sábado, junho 04, 2016
Wax Print - batik
A letra W do Alfabeto Lisboeta está dedicada a uma técnica que aprendemos na Indonésia.
São três sessões divididas na preparação do desenho, colocação da cera e, finalmente, impregnação da cor.
A logística é complexa, mas os materiais são de luxo: vieram de propósito de Jakarta.
Estamos a pensar fazer este workshop mais uma vez, para aqueles que não se inscreveram no Alfabeto, mas querem aprender.
Para já, fica este vídeo e algumas fotografias do ano passado com o trabalho da Ketta.
Lisistrata
Dia 2
(2ª parte)
No dia anterior, no percurso pelo interior da Giudecca, encontrámos este cartaz a promover uma performance de actores ao improviso sobre a obra de Aristofane, Lisistrata.
- Devíamos ir. Ainda por cima é gratuita!
- Sim, temos de perguntar onde fica o Centro Cultural.
Fotografámos o cartaz para não nos esquecermos.
A sala era pequena e tinha, sobretudo, amigos e familiares na plateia.
A peça começou com o narrador acompanhado pelo som da harpa.
A história baseia-se na importância do papel da mulher: enquanto os homens não terminassem a guerra, elas recusavam-se a fazer amor com eles.
E conseguiram!
Este segundo dia terminou com um jantar à beira mar, com vista para Veneza, a fazer desenhos enquanto esperávamos por três pizzas maravilhosas.
No dia seguinte chegava a Simonetta. Começavam também as montagens exteriores do pavilhão português para a Bienal. Havia que descansar bem para estarmos frescos para desenhar no dia seguinte, mas esta noite revelou-se difícil... quando o despertador tocou de manhã, o Zé disse com voz bem alta:
- Epá, eu não dormi!
Não sei se foi da pizza ou do vinho, mas eu também não dormi nada bem nesta noite...
quinta-feira, junho 02, 2016
Where Alvaro meets Aldo
Dia 2
(1ª parte)
Era domingo e o objectivo era darmos um workshop de diários gráficos para as pessoas de lá.
- O que é que vamos fazer? Perguntavam-me a Benedetta e o Zé.
- Vamos divertir-nos e tentar ajudar os outros a perceberem como é bom desenhar o que nos rodeia.
Apareceram muito mais pessoas do que imaginávamos. Entregámos os cadernos e os lápis de cor. Lançou-se o desafio: entrever o edifício do Alvaro Siza através dos outros e desenhar isso mesmo.
Depois de almoço fomos para o cais. A proposta era desenhar pequeno a vista da Giudecca e de Veneza e depois adicionar elementos por cima numa escala maior.
Uma das surpresas do workshop foi a presença de família da Ketta. Tios e uma prima: o Vittorio, a Esmeralda e a filha Speranza estão a viver em Veneza e apareceram. A Speranza é uma menina muito dotada e cheia de talento, apesar de ainda ser muito nova. Aprende como uma esponja, ouviu tudo o que lhe disse com atenção, fala inglês, italiano, espanhol e percebe português. Desenhou que se fartou. É muito bom poder ensinar a quem está disposto a aprender!
À noite, fomos os três jantar a casa deles (linda a casa!) e ainda nos brindou com uma pequena actuação de clarinete. Bebemos 3 garrafas de vinho, conversámos tanto, tanto, tanto que só houve tempo para a desenhar a tocar.
Caminhámos depois dos Giardini depois até ao Campo S. Maurizio e vínhamos os três bem alegres! Brindámos, claro, à amizade, aos desenhos, a Veneza.
quarta-feira, junho 01, 2016
Giudecca
Dia 1
(3ª parte)
No Campo del Santissimo Redentore fica a igreja homónima, mandada construir no séc. XVI para honrar uma promessa feita durante uma praga que assolou a Sereníssima. A obra é assinada pelo famoso Andrea Palladio. Entrámos e deslumbrámo-nos com o interior, que está cheio de obras do Veronese, Tintoretto e Bassano...
Disse-nos mais tarde a Simonetta que se faz uma procissão muito importante em Veneza a partir deste pequeno cais: juntam-se vários barcos a servir de ponte entre esta margem e a outra (é bem longe), para que a procissão possa passar e ligar esta Chiesa del Santissimo Redentore à Chiesa Santa Maria del Rosario (Gesuati).
Realmente, Veneza é outro mundo...
Realmente, Veneza é outro mundo...
O Zé sentou-se na escadaria e eu fui desenhar para junto da margem.
Entrámos depois para dentro da Giudecca, à descoberta da vida de bairro, já mais ao final do dia, até encontrarmos outros projectos brilhantes de renovação arquitectónica e, sobretudo, uma praça com um restaurante cheio de famílias italianas: era o Campo Junghans.
- Vamos comer aqui.
E assim foi. Naquele momento, tirando três senhoras inglesas de idade respeitosa, eu e o Zé éramos os únicos não italianos naquele lugar. Por momentos parecia que se estava no interior de Itália, em local nada turístico, longe das massas. Fizemos o pedido e, enquanto esperávamos, desenhámos livremente...
Chegámos a casa tarde, alegres e muito cansados.
Tinha acabado o primeiro dia.
terça-feira, maio 31, 2016
Projectos
Domingo passado fui levar à loja da Fnac de Cascais duas serigrafias da panorâmica de Lisboa vista do Aqueduto de Águas Livres de Campolide. Assim emolduradas parecem tão profissionais...
Lembro-me bem do dia em que este desenho foi feito. Num sábado dedicado inteiramente a desenhos para o livro de Lisboa. Pelas 19h30, estava marcado um jantar em Campo de Ourique com o Richard Câmara e a malta dos desenhos. Tinha o Zé Louro à minha frente e ele perguntou-me como é que estava a correr. Respondi que esse dia tinha corrido bem...
Mal sabia eu que um ano depois estaria com uma série limitada de serigrafias emolduradas à venda na Fnac!
Dia 13 de junho vou estar, novamente, na Feira do Livro de Lisboa, da parte da tarde, a autografar livros. A editora utilizou o meu desenho do miradouro de S. Pedro de Alcântara (aquele que deu origem à capa do livro de Lisboa) para forrar a banca. Sou suspeito, mas acho que ficou fantástico!
Veneza vista da Giudecca
Dia 1
(2ª parte)
Saindo pela Calle Michelangelo chegava-se à estação fluvial Zitelle e a vista era esta...
Sentei-me no final do passeio, com as pernas a cair para a água e não resisti mais. Com a Giudecca nas costas foquei-me nos campanários da Chiesa di Santa Maria del Rosario (Gesuati) e comecei por aí o desenho. Deixei a caneta passear fluentemente pela página e, das torres passei para a cúpula (adoro que se diga duomo em italiano), depois para os telhados do lado direito, pontos para as janelas, até chegar à torre da Piazza S. Marco. O palácio dos Doges ficava ali logo à direita e, olhando de novo para o desenho, sentia falta de algo à esquerda. Parecia-me demasiado vazio...
Entretanto começa a vibrar o telefone. Era o Zé a chamar:
- Sim? (os italianos respondem pronto!? quando atendem o telemóvel - lindo!)
- Onde é que andas?
- Estou junto à água, a desenhar.
- Mas junto à água onde? Para que lado? Como é que se vai aí ter?
- Estou mesmo junto à estação Zitelle. Faz o caminho de volta. Não tem nada que enganar.
- Epá, não sei se consigo ir aí ter.
- Bolas Zé, é só fazer o caminho de volta!
- Ok, ok, vou tentar.
Ora aqui estava algo que desconhecia do Zé Louro: falta de orientação geográfica. Eu estava a uns 100 metros dele, separados por uma rua direita, mas ele achava que se ia perder!!
Chegou, finalmente, a olhar para todo o lado menos para onde eu estava, acenei-lhe e lá nos encontrámos!
No entretanto tive tempo de fazer um pouco mais de desenho à esquerda da cúpula.
No entretanto tive tempo de fazer um pouco mais de desenho à esquerda da cúpula.
Fomos depois um pouco mais para a direita, sentámo-nos no chão para desenhar e lembrei-me da ordem da Ketta: faz um em folhas soltas para pendurarmos cá em casa.
Tirei as folhas de 220 gr, o pau de madeira e a tinta da china e lancei-me à mesma vista.
Já está a ser emoldurado.
Sábado passado fui levantar duas serigrafias com moldura para ficarem à venda na Fnac (sim, a loja de Cascais está a vender as minhas serigrafias de Lisboa) e aproveitámos para levar estas duas folhas A3 de papel com 220 gr. Agora já é possível viajar até Veneza nas paredes da nossa casa...
domingo, maio 29, 2016
Veneza: Giudecca de Siza Vieira
Dia 0
Aterrámos em Veneza a 20 de maio à noite. Não fiz desenhos no avião. De alguma forma, parecia que me estava a poupar para o desgaste imenso que estava para vir...
Dia 1
(1ª parte)
Logo de manhã, fomos à estação fluvial do Rialto para a Benedetta pedir um recibo do passe de 6 dias de Vaporetto, pois havia que justificar todas as despesas.
Tudo em Veneza nos prende o olhar. Dizia o Zé Louro: "isto é cada tiro, cada melro". E respondia eu: "é que nem é preciso disparar, basta apontar". É cada canto, cada esquina, cada janela. Dá vontade de desenhar tudo, trazer tudo, memorizar tudo...
Enquanto esperávamos pela Benedetta, comecei com pequenos desenhos rápidos. Tudo fugaz, inacabado, como que a tentar guardar a água nas mãos e vê-la a desaparecer entre os dedos...
Ao almoço fiquei em frente à Benedetta e, enquanto o meu spaghetti al denti era preparado, desenhámo-nos um ao outro, pois claro!
Estávamos já na Giudecca, mesmo ao lado do edifício do Siza.
Eu ia muito impressionado com o facto do nosso Siza Vieira ter um projecto em Veneza. Como é que tinha sido possível? Pensava que Veneza era Veneza e não se podia mexer em nada...
Tive de ir investigar! Parece que foi convidado no início dos anos 80 a entrar num concurso para a zona da Giudecca. Os edifícios que lá estavam tinham sido construídos na altura do Mussolini, de forma temporária, com materiais pobres e espaços de habitação reduzidos. O plano desse concurso era demoli-los e construir novos, proporcionando maior qualidade de vida aos habitantes. Era, portanto, um projecto já com escala de planeamento urbano...
E o Siza ganhou o projecto! Estávamos em '83 e ele fez surpreendeu ainda mais: convidou os outros arquitectos que tinham entrado no concurso a fazer equipa com ele na execução de cada quarteirão.
Com toda esta história, queria que o meu primeiro desenho fosse feito a partir do edifício do Aldo Rossi. Procurei uma vista que funcionasse com o título da exposição e coloquei-me num vão interior com vista para a obra do Siza...
Tinha-me preparado em casa e sabia que esta esquina era muito especial. O último piso tem uma varanda que quebra a aresta vertical do edifício. É um pormenor, mas é daqueles pormenores...
Andei de roda do estaleiro da obra onde está a ser construída a continuação do projecto. Não se via quase nada e tudo à volta parecia lutar com a minha atenção. Tentações imensas, vistas incríveis de janelas, barcos, cúpulas, torres, palácios. Sentia-me um profissional que sabe o que tem de fazer e não se distrai com nada...
Entrando no estaleiro, descobri o caminho utilizado para descarregar entulho e carregar materiais. Tiveram de derrubar o muro do terreno vizinho para que a obra seja feita. Tudo é trazido de barco, o que é mesmo impressionante...
Dali, a meio do caminho, o nome da exposição portuguesa fazia ainda mais sentido: Where Alvaro Meets Aldo. Os dois blocos do Aldo Rossi, com a cobertura curva, faziam um belo contraste com a plana do Siza.
A vontade de entrar nas casas para conhecer as pessoas ia crescendo, mas sentia também que esta abordagem de "fora para dentro" era a mais certa e menos invasiva...
Já se estava a meio da tarde, mas, no que diz respeito a desenhos, o dia ainda ia a meio!
sexta-feira, maio 20, 2016
A caminho de Veneza
É com desenhos de Veneza feitos em 2014 que me preparo para viajar novamente para a Sereníssima!
A 20 de abril de 2014, guiado pelo mote "se achas um tesouro, deixa-te encontrar", fui dar a um dos locais que mais queria desenhar: o campo (praça) onde se encontra a escultura de Bartolomeo Colleoni, feita por Andrea Verrocchio.
Tinha estudado nas Belas-Artes a influência que esta escultura teve no nosso grande Machado de Castro quando preparou a de tributo ao D. José I, que está no Terreiro do Paço.
Não sabia onde ficava (normalmente não me preparo como um turista para visitar locais obrigatórios), mas andava atento à procura...
Assim que entrei na praça, percebi logo que algo mágico tinha acontecido: encontrei-a!
O que me leva a Veneza é, talvez, um dos desafios maiores que tive até hoje: desenhar as vidas que habitam a arquitectura social do Siza Vieira em Veneza. Não só isso, como todo o ambiente do Campo di Marte.
O convite veio do diretor geral das Artes. Levei o meu caderno de 2014 com estes três desenhos que mostram a casa dos Baccichetti e eis que se fez um "clique"!!
Com a possibilidade de convidar mais um português e dois italianos, telefonei ao José Louro (para mim, um dos tops a desenhar em Portugal) e ele alinhou na aventura. De seguida enviei mails para a Simonetta e para a Benedetta. Tutto a posto!
Apanhamos hoje o avião para Veneza.
Domingo vamos dar um workshop gratuito de diários gráficos para os habitantes do bairro em cadernos da Emílio Braga e lápis de cor da Viarco.
Nós os quatro desenharemos em cadernos Laloran de formato quadrado em dimensão especial.
Facebook do evento aqui.
Vai começar uma grande aventura!
quinta-feira, maio 19, 2016
Rosto de Cão - S. Roque
Depois desta história e, passados uns dias, já sabia escrever bem o nome da terra.
Era o primeiro domingo depois da Páscoa.
Dia de regresso a Lisboa.
Último desenho nos Açores com a linha do horizonte bem lá no alto, como quem anseia olhares mais longínquos!
quarta-feira, maio 18, 2016
Miradouro
Lancei-me a desenhar os verdes e ficou um borrão imperceptível.
Que desastre - pensei eu - mas não vou desistir!
Ao meu lado estava sentado o Matias que, entretido com as canetas, enchia uma dupla página com cores variadas e despreocupadas. Veio entretanto a Luísa e ficou ali a brincar/desenhar com ele enquanto eu fui à procura de outros pontos de vista.
Desenhei a estrutura do miradouro (que parece ter sido antes um moinho de vento) em cima e depois por baixo. Escrevi o nome do miradouro em cima, no espaço em branco que ainda lá estava.
Assim andam as páginas do meu diário gráfico...
terça-feira, maio 17, 2016
segunda-feira, maio 16, 2016
Ponta Delgada
Dou-me conta, vezes sem conta, de que vivemos num tempo muito especial.
Poder desenhar e ensinar desenho é um luxo incomum deste tempo.
Gastar o nosso tempo a observar o que nos rodeia e a registá-lo num caderno é ainda mais especial...
Dizia um monge da idade média: "o silêncio é o mistério do mundo que está para chegar".
domingo, maio 15, 2016
Lagoa do Fogo
Na Lagoa do Fogo, num dia de ventania digna de registo, esforcei-me para entrar na leitura em que Pedro nega Jesus 3 vezes. Como é que nego o meu próprio desenho?
Desci até ao nível zero da Lagoa e fiquei ali mesmo junto à água. Foi uma caminhada e tanto, mas a tranquilidade que se sentia ali nem fazia lembrar o temporal lá de cima.
A percepção da Lagoa é completamente diferente. Enchi o depósito de água do pincel e aguarelei o resto dos meus desenhos nos Açores com água da Lagoa do Fogo!
Entretanto começou a chover e as gotas destiladas da chuva marcaram as manchas de aguarela que tinha acabado de fazer. Fechei o caderno e comecei, rapidamente, a subir a "montanha". Meu Deus, que esforço físico que foi. Descer tinha sido muito mais fácil! Cheguei ofegante e demorei algum tempo a recuperar...
sábado, maio 14, 2016
No topo da Lagoa do Fogo
Depois de ir buscar a Emmanuelle ao aeroporto, como estava um dia lindo, fomos à Lagoa do Fogo. A vista era impressionante lá de cima. Olhei para o lado e via-se quase toda a ilha rodeada pelo oceano Atlântico. Escrevi:
Quando penso no momento em que estas ilhas foram criadas só consigo imaginar o mistério. Vê-se muito bem cada boca do vulcão que ajudou a criar e unificar a ilha de S. Miguel. Vêem-se muito bem as duas cidades principais: Ponta Delgada e Ribeira Grande, o modo como os portugueses foram ocupando a ilha, preservando o interior que ficou com a geografia natural de há milhões de anos.
É um privilégio estar aqui e contemplar esta beleza. É uma benção enorme poder partilhar com outros a minha vida sem segredos. É isso que me tem feito!
sexta-feira, maio 13, 2016
Furnas
Há coisas que não dão para desenhar. Os cheiros são uma delas.
Na Lagoa das Furnas, na ilha de S. Miguel, perguntei à senhora que me vendeu um pão Lêvedo se gostava de viver ali, com o cheio a enxofre, no coração de um vulcão activo...
Deu uma gargalhada e disse (em sotaque açoreano):
Ó senhô, estê muite más segûre aquî do que no mei daquêles maluqes tôdes cume em Bruxêls.
Sorri e disse-lhe: É bem verdade!
quinta-feira, maio 12, 2016
Rabo de Peixe
Ir a S. Miguel e não ouvir falar de Rabo de Peixe é coisa rara.
Estava uma ventania danada, chuva e muito frio. Ainda assim, eu, a Ketta e o Miguel fomos até lá. Estacionámos, demos uma volta, o Miguel comprou um vestido "à marinheira" para a mulher e voltámos para a carrinha. Eu voltei a sair e dei por mim abrigado da chuva à porta da igreja, a desenhar o que podia, colocar aguarela no meio de uma humidade sem fim e ficou assim...
quarta-feira, maio 11, 2016
Alexandra Baptista
O meu amigo Zé costuma dizer: "o caderno é para estragar".
Cada vez estou com mais vontade de entrar nesta onde dele. Escrevo por cima dos desenhos. Coloco a cor à bruta. Desenho à pressa com canetas mais grossas. Desenho com outra cor por cima de outros desenhos, mas ainda não consegui a pureza que ele consegue...
Neste dia, em pleno Largo da Matriz, em Ponta Delgada, encontrei-me com a Alexandra Baptista dos USk Açores e desafiei-a para um retrato.
É muito bom ver como ela consegue contagiar os alunos com o diário gráfico, sempre com experiências novas, um verdadeiro laboratório plástico, uma inspiração. Este sábado ela vai dar uma formação em Lisboa. É a não perder!
Se conseguir passo lá!
terça-feira, maio 10, 2016
Mãe de Deus em Ponta Delgada
Último exercício do retiro do 1º grupo.
Havia que fazer um balanço e, como nem tudo é desenhável, a escrita apoderou-se do meu caderno.
Fui estacionar a carrinha no alto da mãe de Deus. O Pedro RF foi atrás de mim para estacionar o Opel. Subimos e a vista abriu-se. Para quê descer?
Enquanto desenhava, o Sr. Vítor Tavares aproximou-se de mim. Meteu conversa e acabou desenhado. Pediu-me para tirar uma fotografia ao desenho, mas o tlm dele não tinha câmara. Foi o Pedro RF que me emprestou o tlm para a fotografia. Enviou-se um sms, mas deu erro. Acho que nunca chegou a receber a fotografia. Nessa altura, o texto ainda não estava lá.
Desci as escadas para trocar com a Ketta. O Matias dormia na carrinha e era a minha vez de ficar com ele. Enquanto dormia, vagueei pelas palavras e fui fazendo o meu balanço.
Talvez tenha escrito demais, não sei, mas agora ficou assim...
segunda-feira, maio 09, 2016
Gorreana
É difícil apanhar a riqueza cromática dos verdes dos Açores.
Chegando às plantações de chá da Gorreana, o desafio é ainda maior...
Enquanto desenhava a máquina de secar as folhas de chá, um casal espanhol aproximou-se e estivemos à conversa uns largos minutos. O resumo de tanta palavra trocada seria:
"Esperemos que os turistas não destruam este espírito autêntico que ainda encontramos nos Açores."
domingo, maio 08, 2016
Flaf
parte de trás do cartão de apresentação do Florian Afflerbach
Sempre que posso compro os projectos artísticos dos meus amigos. Em 2012 eu e a Ketta fizemos uma troca com o Florian Afflerbach e, nunca como agora, este jogo de cartas dele fez tanto sentido.
Estou chocado, desde 6ª feira, quando recebi uma mensagem do Gabi a avisar que o nosso amigo tinha morrido num trágico acidente de viação.
Conheci-o em 2011 no Simpósio de Lisboa.
Fui à procura e encontrei esta entrevista que fizemos para o apresentar no blogue.
Lembro-me muito bem do caderno A3 dele que, aberto, fazia um A2. Das composições na página. Do espaço em branco. Do rigor alemão, mas com sorriso fácil.
Volta e meia trocávamos emails. Tínhamos a mesma idade.
Em Manchester temos de fazer-lhe uma homenagem. É incontornável...
sábado, maio 07, 2016
Saídos da prateleira
Hoje vou estar em Évora para apresentar o trabalho que tenho desenvolvido nos últimos anos sobre o espiritual no desenho.
Quando se tem muito para dizer e desenhos para mostrar, há que procurar a sabedoria de escolher as palavras certas para transmitir o que é verdadeiramente importante.
Dividi a apresentação em quatro partes: uma mais teórica e depois exemplos de três exercícios, respectivos enunciados e conclusões.
Fui à prateleira dos cadernos para escolher os certos para mostrar.
Saíram da escuridão estes desenhos de Turim, feitos em 2015.
O Santuário da Consolata foi onde o P. José Allamano foi reitor e onde percebeu que tinha de fundar os Missionários da Consolata. Grande e santo homem!
Turim é uma cidade onde não me importava de viver durante uma temporada.
Acredito mesmo que um dia isso acabará por acontecer...
sexta-feira, maio 06, 2016
Lagoa do Fogo
Chovia muito
e o vento era exagerado.
O nevoeiro rodeava-nos como que a brincar
e a fazer imperar o seu arrepio na espinha.
Se aspirar às coisas do alto,
É assim tão intempestivo,
Só dá para lá ir espreitar
E guardar o vislumbre.
quinta-feira, maio 05, 2016
Ligar o céu e a terra
Ligar o céu e a terra no mesmo desenho.
Dito assim, e sendo o título de um exercício, o mais óbvio seria desenhar a terra e o céu...
Mas não, o que liga o céu só podem ser as pessoas e não a linha do horizonte...
Entre os vários textos de apoio estava este:
Entre os vários textos de apoio estava este:
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Álvaro de Campos
Depois de desenhar o Sr. Manuel da Cunha, no mesmo banco, a apanhar Sol, estavam estes homens todos. Foi um fartote de ligações entre o céu e a terra, entre todos os sonhos do mundo... que nada significavam, mas que tudo significavam...
quarta-feira, maio 04, 2016
"Rusto" de Cão - S. Roque
- Aquiê Ruste d'cã - Sã Roque
- Como?
- Ruste d'cã - Sã Roque
- Pensava que era apenas São Roque...
- Nã, Ruste d'cã - Sã Roque.
Escrevi o melhor que consegui do que percebi: Rusto de Cão - S. Roque.
Mais tarde, em conversa com a Alexandra Baptista, percebi que deveria ter escrito "Rosto de Cão - S. Roque"!! Claro, agora faz sentido, mas na altura não conseguia transformar o som ûûû num ó. Esta pronúncia açoreana é difícil...
Parece que havia ali uma rocha no mar que, vista de determinado ângulo, fazia lembrar o rosto de um cão. Entretanto parte da rocha desfez-se e já não lembra o fiel amigo de quatro patas. Ficou o nome...
Nesse dia estive à conversa com o Sr. Manuel da Cunha. Trabalhou 32 anos na marinha mercante. Passava mais tempo no mar do que em terra. Hoje está reformado e não tem saudades do tempo do mar. Veste-se de preto. É uma simpatia e de conversa fácil.
terça-feira, maio 03, 2016
26 de março
Tenho tido a sorte do meu aniversário calhar quase sempre quando estou a viajar.
Também tenho a sorte do meu aniversário ser no mesmo dia dos USk Portugal. Tudo começou em 2009, já lá vão 7 anos e tanta coisa mudou. Basta ver a dinâmica do grupo. Nunca imaginei, quando eu e o Eduardo transformámos o blogue de um workshop nos Urban Sketchers Portugal, que iam ser o que são hoje. Há muitos detalhes que ainda estão ocultos. Horas passadas a fio um com o outro a pensar coisas em grande para o grupo. A organização do Simpósio em 2011 e a mudança agora para outras lideranças. Enfim, um dia, quando for velhinho, lá colocarei tudo em papel...
Este ano, a 26 de março, estava em Ponta Delgada, na ilha de S. Miguel, Açores.
O tema era o do 3º dia. As diferenças entre o 1º, o 2º e o 3º dias, e como o desenho podia mostrar essas três camadas de entendimento: confusão, maturação, entendimento.
No texto que o P. Nuno Branco nos entregou, estava esta frase: "o 3º dia é mais do que uma data".
Eu, a pensar no meu aniversário, sentia isto mesmo. A minha vida é mais do que uma data... ou um espaço temporal entre datas...
Dia 26 de março foi o dia da Vigília Pascal.
Optei por desenhar durante as leituras, que foram 5, e escrever o refrão do Salmo enquanto era cantado. Na Vigília celebra-se a ressurreição. Não é uma vida nova, é mesmo a ressurreição. Tão difícil de entender que só se pode mesmo confiar que a nossa vida está carregada de sentido e que não estamos cá por acaso. Eu acredito nisso mesmo.
segunda-feira, maio 02, 2016
S. Miguel
Não sei bem o que escrever sobre este desenho.
Parte foi feita na lagoa das sete cidades.
Outra parte foi feita na marina de Ponta Delgada.
Tudo inacabado...
domingo, maio 01, 2016
Via sacra no Livramento, Açores
Na sexta feira santa, aquela mesmo que antecede o domingo de Páscoa, costuma caracterizar-se pela realização de uma via sacra em cada terra que tem uma paróquia.
Nos Açores, durante o retiro e depois de jantar, lá fomos nós para a as ruas da freguesia do Livramento para participar/desenhar a via sacra.
Era escuro e tudo acontecia muito rápido. Os jovens tinham as estações muito bem preparadas e, curiosamente, parava-se em locais perfeitamente banais - entrada de uma garagem, passeio da estrada, janela de uma casa - onde cada família tinha preparado um pequeno nicho sobre o tema de cada estação.
Fui desenhando o mais rápido que podia. Entre caminhadas, músicas, perguntas, olhares, esta foi, provavelmente, uma via sacra de que nunca mais me vou esquecer...
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