terça-feira, março 15, 2011

Diário Gráfico: Itália

Mandado construir pelo Papa João Paulo II, este "olho" em vitral filtra a luz que entra na sala de audiências com o Papa.
Ao fundo, a basílica de S. Pedro.
Nesta rua chamada Via di Porta Cavalleggeri, muito movimento e comércio.

É engraçado aquele espaço do Vaticano. De repente damos por nós num território onde se respira tranquilidade. Ali mesmo, no meio da caótica urbe romana...

domingo, março 13, 2011

Diário Gráfico: Itália


Quando se vem da praça de S. Pedro até ao Castel Sant'Angelo, deparamo-nos com o rio Tevere.
Digno de ser desenhado, aventurei-me nesta panorâmica. Estive ali cerca de 1 hora a desenhar, num domingo de manhã, entre as 10h00 e as 11h00.
Foi espantoso ouvir a cidade de Roma durante uma hora. Os pássaros, as conversas, os corredores matinais, as janelas a abrirem, os estores a serem puxados, os pombos, os gatos... tudo!!

Desenhar é ter tempo!

sábado, março 12, 2011

Diário Gráfico: Itália


Quando entrei no restaurante para o jantar, pensei que estava num típico lugar lisboeta.
Os países latinos são mesmo parecidos...
É o estilo de vida, os prazeres nas refeições, algum relaxamento na vida...
O senso comum diz-nos que os países nórdicos são o oposto, mais rigorosos e profissionais, etc., etc...
Querem fazer-nos acreditar que o nosso estilo de vida é o nosso problema mas, porque é que não conseguimos ver as mais valias desta nossa essência?

quinta-feira, março 10, 2011

O Espiritual no Desenho

Vila Viçosa - 15, 16 e 17 de Abril

Como fruto do meu trabalho de mestrado, proponho-vos esta oportunidade de realizarem 3 dias de paragem autêntica para desenharem e encontrarem o Espiritual no Desenho.
O preço parece-me bastante em conta, já que inclui todas as despesas.
Os quartos são duplos ou com 3 camas. Para quartos individuais, o preço sobe 20,00€.

Faremos esta actividade com um mínimo de 10 pessoas e máximo de 20.
Não sei se irei repetir isto, portanto, acho que é uma oportunidade a aproveitar!

Diário Gráfico: Itália



Podia apanhar o autocarro, mas preferi caminhar desde a Praça S. Pedro até ao Coliseu e deixar-me perder pelas ruas de Roma. Mesmo que isso implicasse levar a manhã inteira a fazer esse percurso...
Ainda por cima chovia aquela chuva miudinha que parece que não molha...
Foi uma caminhada brutal. Fui praticamente sempre de queixo caído, tais eram as constantes surpresas em cada esquina dobrada...
Roma não dá mesmo para acreditar... é que não dá mesmo!

Quando, finalmente, cheguei ao Coliseu, procurei um sítio confortável para me sentar. Escolhi uma esplanada mesmo em frente e estive ali uns belos 40 minutos a desenhar.
Valeram bem os 2,40 que paguei pelo café!

quarta-feira, março 09, 2011

Diário Gráfico: Itália


Esta praça é um sonho para desenhar. São pessoas por todo o lado em movimento, arquitectura variada, esplanadas, as esculturas do Bernini nas fontes, enfim...

Durante o dia foi impossível parar para desenhar. Não havia tempo. Tive de lá ir durante a noite.
Estava a chover e não se via lá muito bem. Abriguei-me num toldo de um quiosque mesmo à entrada da praça e desenhei as zonas de sombra que conseguia ver. Em casa meti a cor.

Durante o desenho uma cena incrível. Um homem de guitarra na mão caminhava a fugir da mulher que o insultava. Chegou a um ponto em que ele reagiu e virou-se contra ela. A discussão foi forte e a alto som. Quem se aproximava ou, sequer, olhava, era corrido com um raspanete num italiano com o dialecto romano no seu melhor...

Eu, no meu cantinho com o meu diário gráfico e com a minha caneta preta, passei incólume ao raspanete...

sábado, fevereiro 19, 2011

Diário Gráfico: Inglaterra

Desenhar pessoas durante uma refeição não é tarefa fácil:

- criam uma expectativa enorme sobre o resultado final;
- desiludem-se quase sempre com o que vêem;
- não param quietas;
- estão sempre a espreitar de esguelha para o nosso caderno;
- acham-nos estranhos por estarmos a gastar tempo nisto.

Eu começo sempre por desenhar copos, pratos, travessas, comida, até que eles pensem que só quero desenhar isso. Depois é que eles começam a aparecer nas minhas páginas...

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Diário Gráfico: Inglaterra

Desenho feito no Café Rouge, mesmo junto ao Canal, no coração de Birmingham.
Estava a anoitecer e já quase não se via nada...

Concentrei-me depois no que havia para desenhar dentro do café...
É engraçado como o desenho pode servir também aqui de lição de vida. Desenhamos o que está ao nosso alcance, o que não nos foge da vista, o que não está para lá do nosso horizonte. Desenhar a partir daí é sempre um exercício de imaginação...

Também é assim nas relações. Tudo é possível quando estamos frente a frente, cara a cara, olhos nos olhos. Não há que enganar. As expressões dizem tudo... sem querer tornamo-nos transparentes, autênticos e, por isso mesmo, inspiradores de confiança...

Ferramentas para nos relacionarmos além do horizonte já existem muitas (este blogue é uma delas). A imaginação ganha largueza...

Mas não é a mesma coisa... é que não é mesmo!

domingo, fevereiro 06, 2011

Diário Gráfico: Inglaterra


Em Birmingham, mesmo no coração da cidade e ao lado do famoso Bullring, está esta catedral anglicana. O frio era tanto quanto a fila de espera pela mesa onde estava sentado - o restaurante Nando's, de origem portuguesa (consta que tem o melhor frango assado de Inglaterra). Desenhei o possível. Já não houve tempo para o transepto e para a cúpula do altar-mor.

Quando olho para este desenho recordo-me do ambiente daquele dia. Do mar de gente a entrar no Bullring, os cheiros, sons, etc, etc...

Enfim... desenhar preserva-nos a memória!

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Diário Gráfico: Inglaterra


Quando viajamos, uma das questões centrais é a diferença gastronómica.
Neste caso, as minhas ideias prévias (quem as não tem?), diziam-me que os ingleses não gostam particularmente de cozinhar, pelo que ia mentalizado para isso...

Pois é. Mas acontece que as minhas ideias prévia estavam lá bem atrás, presas no longínquo passado...
As misturas culturais levaram-me para uma riqueza incrível de paladares. Todos cozinhavam. Todos faziam parte do processo. Todos se interessavam e davam ideias.

Era esta a cozinha onde tudo acontecia. Atrás de mim, onde desenhava, estava a clássica vista para o jardim da casa. Passeavam por lá esquilos e raposas, além dos muitos pássaros.

O acto de cozinhar e de desenhar têm tanto em comum. É uma depuração, procura do essencial. É a tomada de opções. Nem sempre o produto final nos agrada mas, desde que o processo nos preencha, vale sempre a pena!

quinta-feira, janeiro 27, 2011

Diário Gráfico: Inglaterra

Desde que tive uma cadeira na faculdade chamada Estudos Culturais, fiquei com curiosidade em conhecer a Universidade de Birmingham. Berço dos estudos pós-colonialistas, quis adiantar-se no tempo e estudar os efeitos da descolonização africana. Muito interessante o tema!

Quando procurei esse Departamento para ver in loco onde tudo tinha começado, deparei-me com a triste verdade das Universidades contemporâneas: por falta de viabilidade financeira do projecto, tinha encerrado portas.

É para aqui que caminhamos academicamente: o que é rentável, mesmo com pouco interesse, é o que permanece. Tudo o resto cai perante o mecanismo económico em que estamos entranhados...

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Diário Gráfico: Portugal


No dia 20 de Dezembro estava um trânsito horrível em Lisboa. Não se andava nada mesmo! A situação seria desesperante se não tivesse tido a oportunidade de colocar em prática as experiências do meu amigo Zé Louro. Desde que o ouvir falar de desenhos no trânsito, e vi os que ele fazia, que estar parado em semáforos ou no pára-arranca nunca mais significou a mesma coisa.
O stress não é aquilo nunca andar, mas exactamente o oposto: "isto está sempre a andar" - digo eu chateado - "assim não consigo desenhar"!

Quem disse que o desenho não muda o nosso estado de espírito?
"Quem disse que o desenho não é uma actividade radical?" - esta frase é dele.

sexta-feira, janeiro 21, 2011

Diário Gráfico: Itália


Logo no primeiro dia, era imperativo ir à Praça S. Pedro. Ainda estava lá o presépio internacional e o pinheiro. Embora fosse dia, o ambiente era bem tranquilo. Haviam algumas pessoas por ali, mas nada comparado com os turistas do Verão.

Encostei-me confortavelmente a um daqueles pilaretes de pedra que separam a praça da estrada e comecei o desenho. Linha a linha, do lado esquerdo para o direito. Além de não ver bem as esculturas, não tive coragem de desenhar tamanhas obras do Bernini. A quantidade é verdadeiramente impressionante! Como é possível alguém ter feito tanta obra com tanta qualidade?

Os 45 minutos ali a desenhar levaram-me numa viagem histórica, pessoal e espiritual....
E mais não digo... fica comigo...

sábado, janeiro 01, 2011

Fotografia: Inglaterra



Vitral da 50 High Brow St., Birmingham



2011 abre com a partilha de 13 dias em Birmingham.

Temperaturas baixas, neve, gelo and so much british accent...

Sabem aquela Inglaterra que aprendemos nos livros da escola, com os senhores de chapéu, toda a organização, pontualidade e pele branquinha? Continua lá, mas não está sozinha. O mundo inteiro está lá misturado! O mesmo mundo que mistura Lisboa é o mundo que mistura Birmingham. A única coisa que muda são os ingleses!

Com tanta mistura, temos tendência para ver tudo desfocado.
De repente, damos por nós a ver sair paquistaneses de casas vitorianas do início do séc. XX. Nas ruas cruzam-se pessoas de origens indefinidas, nascidas cá e lá. Somos atendidos por alguém atrás de uma burca e vemos uma cultura emergente e totalmente inovadora a querer fazer a sua história.

Ver desfocado é a maior desgraça que nos pode acontecer. É não perceber que o mundo já mudou. É não perceber que há um mundo e há pessoas que nele habitam por direito próprio, sem preconceitos, sem fronteiras, sem british accent...
Apenas pessoas e o mundo!

sexta-feira, novembro 19, 2010

Diário Gráfico: Portugal

Comboio: linha de Sintra

Hoje recebi um telefonema de uma empresa que me queria fazer um inquérito sobre a minha satisfação relativamente aos transportes públicos.
Numa escala de 1 a 10 em que 1 é muito desagradado e 10 é muito satisfeito... etc, etc...
Estão a ver o filme não é?

O que me apetecia dizer era isto:
- Gosto de ir de comboio porque posso ler enquanto viajo;
- Gosto de ir de comboio porque posso desenhar as pessoas de graça;
- Gosto de ir de comboio porque me possibilita reencontrar amigos e conversar como se não tivesse passado tempo nenhum;
- Gosto de ir de comboio porque posso dormir os minutos que queria ter ficado na cama de manhã;
- Gosto de ir de comboio porque me faz andar mais a pé;
- Gosto de ir de comboio porque me faz sentir que tenho uma preocupação ambiental;
- Gosto de ir de comboio porque gosto de ver pessoas de classes, géneros e origens diferentes a partilharem o mesmo espaço;
- Gosto de ir de comboio porque me faz desenhar mais;
- Gosto de ir de comboio porque me faz sentir parte do mundo real.

segunda-feira, outubro 18, 2010

Diário Gráfico: Portugal

Nos arredores de Lisboa, num bairro social, numa quinta-feira à noite, um grupo de gente reuniu-se para debater ideias e trabalhar. Longe dos centros turísticos mas perto da vida real.

No desenho está um brasileiro, um argentino, uma portuguesa, uma angolana, cinco cabo-verdianas e dois luso-cabo-verdeanos.

Esta também é a nossa Lisboa. Tal como o Jean Yves Loude já tinha escrito no belíssimo Lisboa, na Cidade Negra.

sexta-feira, outubro 15, 2010

Diário Gráfico: Espanha


Primeiro desenho no Moleskine que a Mafalda, minha aluna/amiga, me ofereceu no final do ano lectivo anterior.

Encostei-me à parede do Centro de Turismo da vila de Segovia e lancei-me no desenho. Esta praça que está entre mim e as fachadas que desenhava era muito frequentada por turistas e, nas arcadas, haviam cafés e esplanadas a servir de tudo um pouco, refeições, refrescos, gelados...
O céu estava azul e a temperatura bem alta. Do lado esquerdo, escondido por um pilar, estava um lindíssimo aqueduto construído nos séculos I e II. Para a direita ia a rua principal de Segovia.

Tudo isto ficou por desenhar...
Tudo o resto ousei desenhar...

domingo, outubro 03, 2010

Diário Gráfico: Espanha

Aqui, na Plaza de Castilla, o monitor electrónico da central de autocarros indicava 9 minutos para o nosso bus chegar. Coloquei-me num pequeno separador no meio da estrada e lancei-me no desenho das Torres Kyo, na Porta da Europa.
Não deu tempo para mais e não quis terminar de memória...

Nos outros dias o monitor não nos deixava esperar mais de um ou dois minutos...
Tanta eficiência na rede pública de transportes dificulta a tarefa de desenhador urbano...

sexta-feira, setembro 24, 2010

Diário Gráfico: Espanha

Fomos também a Toledo e a dúvida sobre o que desenhar era muito grande...
Enquanto uns queriam ir à catedral, eu e a Ketta preferimos ficar a desenhar pelas ruas. Ao contrário do que parece no desenho, esta "Calle del Nuncio Viejo" é bastante movimentada e talvez até um pouco mais estreita...

Bom, mas enquanto a desenhava (sentado em cima de uma boca de incêndio), dava-me conta da quantidade de turistas coleccionadores de espaços, terras e fotografias, que por ali passavam. É que passavam literalmente. Ninguém se deu conta dos ferros forjados das varandas, de como cada piso tem uma arquitectura diferente, de como os passeios estão velhos...
E tenho as minhas dúvidas se, entre os milhares de fotografias digitais, se vão dar conta destes detalhes...

É o nosso turismo mundial...

Abençoado desenho que me obrigou a ficar ali a olhar para uma rua qualquer em vez de correr todas as ruas e ruelas de Toledo, como que a coleccionar cromos de uma caderneta...

domingo, setembro 19, 2010

Diário Gráfico: Espanha

Plaza Mayor em Madrid.
Tentei escrever umas palavras sobre ela aqui mas, na realidade, esta praça deixa-me sem palavras...

sexta-feira, setembro 17, 2010

Diário Gráfico: Espanha

Tenho um grande problema com as livrarias (acredito que outras pessoas sofram do mesmo mal): não consigo sair de lá sem comprar nenhum livro...

Na do museu do Prado acabei por comprar dois livros. Um sobre desenho de alguns autores espanhóis e outro sobre As meninas de Velásquez em versão didáctico-pedagógica para crianças.

Também já deixei de acreditar que os compro para os ler mais tarde. Sei que os compro para os consultar mais tarde...
Não há tempo para mais! Tanto para ler e uma só vida...

Como disse o Almada:
Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida. Não chegam, não duro nem para metade da livraria. Deve haver, certamente, outras maneiras de se salvar uma pessoa, senão estarei perdido.

quarta-feira, setembro 15, 2010

Diário Gráfico: Espanha

Se é verdade que com a Plaza Mayor fiquei maravilhado, esta Plaza del Sol também me obrigou a parar o olhar e registar os prédios e os espaços...
Seja feita justiça à dita praça dizendo que o meu desenho não consegue mostrar nada da sua beleza.
Diz lá numa placa que está no chão, que é dali que saem todas as estradas de Madrid. É o quilómetro zero. Engraçado com as coisas são. Mesmo ao lado estava um cartaz com publicidade ao conhecido sistema de navegação automóvel. A frase era algo deste género: "GPS, porque nem todos os caminhos vão dar a Roma!"

Interessante, não é?

sábado, setembro 11, 2010

Fotografia: Espanha

Estádio Santiago Bernabeu.

Inserido na malha urbana de Madrid, mesmo junto ao Paseo de la Castellana, este estádio tem um grande impacto em quem ali passa.
Galácticos brancos mas com bancadas azuis, cheias a cada fim-de-semana...
Quando vou a um estádio lembro-me sempre do Coliseu de Roma e do que lá se passava há dois mil e tal anos. Como é possível algo entusiasmar tanta gente ao ponto de, juntas, esquecerem-se de si próprias e agirem de forma alterada?

A publicidade e o marketing têm muito que aprender com o futebol...

Para os profetas da desgraça: é impossível mover multidões? Claro que não! Se duas dezenas de rapazes e uma bola o conseguem fazer, nós é que andamos todos a dormir...

sexta-feira, setembro 10, 2010

Diário Gráfico: Espanha

O ano lectivo está mesmo aí...
Preparar tudo e tentar que os detalhes façam a diferença é o desafio...
Isto custa... há que pensar a curto e a longo prazo!
Que alunos vou receber? Como vêm? Cresceram? Que expectativas têm?
Que professor sou eu neste momento? Sou eu mesmo ou há uma imagem que se tenta passar?

...

No Parque do Retiro de Madrid há um palácio de Cristal. Todo ele é vidro e aço. Transparente. Nada teme, nem os 40 e tal graus de Verão, nem o gelo do Inverno....
Ele está ali, transparente, a mostrar-se como é, com todas as suas debilidades e fortalezas.
A sua honesta grandeza tornou-me pequeno no acto de o desenhar. Nem me coube nas páginas...

...

É assim ser professor. É ser de aço e de vidro. Forte e frágil. Transparente, verdadeiro, honesto. Grande e pequeno...