terça-feira, outubro 13, 2015

Bangkok underground


Em Banguecoque era imperativo deslocarmo-nos de metro. O trânsito é caótico e ir por baixo de terra é mesmo a melhor opção. 
Com o Matias, no início procurávamos sempre o elevador, mas a logística era tão difícil que começámos a optar por ir sempre pelas escadas rolantes com o carrinho apesar dos sinais a dizer o contrário...
Dentro do metro nem sempre havia lugar sentado, mas volta e meia lá acontecia. Esta dupla página acabou por ser um conjunto de vários dias e várias tentativas para desenhar o Matias, além de experimentar canetas. 
Ficou assim, mais uma página de laboratório que podia ter ficado ainda mais cheia se as viagens de metro não fossem tão curtas...

quinta-feira, outubro 08, 2015

Bangkok - Watpho temple


Enquanto desenhava no templo Watpho, apareceram duas pessoas que se sentaram ao pé de mim a ver-me desenhar. Continuei sem dar importância, mas elas aproximavam-se cada vez mais do meu ombro e a cochichar...
... olhei para elas e sorri. :)
Meteram logo conversa e logo percebi que eram mãe e filha, que a rapariga gostava muito de desenhar, mas que era muito perfeccionista e que demorava uma eternidade a terminar os desenhos, pelo que a mãe estava a dizer-lhe para ela ver como é possível desenhar mais rápido o que se vê. 

- Where are you from? 
- Canada, and you?
- Portugal.
- Portugal? Os meus pais são portugueses-foram trabalhar para o Canadá-vamos todos os anos a Ponte-de-Lima-gosto muito das minhas raízes-tão bom encontrar alguém português aqui-o que está aqui a fazer?-Não acredito que encontrei um português em Banguecoque-nós estivemos antes no Cambodja e a minha filha não desenhou nada-não pode dar-lhe umas dicas?-Veja aqui estas fotografias dos desenhos dela-não é boa a desenhar? (e por aí adiante quase sem perder o fôlego...)

Estamos mesmo espalhados pelo mundo inteiro!
:)

segunda-feira, outubro 05, 2015

Bangkok - temple of Don


Depois de uma manhã passada num dos maiores templos de Banguecoque (Watpho), viemos almoçar numa esquina um pouco duvidosa, mas depois de entrar, com uma vista para o rio que me fez lembrar, por momentos, Veneza...
Ao fundo, está em construção o templo de Don, mas o meu desenho não lhe faz justiça. Esta vista para este rio (ou será um canal?) ainda não me conseguiu realizar. Tenho de praticar mais estes deques meio flutuantes para conseguir definir melhor os planos. 
Ali do lado esquerdo está uma escultura de pedra que está à entrada do templo Watpho. Parece que são chinesas e os tailandeses não lhes dão assim tanta importância...
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domingo, outubro 04, 2015

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O título deste post bem que podia ser a tradução do nome do rapaz do desenho, mas já lá vou...

Hoje é dia de eleições. 
Fui votar depois de almoço e nunca me tinha apercebido que há quem vote sem saber em quem vai votar. Há até quem se engane no momento e vote no partido errado sem saber. Ignorância, falta de informação ou interesse na política. Realmente, alguma coisa tem de mudar na nossa sociedade...

Agora sobre o desenho: acontece-me cada vez mais isto. Penso que vou desenhar uma coisa e, quando dou por mim, estou a encher a página de outros motivos, pessoas, objectos...
Neste dia fomos visitar uma igreja portuguesa (parece que é a única em Banguecoque) e tivemos de entrar pelo pátio de uma escola que tinha uma vista deslumbrante para o rio. "É mesmo aqui", pensei eu. Assim que comecei, tocou para o intervalo e o pátio encheu-se de estudantes e escuteiros. Rapidamente fiquei com algumas crianças à minha volta e comecei a meter conversa. Este rapaz era o que falava melhor inglês e queria mesmo falar comigo. Enquanto falava com ele e desenhava a outra margem do rio dei por mim a pensar que o meu foco de interesse estava a mudar, o rapaz tinha de entrar no desenho...
Mais uma lição que o desenho me dá: nunca controlamos completamente o processo (muito menos o resultado final). O ponto de partida, por mais desconhecido que seja, leva-nos sempre para territórios ainda mais incógnitos...

Não sei traduzir o nome do rapaz (que ele escreveu no caderno), mas há tantas outras coisas que não sei traduzir e penso que sei...
... um pouco como as eleições e a nossa política. Pensamos que estamos bem informados, mas a única coisa que controlamos mesmo é a cruz que metemos no nosso boletim de voto. Tudo o resto é um mistério muito grande...

sábado, outubro 03, 2015

Bangkok panorama view





Desta vez não resisti a tirar uma fotografia do local mal cheguei ao sítio.

Que belo almoço ali se tomou. Até prepararam uma comida especial para o Matias!

Tive de usar duas duplas páginas do caderno para dar largas à vista. Não tive tempo de aguarelar, mas que interessa? Confesso que o que gosto mesmo é da limpeza do desenho. É a síntese que se consegue em relação ao original que torna tudo especial. 
Ainda que falte o céu esplendoroso que estava lá,
ainda que falte o verde das árvores que não desenhei,
ainda que falte os azuis e reflexos da água,
ainda que faltem as cores e as sombras dos edifícios,
o que guardo é o prazer da linha a correr pela folha branca sem a preocupação do rigor nem do tempo a passar...

sexta-feira, outubro 02, 2015

Bangkok China town


A história deste desenho é simples. Tão simples que nem a escrevi no caderno ao final do dia, como costumo fazer quando viajo.

Depois do maravilhoso almoço, fomos todos em grupo (éramos uns 10) à procura de um local para desenhar. Fomos para um lado. Voltámos para trás. Fomos para outro lado e voltámos de novo para trás. 
Com tanta indecisão, a Veronica Lawlor chegou-se à frente e disse que gostava de desenhar esta porta bem asiática no meio de uma rotunda caótica de trânsito. Nada do que eu escolheria...

Isto de desenhar em grupo tem que se lhe diga. 
O desenho dela ficou brutal (quando ela o publicar, coloco aqui o link). 
O meu ficou assim...

quarta-feira, setembro 30, 2015

Bangkok street food


Saímos do templo Wat Trimitr e começámos a caminhar por ruas estreitas, cheias de pessoas, motas e carros, além das pequenas carroças transformadas em cozinhas transportáveis. Diziam-nos os sketchers de Banguecoque que por ali estava a melhor street food que se podia encontrar. Era um pouco mais cara, valores próximos dos de um restaurante, mas que valia a pena. Esganados de fome lá o encontrámos a cozinhar freneticamente na parte de trás da sua carrinha/cozinha. A escolha do prato era simples: a especialidade da "casa". Enquanto esperámos (eu, a Ketta, o Pramote, o Luís Simões e a Veronica Lawlor), desenhámos, pois claro. 

Aprendi uma coisa neste dia: para comer street food, há que ver o cozinheiro a prepará-la no momento. É o melhor critério para se saber que é de qualidade.

terça-feira, setembro 29, 2015

The largest solid golden Buddha


"Depois de muito hesitar, lá decidi entrar no templo Wat Trimitr. 
Cem Baths para ter o bilhete de entrada, subi a escadaria e fiquei logo com vontade de desenhar a vista lá de cima, mas não perdi o foco que me tinha levado a entrar e procurei a entrada. Ali mesmo, percebi que era necessário tirar os sapatos pois só se pode entrar descalço. Assim fiz e, assim que entrei, encontrei um Buda dourado de uma escala enorme. Rodeavam-me várias pessoas - umas turistas, outras crentes - e eu percebia muito pouco dos rituais que ali assistia. Queria desenhar, mas nem sabia por onde começar. Sentei-me no chão, encostado à parede e fiquei ali um bom bocado de tempo de boca aberta sem saber por onde começar...
... iniciei pela arquitectura interior e terminei com o buda. Entretanto o telemóvel tocou: era a Ketta a chamar pois estavam todos à minha espera para almoçar. Não dei pelo tempo passar... saí, calcei-me e desci rapidamente do templo com o desenho inacabado..."

[transcrição do texto original do caderno]

domingo, setembro 27, 2015

Wat Trimitr temple - Bangkok


No dia em que chegámos a Banguecoque não houve tempo para desenhar: sair do aeroporto, boleia para o hotel, procurar um sítio para jantar, comida para o Matias, etc, etc.

No dia seguinte, o Pramote levou-nos até um dos principais templos da cidade: Wat Trimitr golden Buda (o templo com o maior Buda em ouro maciço do mundo!). 
Não havia dúvidas que era um local especial e para desenhar. Deambulei à volta do templo para sentir o local. A agitação era muita, vozes de monges através de microfones, vendedores de rua, turistas, escolas com crianças no recreio, carros, buzinas, enfim, o frenesim de uma zona com a China Town ali mesmo ao lado.

O Matias estava no carrinho e a ficar irrequieto, pelo que a Ketta ficou numa mesa de café à sombra e eu fui à procura do melhor ângulo (uma esquina, claro!). Cinco minutos depois de começar o desenho, surpreende-me a Veronica Lawlor! Também tinha vindo de Singapura para desenhar em Banguecoque. Sorrisos, conversa rápida, indicações de onde estavam os outros e toca a seguir com o desenho. Quando terminei o templo, parecia-me imperativo que um monge também viesse para o meu caderno. Tímido, mas simpático, lá percebeu que eu queria desenhar e permitiu.

No final, além da Veronica, ainda estivemos com o Luís Simões, o Pramote e outros urban sketchers de Banguecoque que se juntaram a nós. Parece que o Pramote tinha marcado um evento no facebook e, como eu ainda não aderi, não sabia de nada. Pelo menos fui o único a ter surpresas constantes durante o dia! :)

Então e não desenhaste o maior Buda de ouro do mundo? Claro que sim. Virá no post seguinte!

sábado, setembro 26, 2015

Alfabeto Lisboeta - técnicas


Como o primeiro Alfabeto Lisboeta correu tão bem, eu, o Zé Louro e a Ketta, andámos a cozinhar nestes meses um segundo alfabeto que trouxesse novidade a quem já desenhou tanto Lisboa e para os que estão ansiosos por começar!

De A a Z, vamos percorrer 26 técnicas de desenho, uma por cada letra. O programa deu luta, mas é mesmo aliciante!

No ano passado conseguimos ter uma das sessões em masterclass com a Marina Grechanik e, dependendo das inscrições deste ano, pretendemos convidar outro formador internacional.

No programa detalhado poderão ver os museus que vamos visitar, os materiais que estão incluídos (entre os quais um caderno Laloran de grande formato como nunca imaginaram!) e os locais de todas as sessões.

Continuamos com dois horários, mas com uma novidade: no Verão as sessões são semanais à quarta feira enquanto no Inverno serão quinzenais aos sábados.

Inscrições, calendário, dúvidas e programa detalhado: linhares.mr@gmail.com

sexta-feira, setembro 25, 2015

Mapa asiático


Aqui está a primeira página do meu diário de viagem. 
Curiosamente, todos os desenhos de Singapura foram feitos no caderno que estava a usar e, mal acabou o Simpósio, iniciei este caderno para começar a viagem. Talvez porque sinta que estive no Simpósio em trabalho, só a partir da viagem para Banguecoque é que começou a minha viagem a 3: eu, a Ketta e o Matias.

Os bilhetes de avião foram sendo acrescentados...

quarta-feira, setembro 23, 2015

Sketch walk Singapore

No último dia do Simpósio houve uma correria à melhor loja de artes de Singapura. O produto mais vendido foi a caneta Hero. Eu e a Ketta, como não podia deixar de ser, também comprámos uma. Com ela na mão, havia que experimentar e arriscar nas páginas do caderno (afinal de contas, é para isso que ele serve). Neste desenho, há como que um sentimento de criança que pega pela primeira vez numa caneta. Ora se rodava e pressionava ou então tentava-se perceber como é que a delicadeza passava para a linha preta. Experiências portanto...

 Tal como aconteceu em Lisboa, o que me parecia absolutamente mais fascinante eram as 400 pessoas vindas do mundo inteiro para desenhar juntas. Não conseguia tirar os olhos delas e toda a paisagem à volta me parecia desfocada. 
Continuei a experimentar a caneta Hero...

Estava uma francesa perto de mim a fazer uma aguarela lindíssima. Uns sentados, outros em pé com cavaletes, outros ainda a tirar fotografias à multidão de urban sketchers ali centrados e concentrados a desenhar.
O simpósio USk é uma experiência única e saímos de lá sempre com a sensação de que para o ano temos de estar lá de novo!

terça-feira, setembro 22, 2015

Shari Blaukopf Singapore watercolors

O trabalho da Shari em aguarela é tão bom que não podia desperdiçar a oportunidade de a ver a trabalhar e aprender com ela.


O primeiro exercício passava por compreender bem as manchas de maior luz, maior sombra e tons intermédios. Primeiro um esboço rápido a lápis e depois só com tons de azul. Muito interessante a forma como ela marca os brancos e como simplifica tudo em três layers de aguarela.


Depois dos estudos, teríamos de nos lançar a uma perspectiva mais complexa e usar as cores. "Começar pelos fundos e terminar nos negros" poderia ser o resumo sintético do workshop dela. No final ainda houve tempo para uns salpicos. Afinal de contas estávamos em Singapura! 

sexta-feira, setembro 18, 2015

Singapura a tinta da china



Depois de um workshop inacreditável com o Kiah Kiean em que nos pediu para expandirmos estendermos o nosso desenho e nos ensinou a fazê-lo, tentar colocar todo esse conhecimento em prática era um desafio brutal...

Situados no último piso do biblioteca pública de Singapura, parecia que o mundo inteiro estava ali à frente para ser desenhado. O Kiah Kiean, por ser canhoto, começa sempre o desenho da direita para a esquerda. Eu, por ser destro, comecei da esquerda para a direita. Devagarinho, a experimentar os materiais imprecisos (paus afiados à navalha) e com uma série de folhas soltas para encher, lá fui preenchendo o espaço em branco.

A liberdade de traço é incrível e fiquei mesmo fã. Vou repetir este processo mais vezes, experimentando diferentes paus e manchas.
Fiz alguns vídeos dele a trabalhar e a preparar os materiais. Deixo aqui este para aguçar o apetite!




Alguns dias depois, eu, a Ketta e o Matias, tínhamos de ir ver e desenhar a famosa Marina Bay de Singapura. A flor de Lótus que é um museu, aquele espécie de barco em cima de três torres, o passadiço, a arquitectura e tudo o mais por trás que ficou por ver e desenhar.
Peguei nas minhas ferramentas novas e, sem saber bem como, lá peguei nas folhas e comecei a desenhar. O tempo passou, fomos jantar, e chegámos já bem noite escura ao hotel...


O Matias dormia profundamente..

quinta-feira, setembro 17, 2015

Simpósio em Singapura


Estou, finalmente, de regresso a Portugal e já com um bocadinho de tempo para digitalizar desenhos.
Queria, há muito tempo, ver a Veronica Lawlor a desenhar e fazer um workshop dela. Quis o destino que isso acontecesse em Singapura. Foi muito desafiante e deu para perceber como é que ela chega a resultados tão inesperados e soltos. 
Sobre o conteúdo do workshop, a Fernanda Lamelas fez um resumo muito bom aqui, pelo que humildemente remeto-o para o blogue dela.



Passado uns dias encontrei a Veronica novamente em Banguecoque. Aí deu para vê-la a trabalhar como ela gosta: folhas soltas, muitos aparos diferentes, lápis de cor, tintas, etc, etc.
Só de a ver a trabalhar deu para aprender mais do que imaginava...

quarta-feira, setembro 02, 2015

Timor

Quase, quase de partida para casa, hoje estive a desenhar nesta praia paradisíaca em Díli.
Comecei com os pés dentro de água (que me dava um pouco acima dos calcanhares) e terminei já com água pelos joelhos...



Claro que o desenho ficou a léguas de distância da qualidade deste local....

sexta-feira, agosto 14, 2015

Rigor e balbúrdia



Quando não há muitos recursos e temos de partilhar materiais, neste caso as tintas e um pincel, há que pensar num momento comunitário de utilização de materiais, mais ou menos lúdico, e outro individual, de maior concentração e rigor.
Os restos de tinta que sobraram de um exercício que a Ketta propôs (por sinal muito bom), serviram para um momento de risos e boa disposição a espalhar e salpicar tinta para cima das páginas do caderno. 
Depois fomos à procura de conchas. Eram precisas três. Uma desenhava-se no dobro do tamanho, outra em metade e a última à mesma escala.
No final, roubávamos as conchas mais bonitas dos outros para enchermos mais a página a próprio gosto. Balbúrdia de novo entre nós e muitas risotas!

No meu caso, o resultado final ficou assim.

domingo, agosto 09, 2015

Jakarta



Jakarta é uma cidade de grandes contrastes. Nós estamos mesmo numa zona bem cheia de movimento de rua, com vendedores de tudo e mais alguma coisa, multidões sempre a caminhar de um lado para o outro, água suja a correr à beira da estrada, motas (muitas), carros, tuk-tuks e muitas casas de construção duvidosa. Curiosamente, a residência onde estamos é bem boa. Limpa e com pessoas simpáticas. Mas o que impressiona mesmo é que, caminhando 10 minutos, entramos numa zona chiquérrima que parece outro país.

Os contrastes são altíssimos nesta cidade!

sexta-feira, agosto 07, 2015

Batiks desenhados








Porque o desenho também se aplica noutros suportes, hoje passei o dia a fazer o meu próprio Batik. Estive lá o dia todo e o tempo voou. Impressionante......

quinta-feira, julho 16, 2015

A outra margem


Depois de muito tempo no mesmo local, é bom retirarmo-nos para a "outra margem", um local diferente que nos ajude a ter uma perspectiva distanciada das nossas rotinas para que o conhecimento microscópico que vamos alimentando todos os dias alargue um pouco os horizontes e se torne macro...

Na próxima semana vou para longe, para o outro lado do planeta. Vamos à terra da Ketta e por lá ficaremos até setembro...

terça-feira, junho 23, 2015

Cézanne e o 70x7



O incontornável Paul Cézanne (1839-1906) procurava insaciavelmente a essência das coisas, por isso, pintava o mesmo assunto várias vezes até à exaustão. O tema era tão simples que quase se podia tornar aborrecido: naturezas mortas, mais especificamente pratos com fruta.

Cruzar esta vontade inesgotável de pintar o mesmo assunto com a resposta dada a Pedro (antes de ser santo e de ser o primeiro Papa) por aquele galileu, filho de um carpinteiro, que falava aramaico e que marcou a história da humanidade, era o grande desafio: 70x7...
Não vou contar agora aqui esta história, nem vou escrever sobre a generosidade de Pedro ao pensar que 7 vezes era já uma imensidão. Setenta vezes sete é que é o grande desafio! Não para fazer contas, mas para não pensar sequer nisso, para não nos caber no entendimento...

Neste exercício, desenhar insistentemente o mesmo assunto, levou-me a entrar e desenhar por dentro o museu do cinema de Turim, sair e desenhá-lo por fora, de vários ângulos, até que, noutro dia, o comecei a ver noutros lados, refletido, fragmentado, distorcido, diferente e, por isso mesmo, menos óbvio...

Acho que é assim mesmo: a primeira visão é mais simplista, tal como as primeiras abordagens do Cézanne, mas depois, com a persistência, temos um vislumbre da essência e começamos aí a sua verdadeira procura!

domingo, junho 07, 2015

Fora da caravana


No retiro de diários gráficos, em Turim, um dos exercícios foi deambular pela cidade, construir o percurso imprevisível que as massas/caravanas não consegue. Como é que o fizemos? Entrando na caravana e saindo assim que nos apercebêssemos que algo faltava, o mais importante. Voltando atrás, deambulando, caminhando, procurando e registando com a lógica inesperada dos dadaístas…


cartografia sonora: Miguel Cordeiro

artigo completo aqui.

sábado, junho 06, 2015

Retiro de diários gráficos | Casa Velha


Em outubro de 2014 reservámos logo na agenda o fim de semana de 3 a 5 de julho de 2015 para o próximo retiro de diários gráficos em Ourém, na Casa Velha da Margarida Alvim.

Esta semana, o P. Nuno Branco e eu reunimos para preparar as entranhas deste retiro que se queria ainda mais desafiante e profundo. Uma viagem de Coimbra a Lisboa e uma manhã inteira a trabalhar juntos foram suficientes para chegarmos ao fumo branco. O próximo retiro de diários gráficos será o primeiro verdadeiramente preparado desde a génese por nós os dois. Preparem-se, porque isto promete...

As inscrições são para: projectocasavelha@gmail.com


Para quem não sabe o que é o retiro de diários gráficos, este artigo na Pastoral da Cultura pode ajudar...

segunda-feira, maio 25, 2015

Arqueologia etnográfica


Cada missionário deve compor um diário desde o dia da sua partida e durante todo o tempo que passa na missão. Este diário deverá conter notícias sobre o seu estado de saúde, as suas impressões da viagem, os seus feitos apostólicos, o progresso da missão à qual foi destinado, os costumes locais, notícias da geografia, etnografia, história natural, etc., e deverá enviá-lo, pelo menos, a cada seis meses ao superior geral.
(Regulamentos Instituto Missionário da Consolata, 1901, p. 34)

E em 1902 partiram os primeiros quatro missionários em direção ao Quénia, enviados pelo fundador José Allamano.
Uma aventura que ainda hoje dura. Em 2013, tive a oportunidade de ler o diário da missão de Marandallah, na Costa do Marfim. Este ano, a assombrosa possibilidade de desenhar alguns dos milhares de objetos que os missionários foram trazendo das missões desde o início do séc. passado. Foi uma impressionante viagem na história, à procura da nossa etnografia pessoal.

Tudo isto no retiro de diários gráficos deste ano, em Turim. 
O próximo já está a ser sonhado...

quarta-feira, maio 06, 2015

o caderno


O caderno é assim mesmo: o local privilegiado para fazer isto tudo sem medo de errar...