrei-os todos a comerem a sua refeição diária. Havia um rapaz que estava a comer arroz. Tirava de uma tijela algumas colheres de arroz branco. Enquanto conversava fiquei a observá-lo a comer... passado um tempo, o rapaz tira uma última colher de arroz, e, antes de a levar à boca, retira, com a ponta da colher, uma pequena parte de um peixe pequenino. Essa última colher de arroz levava algo mais do que arroz...
Quando terminou, o peixe estava praticamente intacto, faltava apenas aquela pequena parte que tinha tirado. De seguida ofereceu-me comida. Ofereceu-me o que tinha. Com alguma coragem disse-lhe que estava satisfeito e que não era necessário oferecer-me a sua comida.
Quando terminou, outra pessoa foi comer da tijela. Fez o mesmo ritual e no final retirou mais uma pequena parte do peixe...
E assim aconteceu repetidamente. Aquele peixinho pequenino alimentou várias pessoas.
Por momentos fiquei sem fala...
Por momentos lembrei-me da minha avó...
... essas palavras ficaram gravadas na minha memória... acho que nunca consegui digerir bem a minha incapacidade para perceber como se podia viver dessa forma...
Quando um dia fui visitar a família da Helena, eram já umas três ou quatro da tarde, encontrei-os todos a comerem a sua refeição diária. Havia um rapaz que estava a comer arroz. Tirava de uma tijela algumas colheres de arroz branco. Enquanto conversava fiquei a observá-lo a comer... passado um tempo, o rapaz tira uma última colher de arroz, e, antes de a levar à boca, retira, com a ponta da colher, uma pequena parte de um peixe pequenino. Essa última colher de arroz levava algo mais do que arroz...
Quando terminou, o peixe estava praticamente intacto, faltava apenas aquela pequena parte que tinha tirado. De seguida ofereceu-me comida. Ofereceu-me o que tinha. Com alguma coragem disse-lhe que estava satisfeito e que não era necessário oferecer-me a sua comida.
Quando terminou, outra pessoa foi comer da tijela. Fez o mesmo ritual e no final retirou mais uma pequena parte do peixe...
E assim aconteceu repetidamente. Aquele peixinho pequenino alimentou várias pessoas.
Por momentos fiquei sem fala...
Por momentos lembrei-me da minha avó...
4 comentários:
Sim, o dizer dos "antigos" era de que um pequeno pedaço, fosse do que fosse, era o essencial para sobreviver uma família de três, quatro pessoas...e sobrevivia-se.
Sim era o dizer dos "antigos" pois a realidade apresenta-se bem diferente e mais dura de aceitar.
O documentário que visionámos, marcou...marcou pelas imagens, pelos sons, pelos sentimentos expressos e por vezes, escondidos por detrás de um sorriso...
A verdade pode ser dura, mas tem de ser aceite e modificada...
O projecto DEL8, marcou-nos, daí a nossa aderência ao mesmo, a par de um empenho ainda maior.
Iremos dar notícias...
12E - Área de Projecto
a minha avó diz-me isso também muitas vezes...
e eu acho que por vezes não tenho noção da sorte que tenho.
Vou participar no DEL8 !
bom... tal como tantos portugueses, tambem eu ja ouvi a historia da sardinha que dava para 2 pessoas. o que me move é saber que evoluimos e que concerteza chegaremos ao dia em que ja ninguem acreditará nesta historia.acredito que um dia deixarao de haver choros de bebes subnutridos... o que me move é a esperança!
Por momentos, uma lágrima escorreu-me pela face ao visualizar esta partilha e ao reconhecê-la em tantos rostos de meninos guineenses...
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