Gosto mesmo de desenhar pessoas. De frente, de lado ou de trás, tanto faz. É mesmo o que me dá mais prazer.
segunda-feira, junho 13, 2011
sábado, junho 11, 2011
Diário Gráfico: Itália
São 13:07 e estou com fome.
Hoje o almoço será arroz com peixinhos da horta e com fome saberá ainda melhor.
Os nossos horários do dia-a-dia só estão relacionados com uma coisa: comida! Trabalhamos depois do pequeno-almoço, antes e depois do almoço e, às vezes (quase sempre), depois do jantar.
Há quem não goste disto e salte refeições. Por razões várias que agora não interessam nada...
Gosto desta ideia da importância que as refeições têm. Todo o processo é igual à nossa vida. Há que cultivar os alimentos, tratá-los, prepará-los, temperá-los. Por vezes espera-se por eles. Demasiado até. Há uns que só aparecem em determinada época e outros que temos o ano inteiro. Preparar uma refeição é um exemplo de vida. É uma transformação! Para transformar é preciso cortar, esmagar, lavar, ferver. Não é fácil, mas o resultado final merece!
Saborear uma refeição é um luxo se tivermos em conta o tempo que levou a preparação de tudo.
Saborear a vida é um luxo se tivermos em conta o tempo que temos de investir nas coisas que gostamos, que nos dão prazer e cortar nalgumas que precisam de ser esmagadas ou temperadas com vinagre...
Mas que não haja enganos! Tal como na comida, só devemos ficar com o que nos faz bem, tudo o resto torna a vida pesada e lenta...
Hoje o almoço será arroz com peixinhos da horta e com fome saberá ainda melhor.
Os nossos horários do dia-a-dia só estão relacionados com uma coisa: comida! Trabalhamos depois do pequeno-almoço, antes e depois do almoço e, às vezes (quase sempre), depois do jantar.
Há quem não goste disto e salte refeições. Por razões várias que agora não interessam nada...
Gosto desta ideia da importância que as refeições têm. Todo o processo é igual à nossa vida. Há que cultivar os alimentos, tratá-los, prepará-los, temperá-los. Por vezes espera-se por eles. Demasiado até. Há uns que só aparecem em determinada época e outros que temos o ano inteiro. Preparar uma refeição é um exemplo de vida. É uma transformação! Para transformar é preciso cortar, esmagar, lavar, ferver. Não é fácil, mas o resultado final merece!
Saborear uma refeição é um luxo se tivermos em conta o tempo que levou a preparação de tudo.
Saborear a vida é um luxo se tivermos em conta o tempo que temos de investir nas coisas que gostamos, que nos dão prazer e cortar nalgumas que precisam de ser esmagadas ou temperadas com vinagre...
Mas que não haja enganos! Tal como na comida, só devemos ficar com o que nos faz bem, tudo o resto torna a vida pesada e lenta...
sábado, maio 28, 2011
Diário Gráfico: Portugal
O meu amigo Zé Louro faz isto melhor que ninguém. Sou um amador ao pé dele.
Desenhar de lado, de pernas para o ar ou, imagine-se, de frente!
Aqui está a sala dos pais da Ketta.
A avó dela também.
Na estante estão muitos livros sobre Timor.
Um deles tem ilustrações da Mónica Cid.
O mundo é mesmo pequeno...
Desenhar de lado, de pernas para o ar ou, imagine-se, de frente!
Aqui está a sala dos pais da Ketta.
A avó dela também.
Na estante estão muitos livros sobre Timor.
Um deles tem ilustrações da Mónica Cid.
O mundo é mesmo pequeno...
sábado, maio 21, 2011
sábado, abril 30, 2011
Diário Gráfico: Portugal
A minha mãe merece aqui uma referência. Sempre atenta e empenhada para o meu bem e da minha irmã.
João Paulo II também merece aqui uma referência. Ele foi o meu papa. Não vivi o anterior e a imagem forte que tenho da igreja é a dele. Era um papa diferente, definitivamente.
Amanhã nem devo conseguir estar com a minha mãe, nem vou ver as celebrações de beatificação pela televisão. Vou estar em viagens. Umas curtas, outras longas, outras ainda, conceptuais.
É mais fácil desenhar quando viajamos fisicamente, mas tudo é uma viagem...
A relação com a minha mãe é uma viagem bonita...
A relação com o cristianismo é uma viagem lindíssima...
A relação com o mundo é uma viagem a desenhar quotidianamente!
João Paulo II também merece aqui uma referência. Ele foi o meu papa. Não vivi o anterior e a imagem forte que tenho da igreja é a dele. Era um papa diferente, definitivamente.
Amanhã nem devo conseguir estar com a minha mãe, nem vou ver as celebrações de beatificação pela televisão. Vou estar em viagens. Umas curtas, outras longas, outras ainda, conceptuais.
É mais fácil desenhar quando viajamos fisicamente, mas tudo é uma viagem...
A relação com a minha mãe é uma viagem bonita...
A relação com o cristianismo é uma viagem lindíssima...
A relação com o mundo é uma viagem a desenhar quotidianamente!
terça-feira, abril 26, 2011
Diário Gráfico: Portugal
Encontrar o punctum no claustro do seminário de S. José em Vila Viçosa. Era esse o desafio.
Depois de procurar, encontrei e desenhei estas duas janelas cheias de flores. São os únicos elementos que restam do mosteiro original do séc. XII.
É incrível pensar no que estas janelas já assistiram naquele claustro. Conversas, cânticos, silêncios, discussões, chuvas, geadas, olhares...
Pensar nisto faz-me ter respeito pelo que observo. Dar a dignidade no desenho do que representa a realidade. É a história a falar através do meu olhar. Que peso...
...
O Zé Louro também as desenhou aqui.
Depois de procurar, encontrei e desenhei estas duas janelas cheias de flores. São os únicos elementos que restam do mosteiro original do séc. XII.
É incrível pensar no que estas janelas já assistiram naquele claustro. Conversas, cânticos, silêncios, discussões, chuvas, geadas, olhares...
Pensar nisto faz-me ter respeito pelo que observo. Dar a dignidade no desenho do que representa a realidade. É a história a falar através do meu olhar. Que peso...
...
O Zé Louro também as desenhou aqui.
sábado, abril 23, 2011
Vídeo: Portugal
Este claustro pedia tudo! A nossa presença, o nosso olhar, os nossos desenhos, a nossa tranquilidade, o nosso saber desfrutar, o nosso silêncio...
Mas também nos dava tudo! Enquadramentos, calor, luz, sombra, posições, azul, torres, sinos, silêncio...
quinta-feira, abril 21, 2011
Diário Gráfico: Portugal
Entrámos na Igreja dos Agostinhos com a missão de procurar o studium - enquadramento que nos cativasse, nos encantasse. Dali, deveríamos procurar o punctum - o que nos saltava à vista, que nos fere e prende o olhar, fazendo com que esse aspecto preserve na nossa memória todo aquele contexto.
O studium e o punctum são ideias do Roland Barthes que foram aproveitadas para o retiro de diários gráficos em Vila Viçosa, mas antes ainda tomámos por referência o discurso de S. Paulo em Atenas. Depois de tão belas, preparadas e eruditas palavras, não houve assim tanta gente que lhe desse atenção, pelo que decidiu por mãos à obra e dar valor aos actos em detrimento das palavras.
Foi isso que fizemos. Deixámos a teoria e fomos desenhar procurando coisas muito específicas.
O meu punctum deste desenho é o sacrário esférico lá ao fundo - elemento central desta igreja que, nem nesta perspectiva mais lateral, perde a sua importância.
Daqui podíamos partir para o studium e o punctum da nossa vida... mas isso terá de ficar para um nível II do retiro de diários gráficos!
O studium e o punctum são ideias do Roland Barthes que foram aproveitadas para o retiro de diários gráficos em Vila Viçosa, mas antes ainda tomámos por referência o discurso de S. Paulo em Atenas. Depois de tão belas, preparadas e eruditas palavras, não houve assim tanta gente que lhe desse atenção, pelo que decidiu por mãos à obra e dar valor aos actos em detrimento das palavras.
Foi isso que fizemos. Deixámos a teoria e fomos desenhar procurando coisas muito específicas.
O meu punctum deste desenho é o sacrário esférico lá ao fundo - elemento central desta igreja que, nem nesta perspectiva mais lateral, perde a sua importância.
Daqui podíamos partir para o studium e o punctum da nossa vida... mas isso terá de ficar para um nível II do retiro de diários gráficos!
quarta-feira, abril 13, 2011
Diário Gráfico: Portugal
É já esta sexta-feira, dia 15 de Abril que um grupo de 15 pessoas vai estar retirado em Vila Viçosa para desenhar até domingo, dia 17 sob o tema: O Espiritual no Desenho. Ainda haviam 5 vagas, mas as inscrições já fecharam.
Ficaremos no seminário de S. José, mesmo em frente ao Paço Ducal, onde está esta escultura equestre de D. João IV, tão apetecível como difícil de desenhar. Este desenho demorou-me 25 minutos a fazer. Podia ter continuado, é certo, mas estava calor e apetecia-me ir desenhar outra coisa. Desde que ouvi a resposta do Eduardo Salavisa à pergunta "como é que escolhe o que desenha?", que fiquei mais descontraído em abandonar os desenhos quando começo a ficar cansado. É que às vezes custa ficar em pé, ao sol, à chuva, ao frio, no chão. Desenhar implica perseverança e fidelidade e isso nem sempre é fácil. Por isso é que "desenho o que me apetece", enquanto me apetece...
Por isso é que estou tão entusiasmado em passar 3 dias a desenhar. As escolhas e decisões serão sempre à volta do desenho, sem mais nada para ocupar a mente.
Retirarmo-nos do nosso quotidiano e entrar num mundo à parte por 3 dias é sempre algo especial... é sempre um exercício espiritual...
E não é isso que acontece no nosso dia-a-dia? Saímos de nossa casa rumo ao mundo do trabalho, dos estudos, ou de outra qualquer realidade. De um mundo para o outro e não tenho a certeza de qual tem mais valor. Se o local de partida, se o de chegada, ou o percurso entre os dois. O acaso e as possibilidades acontecem em todo o lado. Basta estarmos atentos! E termos o diário gráfico para os registar...
Ficaremos no seminário de S. José, mesmo em frente ao Paço Ducal, onde está esta escultura equestre de D. João IV, tão apetecível como difícil de desenhar. Este desenho demorou-me 25 minutos a fazer. Podia ter continuado, é certo, mas estava calor e apetecia-me ir desenhar outra coisa. Desde que ouvi a resposta do Eduardo Salavisa à pergunta "como é que escolhe o que desenha?", que fiquei mais descontraído em abandonar os desenhos quando começo a ficar cansado. É que às vezes custa ficar em pé, ao sol, à chuva, ao frio, no chão. Desenhar implica perseverança e fidelidade e isso nem sempre é fácil. Por isso é que "desenho o que me apetece", enquanto me apetece...
Por isso é que estou tão entusiasmado em passar 3 dias a desenhar. As escolhas e decisões serão sempre à volta do desenho, sem mais nada para ocupar a mente.
Retirarmo-nos do nosso quotidiano e entrar num mundo à parte por 3 dias é sempre algo especial... é sempre um exercício espiritual...
E não é isso que acontece no nosso dia-a-dia? Saímos de nossa casa rumo ao mundo do trabalho, dos estudos, ou de outra qualquer realidade. De um mundo para o outro e não tenho a certeza de qual tem mais valor. Se o local de partida, se o de chegada, ou o percurso entre os dois. O acaso e as possibilidades acontecem em todo o lado. Basta estarmos atentos! E termos o diário gráfico para os registar...
quarta-feira, abril 06, 2011
Diário Gráfico: Portugal
Esta é a Igreja dos Agostinhos, em Vila Viçosa.
Está fechada ao público. Não tem bancos, nem sacrário ou outras coisas habituais que as igrejas têm. Resta apenas uma coisa, o silêncio. E esse é tão puro ou mais que nas outras.
Neste dia, estive ali dentro cerca de uma hora a desenhar com outras pessoas. Uma hora em silêncio activo, visual, de registo. As palavras não valiam nada ali. Só o olhar, o cérebro, a mão e a caneta.
É preciso uma autorização especial para entrar nesta igreja. Afinal de contas, está ali sepultada toda a linhagem dos duques de Bragança.
Espero, e acho que será possível, repetir esta experiência num dos próximos dias 15, 16 e 17 de Abril.
Está fechada ao público. Não tem bancos, nem sacrário ou outras coisas habituais que as igrejas têm. Resta apenas uma coisa, o silêncio. E esse é tão puro ou mais que nas outras.
Neste dia, estive ali dentro cerca de uma hora a desenhar com outras pessoas. Uma hora em silêncio activo, visual, de registo. As palavras não valiam nada ali. Só o olhar, o cérebro, a mão e a caneta.
É preciso uma autorização especial para entrar nesta igreja. Afinal de contas, está ali sepultada toda a linhagem dos duques de Bragança.
Espero, e acho que será possível, repetir esta experiência num dos próximos dias 15, 16 e 17 de Abril.
terça-feira, março 22, 2011
Diário Gráfico: Portugal
Hoje foi dia de ir ao tribunal com os alunos do 12º. ano. Tinham tudo bem preparado e foi uma tarde incrível para desenhar.
No final, com a juiz presidente, percebi uma coisa importante para nós desenhadores: quando desenhamos alguém, se ficar muito semelhante, há direitos de privacidade aos quais temos de nos sujeitar...
Enfim, já nem o desenho nos protege!
Mas também há que ver o lado positivo: se queremos fazer uma exposição ou publicar trabalho, mais vale os nossos desenhos não se assemelharem à realidade!
E viva o desenho rápido, fugaz e distante da mimésis!!
No final, com a juiz presidente, percebi uma coisa importante para nós desenhadores: quando desenhamos alguém, se ficar muito semelhante, há direitos de privacidade aos quais temos de nos sujeitar...
Enfim, já nem o desenho nos protege!
Mas também há que ver o lado positivo: se queremos fazer uma exposição ou publicar trabalho, mais vale os nossos desenhos não se assemelharem à realidade!
E viva o desenho rápido, fugaz e distante da mimésis!!
quarta-feira, março 16, 2011
Diário Gráfico: Itália
terça-feira, março 15, 2011
Diário Gráfico: Itália
Mandado construir pelo Papa João Paulo II, este "olho" em vitral filtra a luz que entra na sala de audiências com o Papa.
Ao fundo, a basílica de S. Pedro.
Nesta rua chamada Via di Porta Cavalleggeri, muito movimento e comércio.
É engraçado aquele espaço do Vaticano. De repente damos por nós num território onde se respira tranquilidade. Ali mesmo, no meio da caótica urbe romana...
Ao fundo, a basílica de S. Pedro.
Nesta rua chamada Via di Porta Cavalleggeri, muito movimento e comércio.
É engraçado aquele espaço do Vaticano. De repente damos por nós num território onde se respira tranquilidade. Ali mesmo, no meio da caótica urbe romana...
domingo, março 13, 2011
Diário Gráfico: Itália
Quando se vem da praça de S. Pedro até ao Castel Sant'Angelo, deparamo-nos com o rio Tevere.
Digno de ser desenhado, aventurei-me nesta panorâmica. Estive ali cerca de 1 hora a desenhar, num domingo de manhã, entre as 10h00 e as 11h00.
Foi espantoso ouvir a cidade de Roma durante uma hora. Os pássaros, as conversas, os corredores matinais, as janelas a abrirem, os estores a serem puxados, os pombos, os gatos... tudo!!
Desenhar é ter tempo!
Digno de ser desenhado, aventurei-me nesta panorâmica. Estive ali cerca de 1 hora a desenhar, num domingo de manhã, entre as 10h00 e as 11h00.
Foi espantoso ouvir a cidade de Roma durante uma hora. Os pássaros, as conversas, os corredores matinais, as janelas a abrirem, os estores a serem puxados, os pombos, os gatos... tudo!!
Desenhar é ter tempo!
sábado, março 12, 2011
Diário Gráfico: Itália
Quando entrei no restaurante para o jantar, pensei que estava num típico lugar lisboeta.
Os países latinos são mesmo parecidos...
É o estilo de vida, os prazeres nas refeições, algum relaxamento na vida...
O senso comum diz-nos que os países nórdicos são o oposto, mais rigorosos e profissionais, etc., etc...
Querem fazer-nos acreditar que o nosso estilo de vida é o nosso problema mas, porque é que não conseguimos ver as mais valias desta nossa essência?
quinta-feira, março 10, 2011
O Espiritual no Desenho
Vila Viçosa - 15, 16 e 17 de Abril
Como fruto do meu trabalho de mestrado, proponho-vos esta oportunidade de realizarem 3 dias de paragem autêntica para desenharem e encontrarem o Espiritual no Desenho.
O preço parece-me bastante em conta, já que inclui todas as despesas.
Os quartos são duplos ou com 3 camas. Para quartos individuais, o preço sobe 20,00€.
Faremos esta actividade com um mínimo de 10 pessoas e máximo de 20.
Não sei se irei repetir isto, portanto, acho que é uma oportunidade a aproveitar!
Os quartos são duplos ou com 3 camas. Para quartos individuais, o preço sobe 20,00€.
Faremos esta actividade com um mínimo de 10 pessoas e máximo de 20.
Não sei se irei repetir isto, portanto, acho que é uma oportunidade a aproveitar!
Diário Gráfico: Itália
Podia apanhar o autocarro, mas preferi caminhar desde a Praça S. Pedro até ao Coliseu e deixar-me perder pelas ruas de Roma. Mesmo que isso implicasse levar a manhã inteira a fazer esse percurso...
Ainda por cima chovia aquela chuva miudinha que parece que não molha...
Foi uma caminhada brutal. Fui praticamente sempre de queixo caído, tais eram as constantes surpresas em cada esquina dobrada...
Roma não dá mesmo para acreditar... é que não dá mesmo!
Quando, finalmente, cheguei ao Coliseu, procurei um sítio confortável para me sentar. Escolhi uma esplanada mesmo em frente e estive ali uns belos 40 minutos a desenhar.
Valeram bem os 2,40 que paguei pelo café!
quarta-feira, março 09, 2011
Diário Gráfico: Itália
Esta praça é um sonho para desenhar. São pessoas por todo o lado em movimento, arquitectura variada, esplanadas, as esculturas do Bernini nas fontes, enfim...
Durante o dia foi impossível parar para desenhar. Não havia tempo. Tive de lá ir durante a noite.
Estava a chover e não se via lá muito bem. Abriguei-me num toldo de um quiosque mesmo à entrada da praça e desenhei as zonas de sombra que conseguia ver. Em casa meti a cor.
Durante o desenho uma cena incrível. Um homem de guitarra na mão caminhava a fugir da mulher que o insultava. Chegou a um ponto em que ele reagiu e virou-se contra ela. A discussão foi forte e a alto som. Quem se aproximava ou, sequer, olhava, era corrido com um raspanete num italiano com o dialecto romano no seu melhor...
Eu, no meu cantinho com o meu diário gráfico e com a minha caneta preta, passei incólume ao raspanete...
Durante o dia foi impossível parar para desenhar. Não havia tempo. Tive de lá ir durante a noite.
Estava a chover e não se via lá muito bem. Abriguei-me num toldo de um quiosque mesmo à entrada da praça e desenhei as zonas de sombra que conseguia ver. Em casa meti a cor.
Durante o desenho uma cena incrível. Um homem de guitarra na mão caminhava a fugir da mulher que o insultava. Chegou a um ponto em que ele reagiu e virou-se contra ela. A discussão foi forte e a alto som. Quem se aproximava ou, sequer, olhava, era corrido com um raspanete num italiano com o dialecto romano no seu melhor...
Eu, no meu cantinho com o meu diário gráfico e com a minha caneta preta, passei incólume ao raspanete...
sábado, fevereiro 19, 2011
Diário Gráfico: Inglaterra
Desenhar pessoas durante uma refeição não é tarefa fácil:
- criam uma expectativa enorme sobre o resultado final;
- desiludem-se quase sempre com o que vêem;
- não param quietas;
- estão sempre a espreitar de esguelha para o nosso caderno;
- acham-nos estranhos por estarmos a gastar tempo nisto.
Eu começo sempre por desenhar copos, pratos, travessas, comida, até que eles pensem que só quero desenhar isso. Depois é que eles começam a aparecer nas minhas páginas...
- criam uma expectativa enorme sobre o resultado final;
- desiludem-se quase sempre com o que vêem;
- não param quietas;
- estão sempre a espreitar de esguelha para o nosso caderno;
- acham-nos estranhos por estarmos a gastar tempo nisto.
Eu começo sempre por desenhar copos, pratos, travessas, comida, até que eles pensem que só quero desenhar isso. Depois é que eles começam a aparecer nas minhas páginas...
quinta-feira, fevereiro 10, 2011
Diário Gráfico: Inglaterra
Desenho feito no Café Rouge, mesmo junto ao Canal, no coração de Birmingham.
Estava a anoitecer e já quase não se via nada...
Concentrei-me depois no que havia para desenhar dentro do café...
É engraçado como o desenho pode servir também aqui de lição de vida. Desenhamos o que está ao nosso alcance, o que não nos foge da vista, o que não está para lá do nosso horizonte. Desenhar a partir daí é sempre um exercício de imaginação...
Também é assim nas relações. Tudo é possível quando estamos frente a frente, cara a cara, olhos nos olhos. Não há que enganar. As expressões dizem tudo... sem querer tornamo-nos transparentes, autênticos e, por isso mesmo, inspiradores de confiança...
Ferramentas para nos relacionarmos além do horizonte já existem muitas (este blogue é uma delas). A imaginação ganha largueza...
Mas não é a mesma coisa... é que não é mesmo!
Estava a anoitecer e já quase não se via nada...
Concentrei-me depois no que havia para desenhar dentro do café...
É engraçado como o desenho pode servir também aqui de lição de vida. Desenhamos o que está ao nosso alcance, o que não nos foge da vista, o que não está para lá do nosso horizonte. Desenhar a partir daí é sempre um exercício de imaginação...
Também é assim nas relações. Tudo é possível quando estamos frente a frente, cara a cara, olhos nos olhos. Não há que enganar. As expressões dizem tudo... sem querer tornamo-nos transparentes, autênticos e, por isso mesmo, inspiradores de confiança...
Ferramentas para nos relacionarmos além do horizonte já existem muitas (este blogue é uma delas). A imaginação ganha largueza...
Mas não é a mesma coisa... é que não é mesmo!
domingo, fevereiro 06, 2011
Diário Gráfico: Inglaterra
Em Birmingham, mesmo no coração da cidade e ao lado do famoso Bullring, está esta catedral anglicana. O frio era tanto quanto a fila de espera pela mesa onde estava sentado - o restaurante Nando's, de origem portuguesa (consta que tem o melhor frango assado de Inglaterra). Desenhei o possível. Já não houve tempo para o transepto e para a cúpula do altar-mor.
Quando olho para este desenho recordo-me do ambiente daquele dia. Do mar de gente a entrar no Bullring, os cheiros, sons, etc, etc...
Enfim... desenhar preserva-nos a memória!
Quando olho para este desenho recordo-me do ambiente daquele dia. Do mar de gente a entrar no Bullring, os cheiros, sons, etc, etc...
Enfim... desenhar preserva-nos a memória!
terça-feira, fevereiro 01, 2011
Diário Gráfico: Inglaterra
Quando viajamos, uma das questões centrais é a diferença gastronómica.
Neste caso, as minhas ideias prévias (quem as não tem?), diziam-me que os ingleses não gostam particularmente de cozinhar, pelo que ia mentalizado para isso...
Pois é. Mas acontece que as minhas ideias prévia estavam lá bem atrás, presas no longínquo passado...
As misturas culturais levaram-me para uma riqueza incrível de paladares. Todos cozinhavam. Todos faziam parte do processo. Todos se interessavam e davam ideias.
Era esta a cozinha onde tudo acontecia. Atrás de mim, onde desenhava, estava a clássica vista para o jardim da casa. Passeavam por lá esquilos e raposas, além dos muitos pássaros.
O acto de cozinhar e de desenhar têm tanto em comum. É uma depuração, procura do essencial. É a tomada de opções. Nem sempre o produto final nos agrada mas, desde que o processo nos preencha, vale sempre a pena!
Neste caso, as minhas ideias prévias (quem as não tem?), diziam-me que os ingleses não gostam particularmente de cozinhar, pelo que ia mentalizado para isso...
Pois é. Mas acontece que as minhas ideias prévia estavam lá bem atrás, presas no longínquo passado...
As misturas culturais levaram-me para uma riqueza incrível de paladares. Todos cozinhavam. Todos faziam parte do processo. Todos se interessavam e davam ideias.
Era esta a cozinha onde tudo acontecia. Atrás de mim, onde desenhava, estava a clássica vista para o jardim da casa. Passeavam por lá esquilos e raposas, além dos muitos pássaros.
O acto de cozinhar e de desenhar têm tanto em comum. É uma depuração, procura do essencial. É a tomada de opções. Nem sempre o produto final nos agrada mas, desde que o processo nos preencha, vale sempre a pena!
quinta-feira, janeiro 27, 2011
Diário Gráfico: Inglaterra
Desde que tive uma cadeira na faculdade chamada Estudos Culturais, fiquei com curiosidade em conhecer a Universidade de Birmingham. Berço dos estudos pós-colonialistas, quis adiantar-se no tempo e estudar os efeitos da descolonização africana. Muito interessante o tema!
Quando procurei esse Departamento para ver in loco onde tudo tinha começado, deparei-me com a triste verdade das Universidades contemporâneas: por falta de viabilidade financeira do projecto, tinha encerrado portas.
É para aqui que caminhamos academicamente: o que é rentável, mesmo com pouco interesse, é o que permanece. Tudo o resto cai perante o mecanismo económico em que estamos entranhados...
Quando procurei esse Departamento para ver in loco onde tudo tinha começado, deparei-me com a triste verdade das Universidades contemporâneas: por falta de viabilidade financeira do projecto, tinha encerrado portas.
É para aqui que caminhamos academicamente: o que é rentável, mesmo com pouco interesse, é o que permanece. Tudo o resto cai perante o mecanismo económico em que estamos entranhados...
segunda-feira, janeiro 24, 2011
Diário Gráfico: Portugal
No dia 20 de Dezembro estava um trânsito horrível em Lisboa. Não se andava nada mesmo! A situação seria desesperante se não tivesse tido a oportunidade de colocar em prática as experiências do meu amigo Zé Louro. Desde que o ouvir falar de desenhos no trânsito, e vi os que ele fazia, que estar parado em semáforos ou no pára-arranca nunca mais significou a mesma coisa.
O stress não é aquilo nunca andar, mas exactamente o oposto: "isto está sempre a andar" - digo eu chateado - "assim não consigo desenhar"!
Quem disse que o desenho não muda o nosso estado de espírito?
"Quem disse que o desenho não é uma actividade radical?" - esta frase é dele.
O stress não é aquilo nunca andar, mas exactamente o oposto: "isto está sempre a andar" - digo eu chateado - "assim não consigo desenhar"!
Quem disse que o desenho não muda o nosso estado de espírito?
"Quem disse que o desenho não é uma actividade radical?" - esta frase é dele.
sexta-feira, janeiro 21, 2011
Diário Gráfico: Itália
Logo no primeiro dia, era imperativo ir à Praça S. Pedro. Ainda estava lá o presépio internacional e o pinheiro. Embora fosse dia, o ambiente era bem tranquilo. Haviam algumas pessoas por ali, mas nada comparado com os turistas do Verão.
Encostei-me confortavelmente a um daqueles pilaretes de pedra que separam a praça da estrada e comecei o desenho. Linha a linha, do lado esquerdo para o direito. Além de não ver bem as esculturas, não tive coragem de desenhar tamanhas obras do Bernini. A quantidade é verdadeiramente impressionante! Como é possível alguém ter feito tanta obra com tanta qualidade?
Os 45 minutos ali a desenhar levaram-me numa viagem histórica, pessoal e espiritual....
E mais não digo... fica comigo...
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